Um especialista chinês defendeu que a China deve focar-se em apoiar a natalidade e reduzir o custo com a educação das crianças, quando o país enfrenta problemas demográficos de dimensão inédita no mundo.
Num artigo de opinião difundido pelo Study Times, publicação da Escola Central do Partido Comunista Chinês, Du Yang, diretor do Instituto de Economia da População e do Trabalho da Academia de Ciências Sociais Chinesa afirmou que o apoio às famílias com filhos, incluindo a afetação de mais recursos públicos para a educação pré-escolar, deve ser prioritário, nos esforços para lidar com uma população que está a diminuir e a envelhecer rapidamente.
O apelo surgiu depois de as autoridades chinesas terem prometido a construção de uma "sociedade favorável à natalidade", uma vez que a população total do país começou a encolher há dois anos e a taxa de natalidade caiu para um mínimo histórico de 6,39 por cada 1.000 pessoas no ano passado.
O número de nascimentos no país asiático caiu de 17,86 milhões, em 2016, ano em que a China aboliu a política de "filho único", para 9,02 milhões, em 2023, uma queda superior a 50%.
A queda acelerada levou já ao encerramento de mais de 20.000 jardins-de-infância, nos últimos dois anos. Mas o verdadeiro impacto na sociedade chinesa só se fará sentir em meados do século, quando muitos dos que nasceram durante a política do "filho único" atingirem a reforma, enquanto continuam a cuidar dos pais idosos.
Em 2050, a ONU prevê que 31% dos chineses terão 65 anos ou mais. Em 2100, essa percentagem será de 46%, aproximando-se de metade da população.
"Os vários tipos de custos pagos pelas famílias e pelos indivíduos são os principais fatores que impedem o desejo de ter filhos", lê-se no artigo de opinião de Du Yang.
Du salientou a diferença substancial entre a China e os países desenvolvidos, no que respeita à despesa pública com a educação pré-escolar, sublinhando a importância para a melhoria da qualidade da população, uma visão reiterada pelo presidente chinês, Xi Jinping.
Apelou também para a otimização e expansão do ensino profissional, que ajudará a dotar a mão-de-obra chinesa das competências necessárias para impulsionar a produtividade e sustentar o crescimento económico.
A segunda maior economia do mundo enfrenta desafios demográficos únicos que carecem de comparações internacionais diretas, sublinhou.
Durante o 20.º Congresso em 2022, o Partido Comunista Chinês sublinhou que o país precisa de um sistema que "aumente as taxas de natalidade e reduza os custos da gravidez, do parto, da escolaridade e da parentalidade".