Estamos a retirar o sangue azul dos caranguejos-ferradura na busca de uma vacina para a Covid-19
Os límulos, ou caranguejos-ferradura, são animais extremamente valiosos para a medicina e agora em particular, na procura de uma vacina para a Covid-19. Desde os anos 60 que o sangue azul destes animais é usado para fazer uma substância chamada LAL (Limulus Amebocyte Lysate). Serve para testar contra endotoxinas bacterianas. O sangue do caranguejo-ferradura e extraído e o animal é depois devolvido ao mar. Porém, se há uns anos se acreditava que o procedimento não tinha impacto significativo no límulo, investigações mais recentes indicam que apenas 30 por cento dos animais sobrevivem.
O procedimento assemelha-se a uma "ordenha" de sangue azul deste animais. A cor deve-se ao facto de ter uma alta concentração de hemocianina cuprosa em vez da hemoglobina ferrosa encontrada nos humanos.
Andam pela terra há mais de 300 milhões de anos e o facto de se terem desenvolvido tão pouco ao longo do tempo torna-os muito diferentes dos demais seres vivos.
São usados desde os anos 60 para garantir que não há bactérias perigosas em medicamentos e vacinas novas. Bactérias que podem ser fatais para os humanos.
As células do sangue azul do caranguejo-ferradura reagem a estas bactérias e é por isso que os cientistas o usam para se certificarem que os medicamentos são seguros.
E em mais lado algum neste mundo, pelo menos até agora, foi possível encontrar algo que tenha esta capacidade.
Por isso, todos os anos centenas de milhares de caranguejos-ferradura são apanhados e levados para laboratórios para que o sangue seja extraído.
Estima-se porém que cerca de 30 por cento não sobrevivam a este procedimento. Há também estudos, escreve a BBC, que indicam que os límulos fêmea são incapazes de acasalar depois do procedimento.
Na verdade, diz Barbara Brummer, que trabalha na conservação da natureza no Estado de Nova Jersey, onde muitos são apanhados, ninguém sabe realmente o impacto que a retirada do sangue tem na vida destes animais.
E como cerca de meio milhão são sangrados todos os anos esta é já considerada uma espécie em risco de extinção.
Cientistas dos laboratórios de investigação que criam medicamentos e vacinas dizem, no entanto, que o número de caranguejos-ferradura que estão a ser usados se tem mantido constante.
Dizem ainda que nos últimos anos, para algumas situações, foi possível utilizar outros métodos que não implicam a utilização do sangue azul desta espécie.