Os Estados Unidos anunciaram que vão reduzir a sua participação no orçamento das Nações Unidas em cerca de 240 milhões de euros. Este corte é anunciado poucos dias depois de 128 países terem condenado a decisão norte-americana de reconhecer Jerusalém como capital de Israel. Em comunicado, Washington não especifica as áreas afetadas e critica a “ineficiência” e “excesso de gastos” das Nações Unidas.
Washington indica ainda que haverá outros cortes na gestão e nas funções de apoio à ONU. No comunicado, Washington ataca a gerência financeira das Nações Unidas, repetindo uma retórica que tem sido usada por Donald Trump.
“A ineficiência e o excesso de gastos das Nações Unidas são bem conhecidos. Não deixaremos mais que a generosidade do povo americano seja aproveitada sem controlo”, afirma a embaixadora norte-americana nas Nações Unidas citada no comunicado.
Efeito Jerusalém
Apesar de não ser feita qualquer referência à contestação internacional perante a decisão norte-americana em reconhecer Jerusalém como capital de Israel, a proximidade das datas não deixa grande dúvida.
O comunicado dos Estados Unidos foi emitido no passado dia 24 de dezembro, três dias depois de a Assembleia-Geral das Nações Unidas ter condenado o reconhecimento norte-americano de Jerusalém como capital do Estado hebraico.
A resolução, sem caráter vinculativo, foi aprovada com os votos favoráveis de 128 países, 35 abstenções e nove votos contra. Para além dos Estados Unidos e de Israel, a resolução foi igualmente rejeitada pela Guatemala, Honduras, Ilhas Marshall, Micronésia, Nauru, Palau e Togo.
Esta resolução não foi bem aceite por Washington. Ainda antes da votação, o Presidente dos Estados Unidos tinha ameaçado cortar o apoio financeiro aos países que a votassem favoravelmente. A embaixadora dos Estados Unidos junto das Nações Unidas garantiu que Washington “vai recordar este dia” e ameaçou cortar o financiamento aos países que votaram favoravelmente e à própria ONU.
"Teremos memória quando formos chamados uma vez mais para realizar a maior contribuição do mundo para as Nações Unidas", acrescentou.
EUA, principal contribuinte da ONU
Apesar de fazer referência a um corte de 285 milhões de dólares, os Estados Unidos não tornam claro qual será a sua participação no orçamento das Nações Unidas, nem as áreas a que se aplicam este corte.
Os Estados Unidos são o país que mais contribuem para o orçamento das Nações Unidas, uma vez que a participação de cada Estado-membro é essencialmente calculada em função do Produto Nacional Bruto.
A contribuição norte-americana representa 22 por cento do total: em 2017/18, Washington financiou 1,2 mil milhões dos 5,4 mil milhões de dólares do orçamento anual das Nações Unidas. Este montante ainda não inclui participações noutros programas específicos da ONU, como a UNICEF ou o Programa Alimentar Mundial.