Especial
Funeral de Pinto da Costa, líder histórico do Futebol Clube do Porto

EUA abrem caminho a recuo na saúde dos americanos com confirmação de Robert F. Kennedy

por Paulo Alexandre Amaral - RTP
Foto: Allison Dinner - EPA

O advogado ambiental Robert F. Kennedy Jr., sobrinho do presidente JFK e filho de Robert Kennedy, conhecido pelas suas posições anti-vacinas, continuou esta tarde a ser ouvido no Senado norte-americano para confirmação como secretário da Saúde da Administração Trump. Vários senadores democratas já manifestaram graves preocupações com o recuo nos direitos das mulheres, proteção na saúde e ambiguidades sobre o programa de vacinação dos americanos com a nomeação de Robert Kennedy.

Sem variações à música que tem sido tocada nas confirmações dos nomes apontados pelo presidente Donald Trump para a sua equipa, também Robert F. Kennedy é visto como uma escolha controversa face aos seus posicionamentos no passado no que respeita às questões da saúde e cuidados médicos.

Robert F. Kennedy Jr., escolhido por Trump para liderar a principal agência de saúde norte-americana, foi atacado pelas suas visões anti-vacinas durante a audiência de confirmação no Senado, esta quarta-feira. Sob fogo dos senadores democratas, numa sessão pontuada pelos aplausos da audiência republicana durante as suas intervenções, Kennedy seria confrontado com o abraço às teorias da conspiração contra uma medicina fundamental para a vida.

Logo na declaração de abertura antes da audiência, o senador democrata Ron Wyden acusou Trump de “abraçar teorias da conspiração e charlatães, especialmente quando se trata da segurança e eficácia das vacinas”.

“Fez disso o trabalho de uma vida para semear dúvidas e desencorajar os pais de optarem pelas que salvam as vidas dos seus filhos”, verberou o senador Wyden.

Confrontado com estas acusações, Robert Kennedy procurou assegurar o comité do Senado que não é contra as vacinas, sublinhando que os seus filhos eram vacinados: “Acredito que as vacinas desempenham um papel fundamental na saúde. Todos os meus filhos estão vacinados”, sublinhou Kennedy, que compareceu à audiência com a mulher e alguns dos filhos.

“Não sou anti-vacinas, sou pró-segurança”, diria mais tarde na audição desta quarta-feira.
"Trump pediu-me para avaliar pílula abortiva mifepristone"

Questionado pelo senador republicano James Lankford sobre a decisão de Trump de retirar apoios para exames de cancro da mama e teste de sida a Estados que não vetem as políticas pró-aborto, Kennedy respondeu perentoriamente: “Tudo farei para implementar as ideias de Donald Trump”.

“Concordo com o presidente Trump que qualquer aborto é uma tragédia”, declarou o advogado e em 2024 candidato nas primárias democratas à Presidência americana.

Robert F. Kennedy Jr. disse que Trump lhe pediu para reavaliar a segurança da pílula abortiva – o que fará, questionando desde logo a FDA, agência que controla os medicamentos nos EUA – mifepristone, que combinada com outra pílula é usada na maioria das interrupções voluntárias de gravidez nos Estados Unidos e por todo o mundo.

“O presidente Trump pediu-me para estudar a segurança da mifepristone. Ele ainda não definiu a sua posição e como regulamentá-la. O que quer que o presidente faça, vou implementar essas políticas”, garantiu.

São muitas as matérias de saúde que estão a ser colocadas ao mais do que provável próximo secretário da Saúde da Administração Trump. Um dos assuntos que não faltou foi o Medicaid, sistema que protege milhões de americanos com baixos recursos na área da saúde.

O Medicaid, que sofreu o feroz ataque de Donald Trump durante a sua primeira Presidência, é um plano crucial para famílias que não têm situação ou recursos que lhes permitam ter um seguro de saúde num país que não contempla o direito universal à saúde.

Novamente numa meia resposta, Robert Kennedy negou ser contra o Medicaid, dizendo que o que pretende, pelo que lhe foi pedido pelo presidente Trump, é somente rever e melhorar o processo.
Tópicos
PUB