Funcionários dos serviços secretos norte-americanos acusaram hoje o portal de notícias financeiras Zero Hedge de amplificar propaganda do Kremlin e alegaram que cinco meios de comunicação social que visavam ucranianos receberam indicações de espiões russos.
Os responsáveis, que falaram à Associated Press sob condição de anonimato, disseram que a Zero Hedge, com 1,2 milhões de seguidores na rede social Twitter, publicou artigos criados por meios de comunicação controlados por Moscovo que posteriormente foram partilhados por outros meios e pessoas que desconheciam o vínculo com os serviços secretos russos.
No entanto, os funcionários não revelaram se achavam que a Zero Hedge sabia de quaisquer ligações a agências de espionagem e não alegaram ligações diretas entre o `website` e a Rússia.
Por seu lado, a empresa negou as alegações e disse que tenta "publicar um amplo espetro de opiniões que cubram os dois lados de uma determinada história".
Este foi o último esforço da administração do Presidente Joe Biden para divulgar as descobertas dos serviços secretos norte-americanos sobre a atividade russa que envolve a Ucrânia, parte de uma ação concertada para expor movimentos do Presidente russo, Vladimir Putin.
Anteriormente, os funcionários norte-americanos tinham acusado Putin de planear uma operação de "bandeira falsa" para criar um pretexto para uma nova invasão da Ucrânia e descreveram em pormenor o que acreditam ser a fase final dos preparativos para um ataque.
Porém, não é claro se os esforços dos EUA estão a mudar o comportamento de Putin e, sem divulgar mais provas das suas descobertas, Washington tem sido criticada e recordada das falhas dos serviços secretos no passado, tais como as alegações entretanto desacreditadas de que o Iraque, antes da guerra, possuía armas de destruição maciça.
A Zero Hedge tem criticado duramente Biden e publicado artigos sobre alegações de irregularidades cometidas pelo seu filho Hunter. Embora mais conhecido pela cobertura dos mercados e finanças, o `website` também faz cobertura política com uma inclinação conservadora.
Nos últimos meses, tem publicado numerosos artigos que acusam os EUA de fomentar o pânico sobre a Ucrânia, alguns dos quais estão listados como tendo sido escritos por pessoas filiadas na Fundação Cultural Estratégica, um grupo de reflexão considerado pelo EUA como parte do Estado russo.
A administração Biden colocou sanções à fundação no ano passado, por alegadamente ter participado na interferência da Rússia nas eleições norte-americanas de 2020, e alguns funcionários dos serviços secretos alegam que os líderes da fundação recebem indicações do SVR, o serviço russo de inteligência estrangeira.
Os artigos recentes listados como sendo da autoria da fundação e publicados pela Zero Hedge incluem os títulos: "NATO vai em direção à guerra com a Rússia na Ucrânia", "Norte-americanos precisam de uma teoria da conspiração com a qual todos possam concordar" e "Teatro do absurdo... Pentágono exige que a Rússia explique tropas em território russo".
Numa resposta por mensagem eletrónica, o `website` disse que "não existe qualquer relação entre a Fundação Cultural Estratégica (ou o SVR) e a Zero Hedge".
"Além disso, esta é a primeira vez que ouvimos alguém alegar que a fundação está ligada à propaganda russa", disse ainda o Zero Hedge.