Um estudo de uma universidade israelita conclui que, ao contrário da variante Delta, que eliminou as precedentes, as variantes Omicron não eliminaram a Delta, não sendo portanto de excluir que esta regresse em força e com a sua característica letalidade.
As máscaras que começaram a ser postas de lado, inclusivamente na política das autoridades sanitárias, por se considerar a Omicron uma variante comparativamente benigna do SARS-COV-2, poderão voltar a ser desesperadamente necessárias, se vier a confirmar-se o cenário descrito pelo estudo da Universidade Ben-Gurion do Negev, sediada em Beersheba, com o título "Gerindo uma pandemia em evolução: circulação críptica da variante Delta durante a ascensão da Omicron" (Managing an evolving pandemic: Cryptic circulation of the Delta variant during the Omicron rise).
O estudo empreende historiar as diversas variantes da pandemia, começando pela inicial Alpha, surgida em 2019, seguida pela Beta (detectada na África do Sul) e depois pela Gama (detectada no Brasil), e finalmente seguida pela muito mais contagiosa mas menos letal Omicron, esta entretanto com as respectivas sub-variantes.
Dois responsáveis pelo estudo, Ariel Kushmaro e Karin Yaniv, sublinham que a diferença consiste em a Delta ter eliminado as anteriores, ao passo que a Omicron não eliminou a Delta. Uma equipa dirigida por Kushmaro supervisionou entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022 o tratamento de águas residuais e descobriu aí uma inquietante interacção entre as variantes Omicron e Delta. E concluiu que a Omicron está a consumir-se ao mesmo tempo que a Delta se limita a "esperar" uma oportunidade para voltar a difundir-se entre a população.
Segundo os autores do estudo, "a continuada circulação do SARS-CoV-2 resulta em mutações e na emergência de diversas variantes. Até agora, sempre que aparecia uma variante nova e dominante, ela submetia a precedente após um curto período de coexistência".
Apesar de a Omicron e as suas sub-variantes serem menos letais que a Delta, o facto de terem acelerado significativamente a circulação do vírus criou um potencial de surgimento de novas mutações ou de ressurgimento de uma antiga e não completamente desaparecida, novamente com características mais mortíferas, ou podendo causar lesões e patologias mais graves e duradouras que a Omicron.
Kushamaro considera, assim, possível que possa haver um novo surto da variante Delta durante o verão de 2022.