Especialistas espanhóis pediram ao governo de Madrid que a venda de smartphones no país seja acompanhada de alertas para os riscos potenciais para a saúde. É pedido também que os médicos perguntem em consultas normais pelo tempo médio que uma pessoa passa à frente do telemóvel.
Um relatório do comité analisado pelo espanhol El País recomenda que crianças com menos de três anos não tenham qualquer tipo de exposição a dispositivos eletrónicos, enquanto crianças com menos de seis anos devem ter acesso apenas em ocasiões de exceção.
Para crianças entre os seis e os doze anos, os especialistas pedem que sejam utilizados telemóveis sem acesso à internet e podem fazer apenas chamadas e dar prioridade a atividades fora de casa, que envolvam, preferencialmente, alguma modalidade desportiva.
O relatório pede ao governo que a adição ao telemóvel seja considerada um problema de saúde pública para que sistemas de deteção precoce destes problemas sejam implementados num futuro próximo.
É assim que Espanha está a tentar lidar com a onda digital que assola todo o mundo e pede, especialmente, que se impeça as crianças de aceder a conteúdos impróprios que podem afetar diretamente o desenvolvimento dos mais novos.
Uma outra solução passa por utilizar alertas dentro de certas aplicações e plataformas dando conta dos riscos para a saúde e qual o limite de tempo que deve ser passado à frente do ecrã.
O relatório dá também recomendações aos médicos, pedindo que em consultas de rotina exista uma preocupação em saber quanto tempo passam crianças e adolescentes à frente de ecrãs para tentar descobrir possíveis problemas de depressão e ansiedade causadas pelo uso de tecnologias.
Todas estas recomendações vêm a público depois de o Governo pedir ajuda para lutar contra aquilo que chama de “autêntica epidemia” de jovens que consomem pornografia em idades impróprias.
“Os números falam por si e são problemáticos”, afirmou Pedro Sánchez em janeiro deste ano. “Um em cada quatro jovens com menos de 12 anos tiveram acesso ou continuam a ter acesso a pornografia”.
O comité de especialistas foi além do pedido do governo e elaborou uma lista de problemas associados à exposição que os jovens têm aos ecrãs e especialmente às redes sociais, o que levou algumas escolas a proibirem telemóveis nas salas de aula.
Pelo menos um quarto das crianças até aos dez anos já tem acesso a telemóvel e aos onze anos pelo menos metade já tem acesso a um smartphone. O governo socialista liderado por Pedro Sánchez quer que o controlo parental entre em ação de forma automática e que sejam criadas campanhas para ajudar crianças e adolescentes a navegarem através das redes sociais.
O governo quer também definir uma idade mínima para abrir conta numa rede social, sendo que aponta para os 16 anos.