Esquadra da polícia atingida. Rússia denuncia novos ataques ucranianos

por Joana Raposo Santos - RTP
Zelensky avisou que a guerra está a chegar "à Rússia e aos seus centros estratégicos e bases militares". Yuri Kochetkov - EPA

As autoridades russas denunciaram esta segunda-feira novos ataques de drones ucranianos, não registando quaisquer vítimas. Um dos veículos aéreos não tripulados atingiu uma estação de polícia em Briansk, perto da fronteira com a Ucrânia, enquanto o outro caiu numa área rural perto da cidade de Taganrog, junto ao Mar de Azov. Os ataques chegam numa altura em que o líder da Wagner, Yevgeny Prigozhin, anunciou que o seu grupo de mercenários está a "definir tarefas".

“As forças ucranianas atacaram o distrito de Troubchevsky (Briansk) durante a noite”, escreveu no Telegram o governador regional Alexander Bogomaz. “Um drone atingiu a estação de polícia. Não houve vítimas”, mas as janelas e o telhado do prédio ficaram danificados, adiantou esta manhã.

Horas antes, na noite de domingo, o governador da região russa de Rostov avançou que um drone ucraniano caiu numa área rural, onde causou danos no telhado de uma habitação e num automóvel.Vasili Golubev indicou no Telegram que os serviços de emergência se deslocaram ao local do incidente, mas não foi registada qualquer vítima mortal ou ferido. O governador também revelou que especialistas do Ministério russo da Defesa estiveram presentes.

Também no domingo a Rússia tinha anunciado que repeliu dois ataques de drones ucranianos durante a madrugada anterior, um na península ucraniana da Crimeia, anexada por forças russas em 2014, e outro em Moscovo.

Na capital russa, cujo aeroporto internacional foi temporariamente encerrado, foram danificadas duas torres de escritórios no principal distrito comercial da cidade.

O Ministério da Defesa da Rússia informou que o ataque a Moscovo envolveu três drones, um dos quais foi abatido e os outros dois neutralizados por via eletrónica.
Grupo Wagner está a “definir tarefas”
Entretanto, o líder do grupo Wagner voltou a pronunciar-se sobre a guerra na Ucrânia. Yevgeny Prigozhin disse esta segunda-feira numa mensagem de voz que a Wagner não está de momento a recrutar mercenários, mas que poderá fazê-lo no futuro.

“Neste momento estamos a definir as nossas próximas tarefas, cujos contornos estão a tornar-se cada vez mais claros. Sem dúvida que essas tarefas serão realizadas em nome da grandeza da Rússia”, declarou o responsável na mensagem, divulgada num grupo da plataforma Telegram.

O futuro do grupo Wagner tornou-se incerto desde que, no fim de junho, protagonizou uma rebelião contra a Rússia. Na altura, o Kremlin anunciou que os mercenários que não tinha participado no motim seriam contratados pelo Ministério da Defesa do país e seriam, assim, transferidos para o Exército.

Numa aparente referência a estes factos, Prigozhin referiu na sua recente mensagem que “infelizmente” alguns dos seus combatentes se mudaram para “outras estruturas de poder”, mas que estão a tentar regressar.

“Enquanto não tivermos escassez de pessoal, não planeamos realizar um novo recrutamento”, declarou. “No entanto, ficaremos extremamente gratos se vocês continuarem em contacto connosco, e assim que a pátria precisar de criar um novo grupo que seja capaz de proteger os interesses do nosso país, certamente começaremos a recrutar”.
Guerra está a chegar à Rússia, avisa Zelensky
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, avisou no domingo que a guerra está a chegar "à Rússia e aos seus centros estratégicos e bases militares".

"Gradualmente, a guerra está a regressar ao território da Rússia, aos seus centros simbólicos e bases militares. E este é um processo inevitável, natural e absolutamente justo", disse o líder ucraniano, de visita à cidade de Ivano-Frankivsk, no oeste do país.

"A Ucrânia está a ficar mais forte", acrescentou Zelensky sobre os ataques de drones, acrescentando que o país se deve preparar para novos ataques contra as suas infraestruturas de energia no próximo inverno.

"É óbvio que neste outono e inverno o inimigo tentará repetir os ataques terroristas contra a indústria energética ucraniana", explicou o presidente ucraniano.

"Temos de estar preparados para isso, tanto a nível estatal como em cada comunidade", acrescentou Zelensky, em declarações divulgadas na conta presidencial do Telegram.

c/ agências
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