EUA apresentam projeto de resolução à ONU a apelar a um "cessar-fogo imediato" em Gaza
Pela primeira vez desde o início da guerra, os Estados Unidos apresentaram um projeto de resolução aos membros do Conselho de Segurança da ONU, apelando a um "cessar-fogo imediato associado à libertação de reféns" em Gaza. O anúncio foi feito pelo secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, que iniciou uma visita o Médio Oriente para discutir um plano pós-guerra. Blinken diz que as negociações para um cessar-fogo e libertação de reféns estão "cada vez mais próximas" de um acordo.
Uma resolução desse tipo enviaria um "sinal forte", acrescentou Blinken, que, durante um encontro com o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salmane, sublinhou o compromisso de Washington com uma "solução duradoura para a crise" e com a criação de um "futuro Estado palestiniano" que ofereça garantias de segurança a Israel, de acordo com o Departamento de Estado norte-americano.
Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, os Estados Unidos vetaram várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU que apelavam a um cessar-fogo imediato e duradouro.
No entanto, nas últimas semanas, Washington aumentou a pressão sobre o seu aliado Israel para que se alcance um acordo para uma trégua, ao mesmo tempo que insiste que os militantes do Hamas devem libertar imediatamente os reféns capturados durante os ataques de 7 de outubro.
"É claro que apoiamos Israel e o seu direito de se defender, mas, ao mesmo tempo, é imperativo que nos concentremos nos civis que estão em perigo e a sofrer tão terrivelmente e que façamos deles uma prioridade”, disse Blinken.
As autoridades norte-americanas têm estado a negociar um texto alternativo desde que bloquearam um projeto de resolução da Argélia, no final de fevereiro, que apelava a um “cessar-fogo humanitário imediato” em Gaza.
Segundo fontes diplomáticas, projeto da Argélia, centrado no apoio a uma trégua de seis semanas em troca da libertação de reféns, tinha poucas hipóteses de obter aprovação.
Uma nova versão, consultada pela AFP, sublinha “a necessidade de um cessar-fogo imediato e duradouro para proteger os civis de todos os lados, permitir a entrega de ajuda humanitária essencial e aliviar o sofrimento, em conjunto com a libertação dos reféns ainda detidos”. Ainda não há data prevista para a votação do novo projeto.
Negociações estão “a aproximar-se” de um acordo, diz Blinken
As negociações para um cessar-fogo foram retomadas esta semana no Catar, depois de Israel ter voltado a rejeitar uma proposta do Hamas na semana passada. As partes estão a discutir uma trégua de cerca de seis semanas que permitiria a libertação de 40 reféns israelitas em troca de centenas de palestinianos detidos em prisões israelitas.
No entanto, as negociações têm estado num impasse já que o Hamas afirma que libertará reféns apenas como parte de um acordo que poria fim à guerra, enquanto Israel afirma que discutirá apenas uma pausa temporária.
Apesar disso, o secretário de Estado norte-americano está otimista e afirma que as negociações estão “a aproximar-se” de um acordo.
“Acho que as disparidades estão a diminuir e acho que um acordo é muito possível”, disse Blinken na quarta-feira.
Israel garante ter morto 140 militantes do Hamas no hospital Al-Shifa
A ofensiva militar israelita está agora centrada no hospital Al-Shifa, o maior e o único hospital funcional em Gaza.
Israel garante ter morto 90 terroristas do Hamas nas últimas horas no ataque ao hospital, mas o Governo palestiniano diz que as vítimas eram, na sua maioria, civis, doentes internados e pessoas deslocadas.
Enquanto as tropas israelitas continuam a operação no hospital, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu revelou, na quarta-feira, que continua "determinado a levar a cabo uma invasão terrestre da cidade de Rafah", no sul da Faixa de Gaza - onde muitos palestinianos deslocados se encontram abrigados.
No total, as forças israelitas dizem ter morto 140 combatentes do Hamas no hospital Al-Shifa desde que lançou o ataque, na segunda-feira.
Nas últimas 24 horas, 65 palestinianos foram mortos e 92 feridos em ataques israelitas nas últimas 24 horas. Segundo o comunicado do Ministério da Saúde de Gaza, divulgado esta quinta-feira, desde o início da guerra já morreram 31.998 palestinianos e há mais de 74 mil feridos.