Estabilidade "volta gradualmente" a Cabo Delgado

por Lusa
Lusa

Maputo, 10 mar 2021 (Lusa) - O primeiro-ministro de Moçambique, Carlos Agostinho do Rosário, disse hoje que a estabilidade está "gradualmente" a voltar à província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, mas admitiu que o impacto do terrorismo persiste na região.

"Em relação ao combate ao terrorismo, regista-se uma tendência de retorno gradual da estabilidade e segurança pública na província de Cabo Delgado, mercê da bravura das Forças de Defesa e Segurança", declarou Carlos Agostinho do Rosário.

O governante fez a avaliação no discurso de abertura da sessão de informações do Governo à Assembleia da República (AR), que decorre hoje e quinta-feira no parlamento.

"Às Forças de Defesa e Segurança endereçamos uma vibrante saudação pelo sacrifício e entrega abnegada na defesa da população, integridade territorial e garantia da tranquilidade e segurança públicas", disse.

Apesar de apontar progressos, o primeiro-ministro moçambicano reconheceu que Cabo Delgado continua a ser assolado pela ação de grupos armados.

"Continuamos a enfrentar o terrorismo em Cabo Delgado", disse.

Carlos Agostinho do Rosário avançou que o Governo vai continuar a fortalecer a capacidade operativa das Forças de Defesa e Segurança.

Ainda no plano da segurança, prosseguiu o dirigente, as ações da Junta Militar, uma dissidência armada da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), estão a provocar instabilidade nas províncias de Sofala e Manica, centro do país.

O primeiro-ministro avançou que a insegurança somou-se à pandemia de covid-19 e aos desastres naturais, agravando a situação do país, levando a uma contração da economia.

"A combinação destas adversidades, sobretudo os impactos da covid-19, fizeram com que, pela primeira vez nos últimos anos, a nossa economia tivesse um crescimento económico que se situou em menos 1,3%, contra um crescimento de 2,2% registado em 2019", salientou Carlos Agostinho do Rosário.

A violência armada em Cabo Delgado, onde se desenvolve o maior investimento multinacional privado de África, para a exploração de gás natural, está a provocar uma crise humanitária com mais de duas mil mortes e 670 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos.

A violência surgiu em 2017, algumas das incursões foram reivindicadas pelo grupo `jihadista` Estado Islâmico entre junho de 2019 e novembro de 2020, mas a origem dos ataques continua sob debate.

No centro do país, a autoproclamada Junta Militar é acusada de protagonizar ataques armados contra civis e forças governamentais em estradas e povoações das províncias de Sofala e Manica, centro de Moçambique, incursões que já provocaram a morte de, pelo menos, 30 pessoas.

O grupo rejeita o acordo de paz assinado em agosto de 2019 pelo chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, e pelo líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Ossufo Momade.

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