Apoio a Huthis no Iémen. Estados Unidos "não têm direito de ditar" política externa do Irão

por Inês Moreira Santos - RTP
Majid Asgaripour - Reuters

O chefe da diplomacia iraniana respondeu que os Estados Unidos "não têm direito de ditar" a política externa do Irão, após o líder norte-americano ter ordenado a Teerão que cessasse o apoio aos Huthis no Iémen. Donald Trump deixou avisos ao regime iraniano quanto ao apoio do país aos Huthis, ameaçando que deve acabar imediatamente.

"O Governo norte-americano não tem autoridade nem direito de ditar a política externa do Irão", escreveu Abbas Araghchi na rede social X, apelando ao "fim da matança do povo iemenita".

 

 


O Irão vai retaliar contra qualquer ataque, avisou também o chefe dos Guardas da Revolução, o exército ideológico do país, depois de o presidente norte-americano ter ameaçado Teerão por apoiar os rebeldes Huthis no Iémen.

"O Irão não procura a guerra, mas se alguém o ameaçar, dará respostas adequadas, resolutas e definitivas" a qualquer ataque,
garantiu o general Hossein Salami à televisão estatal.

O presidente dos EUA tinha ordenado no sábado ataques aéreos à capital do Iémen, Sanaa, e prometeu usar uma "força letal esmagadora" até que os rebeldes Huthis, apoiados pelo Irão, deixem de atacar navios num corredor marítimo vital.

"Os nossos corajosos combatentes estão neste momento a levar a cabo ataques aéreos contra as bases, os líderes e as defesas antimísseis dos terroristas para proteger a navegação, os meios aéreos e navais americanos e para restaurar a liberdade de navegação", afirmou Donald Trump numa publicação nas redes sociais.

"Nenhuma força terrorista impedirá as embarcações comerciais e navais norte-americanas de navegarem livremente pelas vias navegáveis do mundo", frisou.

Foi nesta publicação que Trump advertiu o Irão para deixar de apoiar o grupo rebelde do Iémen, prometendo responsabilizar totalmente o país pelas ações do seu representante.

Os Huthis relataram uma série de explosões no seu território esta noite. As imagens que circulam na Internet mostram nuvens de fumo negro sobre a zona do complexo aeroportuário de Sanaa, que inclui uma vasta instalação militar. A extensão dos danos ainda não é clara.

Os Estados Unidos já confirmaram que atacaram os rebeldes Houthis, do Iémen. Trump ordenou a ofensiva devido aos ataques que este grupo rebelde faz aos navios no Mar Vermelho.

Esta é considerada já a maior operação militar dos Estados Unidos no Médio Oriente desde que Trump assumiu o cargo, em janeiro. Segundo os Houthis, o ataque norte-americano provocou dezenas de mortos.

O presidente dos EUA tinha ameaçado o regime iraniano e avisou que o apoio do país a este grupo rebelde devia acabar imediatamente - orientações sobre a política externa que o Irão rejeitou, advertindo responderá a qualquer ataque.

Os ataques aéreos ocorrem alguns dias depois de os Huthis terem dito que iriam retomar os ataques a navios israelitas que navegam nas águas ao largo do Iémen, em resposta ao bloqueio de Israel a Gaza. Desde então, não se registaram ataques dos Huthis.

Os Estados Unidos, Israel e a Grã-Bretanha já tinham atingido anteriormente áreas controladas pelos Huthis no Iémen. As forças armadas de Israel não quiseram comentar os ataques de hoje, segundo a agência de notícias Associated Press.

"Estes ataques implacáveis custaram aos EUA e à economia mundial muitos biliões de dólares [mil milhões de euros] e, ao mesmo tempo, puseram em risco vidas inocentes", concluiu Trump.

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