Estudo: espécies do Ártico afetadas pelo tráfego marítimo

por RTP
Existem 42 espécies expostas à movimentação de navios no Ártico Pauline Askin - Reuters

Um estudo americano mostrou, esta segunda-feira, que o aumento do tráfego marítimo pode afetar os mamíferos marinhos do Ártico. A investigação analisou 80 subespécies.

Antigamente as navegações pela zona do Ártico constituíam expedições perigosas. Hoje, com o degelo provocado pelo aquecimento global, torna-se cada vez mais fácil navegar pelas zonas circundantes.

Todos os verões, as calotas de gelo derretem até ao seu “mínimo”, como o designam os cientistas. Entretanto, as temperaturas mais frias regressam, e a extensão de gelo do Ártico volta a aumentar.

O que acontece atualmente é que, devido ao aquecimento global, esses valores “mínimos” permitem maiores aberturas sem gelo. Sem calotas a impedir a navegação, o tráfego marítimo na zona do Ártico intensifica-se, por forma a estabelecer rotas marítimas comerciais mais diretas.

Desde 1979 que a extensão do Ártico é monitorizada por satélite. As imagens da NASA que mostram os “mínimos” de gelo dessa data contrastam com as de 2015, onde é possível ver uma maior abertura nas zonas a este e oeste do Ártico. Estas zonas coincidem com a rota marítima do Nordeste e a Passagem do Noroeste.


Mas, se a situação do degelo do Ártico se encontra monitorizada, o impacto que o aumento de tráfego marítimo pode ter nas suas espécies só foi apresentada nesta segunda-feira.

Um grupo de cientistas norte-americanos estudou a vulnerabilidade de 80 subespécies, nas quais se contam as espécies de baleia branca, narval, baleia da Gronelândia, foca anelada, morsa, foca-barbuda e urso polar. Estas sete espécies são endémicas do Ártico, ou seja, só se encontram naturalmente nesta região.

O estudo concluiu que das 80 subespécies, 42 foram expostas ao tráfego marítimo feito nas rotas do Nordeste e na Passagem do Noroeste.

Na investigação é dito que “os cetáceos são particularmente sensíveis ao tráfego marítimo, a efeitos acústicos e, no caso das baleias da Gronelândia, ataques de navios”.

Do conjunto de cetáceos, o narval é a espécie mais vulnerável à passagem de navios: encontra-se muito exposto às rotas marítimas e as suas características biológicas tornam-no mais frágil.

As focas-anelar e os ursos polares são apresentados como os menos vulneráveis à movimentação de navios. No entanto, os cientistas afirmam que os níveis de incerteza quanto a estas duas espécies são mais elevados, pelo que são necessários mais dados que testem a afirmação.



Tópicos
PUB