FOTO: Yuri Gripas, Reuters
Foi lançado um ataque conjunto dos Estados Unidos, França e Reino Unido contra a Síria. Donald Trump anunciou, durante a madrugada, uma ofensiva com mísseis contra três alvos estratégicos. O ataque visou instalações utilizadas para produzir e armazenar armas químicas.
A oposição síria e vários países acusam o regime de Al-Assad da autoria do ataque. Damasco e Moscovo dizem que o ataque foi encenado com ajuda de serviços especiais estrangeiros.
Trump, que falava da Casa Branca, explicou que está em curso uma "operação conjunta" com a França e o Reino Unido para punir o regime de Bashar al-Assad.
O presidente dos EUA condenou os ataques químicos "monstruosos" levados a cabo pelo regime de Damasco. Prometeu que a operação irá durar "o tempo que for necessário".
De Londres, a primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmou que não existia "alternativa ao uso da força".
Ao mesmo tempo que Trump falava eram ouvidas explosões em Damasco, segundo um correspondente da France Press no local.
Donald Trump exortou Moscovo a abandonar o apoio a Assad e afirmou que a Rússia "traiu as suas promessas" sobre a eliminação de armas químicas.
Moscovo pede reunião de urgência do Conselho de Segurança
A Rússia anunciou que vai pedir uma reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU após os ataques ocidentais contra alvos na Síria.
"A Rússia convoca uma reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU para discutir as ações agressivas dos Estados Unidos e seus aliados", refere em comunicado Moscovo.
"A Rússia denuncia com a maior firmeza o ataque à Síria, onde militares russos ajudam o governo legítimo a lutar contra o terrorismo", disse o Kremlin no mesmo comunicado.
A Rússia manifestou a sua oposição com "máxima firmeza" em relação aos ataques com mísseis a alvos militares sírios, realizados em retaliação a um alegado ataque com armas químicas por parte do regime de Bashar al-Assad.
O embaixador da Rússia em Washington, Anatoli Antonov, advertiu que este ataque "não ficará sem consequências".
Peritos da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) tinham previsto iniciar hoje uma investigação sobre o alegado ataque com armas químicas. A missão recebeu um convite do Governo sírio, sob pressão da comunidade internacional.
Turquia fala em "resposta adequada"
A Turquia considerou que o bombardeamento ocidental contra alvos na Síria constitui uma "resposta adequada" ao alegado ataque com armas químicas em Douma, perto de Damasco, que causou dezenas de mortos: "Saudamos esta operação que alivia a consciência de toda a humanidade diante do ataque a Douma, que tudo indica ser da responsabilidade do regime" sírio, refere em comunicado o Ministério das Relações Exteriores da Turquia.
A Turquia é um tradicional apoiante de opositores do regime sírio no contexto da guerra civil que se arrasta no país há vários anos, apesar da proximidade a Moscovo.
O ataque a civis com armas químicas, que terá ocorrido em Douma, a 7 de abril, "constitui um crime contra a humanidade", considera Ancara, que critica a ação do regime de Bashar al-Assad.
"O regime sírio, que tiranizou o seu próprio povo por mais de sete anos, com armas convencionais e químicas, tem uma pesada responsabilidade por crimes contra a humanidade e crimes de guerra", refere o governo turco.
Por isso, "a consciência da comunidade internacional não tem dúvidas" quanto à responsabilidade de Damasco.
Irão adverte para "consequências regionais"
O Governo iraniano advertiu para as "consequências regionais" do ataque ocidental à Síria, considerando-o uma "flagrante violação do direito internacional".
O porta-voz do Ministério iraniano dos Negócios Estrangeiros, Bahram Qasemi, denunciou, em comunicado, que o ataque realizado esta madrugada pelos Estados Unidos, Reino Unido e França ignora "a soberania e a integridade territorial da Síria".
"Os Estados Unidos e seus aliados são responsáveis pelas consequências regionais dessa ação", acrescentou o porta-voz.
Segundo o Irão, os EUA, a França e o Reino Unido decidiram bombardear a Síria "sem quaisquer provas" do alegado ataque químico, há poucos dias, na cidade de Duma, arredores de Damasco e sem esperar pelos peritos internacionais que deveriam iniciar hoje uma investigação no terreno.
Teerão, aliada de Damasco, considera que as acusações de ataques químicos foram "uma desculpa" para justificar o ataque militar deste sábado.
Guterres pede contenção
O secretário-geral da ONU, António Guterres, exortou os Estados-membros a exercerem moderação e se absterem de qualquer ação que possa levar a uma escalada após os ataques contra a Síria.
"Eu apelo a todos os Estados membros para que exerçam contenção nestas circunstâncias perigosas e para evitar todos os atos que possam agravar a situação e agravar o sofrimento do povo sírio", refere António Guterres em comunicado citado pela AFP.
O secretário-geral adiou uma viagem planeada à Arábia Saudita para gerir as consequências da operação militar lançada em conjunto pelos Estados Unidos, Reino Unido e a França contra o governo de Bashar Al Asad.
"Qualquer uso de armas químicas é horrível", assinala Guterres, destacando a importância de agir de acordo com a Carta da ONU e o direito internacional.
A intervenção militar ocidental contra a Síria não foi autorizada pelo Conselho de Segurança da ONU. Uma ação que combinou ataques aéreos e mísseis projetados desde navios no Mediterrâneo, segundo informação do Pentágono.
c/ Lusa