Nas últimas 24 horas, os EUA ultrapassaram a barreira do meio milhão de mortes por Covid-19, além de mais de 28 milhões de casos confirmados, de acordo com a contagem da Universidade norte-americana Johns Hopkins. Como forma de homenagem, o presidente Joe Biden e a vice-presidente Kamala Harris marcaram presença numa cerimónia e cumpriram um minuto de silêncio.
O total de óbitos nos EUA corresponde a 20 por cento de todas as mortes provocadas pela pandemia no mundo, num país que representa apenas quatro por cento da população mundial, e é mais do dobro do segundo país mais afetado, o Brasil, que acumulou 247.000 mortos.
O número de mortes é o dobro daquilo que era inicialmente previsto pelos especialistas e é superior ao total de pessoas que morreram nos campos de batalha da Primeira e Segunda Guerra Mundial e da Guerra do Vietname juntas. Cerca de um em cada 670 americanos morreu de Covid-19, uma doença que se tornou uma das principais causas de morte neste país, juntamente com doenças cardíacas e cancro, e reduziu significativamente a esperança média de vida.
Nos EUA, nos últimos dias surgem também notícias promissoras. Desde meados de janeiro, o número de internados diminuiu de forma constante e rápida e o número de novos casos caiu mais de 40 por cento nas últimas semanas e 70 por cento desde o pico, atingido a 8 de janeiro, segundo o New York Times.
As mortes também diminuíram drasticamente e a distribuição de vacinas acelerou gradualmente durante o primeiro mandato de Biden. No entanto, a incerteza permanece perante as variantes emergentes do vírus, algumas mais contagiosas e possivelmente mais letais. Por este motivo, a Casa Branca alerta que ainda há um período muito difícil pela frente.
“Esta nação vai sorrir novamente”
Em Washington, o dia começou com as bandeiras a meia haste nos edifícios federais, quando já se previa que este marco viesse a ser ultrapassado.
O presidente norte-americano, Joe Biden, organizou uma homenagem às vítimas, em claro contraste com o antecessor, Donald Trump, que minimizou a pandemia e resistiu inicialmente à adoção de medidas preventivas, como o uso de máscara.
Acompanhado da mulher e pela vice-presidente, Kamala Harris, os dois governantes fizeram um minuto de silêncio em memória das vítimas, cercados por centenas de velas que iluminavam a Casa Branca.
Num discurso emotivo, o presidente norte-americano começou por se dirigir aos sobreviventes, fazendo referência à sua experiência pessoal através da morte da sua primeira esposa, de uma filha e, mais tarde, do seu filho mais velho.
“Eu sei muito bem. Eu sei o que é não estar lá quando isso acontece. Eu sei o que é quando se está a segurar as mãos deles. Há uma expressão no olhar deles e escapam-nos”, disse Biden. “Há um buraco negro no vosso peito e sentem como se estivessem a ser sugados por ele. O remorso dos sobreviventes, a raiva, as questões de fé na vossa alma”, acrescentou.
Depois, Biden dirigiu-se a todos os norte-americanos, apelando à união. "Pedimos [aos norte-americanos] que se juntem a nós para recordar, para poder sarar, para encontrar um propósito na tarefa que temos pela frente, para mostrar luz na escuridão", disse Biden.
“Frequentemente ouvimos as pessoas serem descritas como americanos comuns”, disse o presidente dos Estados Unidos. “Não há nada de comum neles. As pessoas que perdemos foram extraordinárias, atravessaram gerações, nasceram na América e imigraram para a América. E assim, muitos deles deram o seu último suspiro sozinhos na América”, acrescentou.
“Como nação, não podemos aceitar um destino tão cruel”, disse ainda Biden durante o seu discurso, mas garantiu: “Esta nação vai sorrir novamente. Esta nação vai ver dias de sol novamente. Esta nação vai aprender o que é alegria novamente. E ao fazermos isso, vamos relembrar cada pessoa que perdemos, as vidas que viveram e os entes queridos que eles deixaram para trás. Nós vamos ultrapassar isto. Eu prometo”.
O presidente norte-americano assegurou que o país receberá até julho 600 milhões de doses de vacinas contra a covid-19, suficientes para vacinar toda a população, de cerca de 300 milhões de pessoas.
Atualmente, já foram vacinados com a primeira dose 44,1 milhões de habitantes e 19,4 milhões com a segunda.
c/Lusa