Estudo revela que tirar curso superior compensa

por RTP
91 por cento das pessoas que têm o ensino universitário nos países da OCDE encontram-se satisfeitas com a sua vida, revela estudo Lucy Nicholson - Reuters

Quem tem o ensino superior tem empregos menos precários e recebe salários mais elevados. As conclusões, conhecidas esta quinta-feira, fazem parte do estudo “Benefícios do Ensino Superior”. Este trabalho pretende explorar o investimento que é feito pelos alunos num curso superior, quais as características e os desafios.

Trata-se de um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), apresentado na Universidade do Minho por Hugo Figueiredo e Miguel Portela, especialistas na área de Educação, no âmbito da conferência “Ensino Superior: Estudar Compensa?”. A iniciativa assinala o mês da Educação e Ciência.

O estudo concluiu que “as pessoas que gozam de um grau superior se sentem mais satisfeitas com a vida” e que os benefícios individuais do ensino superior tanto no acesso ao emprego como o acesso aos salários são altos em Portugal, quando comparados com os de outros países.

O estudo revela que desde 1974 há um aumento do número de pessoas no ensino superior português, e tenta compreender quais os retornos económicos e não económicos do ensino superior, quer para o indivíduo quer para a sociedade.

É revelado que desde 2006 há um aumento do número de alunos no mestrado, com um aumento de cerca de quatro vezes e meia desde a implementação do processo de Bolonha.

Assim, os diplomados do ensino superior encontram-se menos vezes em situação de desemprego, têm empregos menos precários e recebem salários mais elevados do que o resto da população que não tem esses estudos.
Impacto positivo dos estudos
Os efeitos positivos de uma maior qualificação educacional nem sempre surgem apenas profissionalmente, com um impacto positivo no rendimento, pois estes casos ocupam apenas metade das situações. A restante parte prende-se com o aumento da sensação de bem-estar por parte do individuo, um maior sentimento de segurança e de melhor perceção do estado de saúde.

“Em praticamente todos os países da OCDE, a proporção de pessoas que se dizem satisfeitas com a sua vida é significativamente mais elevada entre os que têm o ensino superior do que entre os que concluíram o ensino secundário”, lê-se no estudo.

91 por cento das pessoas que têm o ensino universitário nos países da OCDE encontram-se satisfeitas com a sua vida, contrastando com 81 por cento das pessoas que têm o ensino secundário.

O estudo afirma que a principal razão prende-se com o facto de a população com ensino superior ser mais competitiva e conseguir, em média, “uma situação laboral mais favorável do que a dos que não completaram um grau terciário”.

Em Portugal, cerca de 12 por cento das pessoas com ensino secundário estavam à procura de emprego, em 2015, já dos que completaram o ensino superior, oito por cento estavam na mesma situação.

Além da satisfação e situação laboral mais favorável, o estudo indica existir uma “vantagem salarial clara para os diplomados com o ensino superior”. Por exemplo, em 2010, um licenciado recebia mais 70 por cento do que alguém com o ensino secundários. Este valor era também elevado na União Europeia e na OCDE, com cerca de 55 por cento.
Mais mulheres no ensino superior
O estudo explicou que desde a década de 80 que as mulheres assumem a maior representatividade no número de alunos matriculados no ensino superior, nomeadamente cerca de 55 por cento.

Há uma diferença salarial entre os homens e as mulheres que têm formação superior. Desde 2010, essa diferença é observada principalmente entre os pós-graduados.

Ainda assim, há diferenças marcadas entre os homens e as mulheres nas áreas que escolhem para se especializar, nomeadamente, há mais homens nas áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (CTEM) e mais mulheres na Saúde e Proteção Social.

O sexo masculino ocupa a maior expressão no que diz respeito ao mestrado e a ter trabalho no setor privado. A desvantagem salarial entre sexos relativamente às pessoas que acabaram recentemente um curso de mestrado ou doutoramento aumentou mais nas mulheres do que nos homens. Licenciatura ou mestrado?
Os alunos que tiraram mestrado têm um salário superior em 80 por cento face a um aluno do ensino secundário. Para quem tem a licenciatura e comparando com o mestrado, estima-se que a diferença salarial ronde os 50 por cento.

Já para quem tem o doutoramento, o salário é mais de o dobro do que alguém que tem o ensino secundário.

O estudo revelou ainda que os mestres e doutorados sofreram menos perdas salariais durante a crise e que os mestres com contrato salarial permanente tiveram o seu salário aumentado mesmo nos anos da crise.
Diferenças sociais
O estudo revelou que as alterações não são feitas só a nível económico e profissional, concluindo que quem tem o ensino superior está mais satisfeito com a vida e sente mais segurança quanto à possibilidade de serem vítimas de um crime.

Têm ainda uma maior participação nos processos eleitorais e maior capacidade para interpretar fenómenos políticos e de cariz sexual, como menor discriminação relativamente à homossexualidade.
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