Estados Unidos e Ucrânia regressam à mesa de conversações em Riade
Uma nova reunião entre as equipas ucraniana e norte-americana sobre as tréguas entre Kiev e Moscovo decorre esta terça-feira em Riade, avançou fonte ucraniana à agência France Presse. Na véspera, representantes do Kremlin e da Casa Branca estiveram reunidos durante 12 horas e, no final, a Rússia revelou que quer prosseguir o diálogo com os Estados Unidos e envolver a ONU num eventual acordo de paz.
Washington e Kiev estão agora a pressionar no sentido de, pelo menos, suspender temporariamente os ataques às instalações energéticas, que foram fortemente danificadas do lado ucraniano.
A Ucrânia diz que está “pronta” para um cessar-fogo “geral” e incondicional.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy afirmou no seu discurso noturno em vídeo na noite de segunda-feira que os enviados à Arábia Sudita se reunirão com a equipa dos EUA após as conversações entre Moscovo e Washington.
Rússia quer diálogo com Washington e envolver a ONU
A Rússia revelou esta terça-feira que pretende prosseguir o diálogo com os Estados Unidos sobre a Ucrânia, incluindo outros interlocutores, nomeadamente a ONU, no entanto não anunciou uma trégua limitada, no final de doze horas de conversações na Arábia Saudita.O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cuja aproximação ao seu homólogo russo, Vladimir Putin, veio baralhar as cartas do conflito, afirma querer pôr fim às hostilidades e enviou os seus enviados a Riade para conversações com ambas as partes.
As delegações russa e norte- americana reuniram-se num palácio de Riade na segunda-feira, um dia depois da primeira ronda de conversações entre americanos e ucranianos.
“Falámos sobre tudo, foi um diálogo intenso, não foi fácil, mas muito útil para nós e para os americanos”, disse Grigori Karassin, um dos negociadores russos à agência oficial russa Tass, esta terça-feira.
Durante as conversações à porta fechada, em que Karassin representou a Rússia juntamente com Sergei Besseda, um executivo do FSB (serviços de segurança russos), “foram debatidos muitos problemas”.
“Tudo foi discutido - houve um diálogo intenso e desafiador, mas foi muito útil para nós e para os americanos”, acrescentou.
“É claro que estamos longe de ter resolvido tudo, de ter chegado a acordo sobre todos os pontos, mas parece-me que uma conversa como esta é muito oportuna”, acrescentou.
Segundo Grigori Karassin, Moscovo vai prosseguir com as negociações para colocar um ponto final no conflito com a Ucrânia, que se arrasta há três anos e vai “envolver a comunidade internacional, sobretudo as Nações Unidas e alguns países”. O enviado de Moscovo sublinhou ter ficado com a impressão de que “um diálogo construtivo que é necessário e indispensável”. Segundo a Interfax, Karasin terá afirmado durante uma pausa nas conversações que estas estavam a progredir “criativamente” e que os dois lados tinham discutido questões consideradas “irritantes”.
De acordo com as agências russas, a Casa Branca e o Kremlin vão emitir uma declaração conjunta esta terça-feira, resumindo as suas negociações, que Moscovo descreveu desde o início como “difíceis”.
Já uma fonte da Casa Branca frisou progresso nas negociações de Riade e que um “anúncio positivo” era esperado “em um futuro próximo”.
No entanto, esta terça-feira, Moscovo não fez qualquer anúncio, nem sequer de uma trégua limitada, que estava efetivamente em cima da mesa de negociações em Riade.
Na semana passada, a Rússia rejeitou uma proposta de Trump para um cessar-fogo total de 30 dias na Ucrânia e, até agora, apenas concordou com uma moratória no ataque às infraestruturas energéticas.
Na segunda-feira, Trump enumerou as questões que consider estarem em cima da mesa: “Estamos a falar de território neste momento. Estamos a falar de linhas de demarcação, de energia, de propriedade de centrais elétricas”.
As negociações de segunda-feira na Arábia Saudita seguem-se a telefonemas na passada semana entre Trump e Zelensky e entre os presidentes russo e norte-americano, e a uma reunião entre autoridades ucranianas e americanos na Arábia Saudita no domingo.
Trump, que reduziu o apoio diplomático dos EUA à Ucrânia e mudou publicamente para uma posição muito menos crítica da Rússia do que a de seu antecessor Joe Biden, diz que pretende trazer um fim rápido para a guerra.
Regresso do acordo de cereais
As discussões centram-se agora num possível cessar-fogo no Mar Negro, para permitir um regresso ao acordo sobre os cereais que permitiu à Ucrânia exportar cereais, vitais para o abastecimento alimentar mundial, de julho de 2022 a julho de 2023, apesar da presença da frota russa na zona.
O enviado de Donald Trump, Steve Witkoff, mostrou-se, no entanto, otimista, afirmando esperar “progressos reais”, “em particular no que diz respeito a um cessar-fogo no Mar Negro sobre os navios entre os dois países”.
“E, a partir daí, avançaremos naturalmente para um cessar-fogo total”, afirmou.