Espanha. Especialistas pedem abertura de escolas para alunos sem recursos tecnológicos
Em Espanha, um mês depois do encerramento de todas as escolas devido à pandemia de Covid-19, os professores ainda não receberam instruções sobre como avaliar os alunos e o ambiente é de incerteza. Agora, 40 organizações e ex-dirigentes políticos pediram à ministra da Educação e às administrações regionais que as escolas sejam abertas durante o verão, se as condições sanitárias o permitirem, para que os alunos sem recursos tecnológicos em casa não fiquem prejudicados.
Por essa razão, a carta – que contempla quatro propostas – incita os líderes políticos, que se reúnem na quarta-feira para decidirem como irá terminar o ano escolar perante a pandemia, a aprovarem medidas que colmatem as diferenças entre os alunos mais e menos favorecidos. A missiva espanhola foi assinada por 12 organizações educativas e por outras 30 pessoas, entre as quais especialistas ligados a instituições académicas e ex-responsáveis da área da educação.
A situação espanhola assemelha-se à portuguesa. Ainda esta manhã, o secretário-geral da Federação Nacional da Educação, João Dias da Silva, relembrou que nem todos os alunos do país têm acesso ao material tecnológico necessário para que possam realizar o terceiro período de aulas em regime domiciliário.
“A verdade é que nós não temos condições de igualdade para todos os alunos (…). Nem todos os alunos têm acesso às ferramentas que são essenciais”, como tablets ou computadores, explicou. “Este tipo de relação entre professor, escola e alunos é necessariamente insuficiente, nem que todos os alunos tivessem computador, nem que todos os alunos tivessem internet”, declarou à RTP 3.
Para João Dias da Silva, “a distância não é a modalidade desejável para o processo de ensino e de aprendizagem” devido a esta “insuficiência da garantia de que todos os alunos estão envolvidos nos procedimentos”.
Especialistas recomendam apoio psicológico aos alunos
Em Espanha a situação consegue ser mais grave por existirem muitos mais alunos em ensino à distância face à pandemia. Desde que o executivo de Pedro Sánchez decretou o estado de emergência, 8,2 milhões de estudantes não universitários passaram a ficar em casa, sendo que dez por cento não possuem acesso à Internet.
À falta de recursos tecnológicos junta-se, em muitos casos, a situação de desgaste das famílias, sendo que muitas enfrentam agora despedimentos ou reduções de salários. “Não se trata de dar apenas apoio curricular, mas também psicológico, pois há famílias a passar por situações muito difíceis”, pode ler-se na carta entregue à ministra espanhola da Educação.
Além disso, Espanha é o país da União Europeia com maior taxa de abandono escolar (17,3 por cento em comparação com os 10,6 por cento da média europeia), e os signatários da missiva temem que esse número possa aumentar agora que os alunos não podem frequentar as aulas presencialmente.
Terceiro período arranca em Portugal com telescola
Em Portugal, o terceiro período escolar arrancou esta terça-feira à distância. Nos casos dos alunos entre o 1.º e o 9.º ano de escolaridade, o trabalho dos professores será complementado com a telescola, com a RTP Memória a transmitir conteúdos organizados de acordo com os diferentes anos letivos.
Esta modalidade poderá ajudar a compensar a ausência de recursos tecnológicos de alguns alunos. No ensino secundário e superior, porém, o problema mantém-se.
As escolas também se têm esforçado para ajudar os alunos de famílias carenciadas, com algumas a permitirem que os trabalhos sejam levantados em papel. Outras entidades, entre as quais instituições de ensino superior, têm angariado e distribuído computadores pelos alunos que deles precisam.
A situação noutros países
Mas não só em Portugal e Espanha existe o problema da falta de recursos dos alunos. Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 22 por cento das habitações não possuem Internet, incluindo quatro milhões de casas onde vivem crianças e adolescentes em idade escolar.
Ainda nos EUA, as famílias carenciadas são as mais afetadas por esta questão, sendo que apenas 56 por cento das que recebem menos de 20 mil dólares por ano possuem Internet. Na Austrália, o Governo tomou medidas para ajudar estes estudantes, garantindo Internet e computadores gratuitos para todos os que precisem.
Já no Reino Unido, a comissária para as Crianças, responsável por promover e proteger os direitos das mesmas no país, exigiu que as escolas reabram em algum momento durante as seis semanas de férias de Verão para ajudar os estudantes a pôr a matéria em dia e, simultaneamente, oferecer algum apoio ao pais que começam a regressar aos seus postos de trabalho e que não podem ficar em casa com os filhos.
“Quer as escolas abram para todos os alunos ou apenas para uma parte, possuem uma função muito importante, especialmente para os mais vulneráveis”, assinalou Anne Longfield. O sindicato britânico de professores contestou a proposta, considerando que a mesma não é viável nem negociável pois significaria retirar aos professores o período de descanso.
Mas não só em Portugal e Espanha existe o problema da falta de recursos dos alunos. Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 22 por cento das habitações não possuem Internet, incluindo quatro milhões de casas onde vivem crianças e adolescentes em idade escolar.
Ainda nos EUA, as famílias carenciadas são as mais afetadas por esta questão, sendo que apenas 56 por cento das que recebem menos de 20 mil dólares por ano possuem Internet. Na Austrália, o Governo tomou medidas para ajudar estes estudantes, garantindo Internet e computadores gratuitos para todos os que precisem.
Já no Reino Unido, a comissária para as Crianças, responsável por promover e proteger os direitos das mesmas no país, exigiu que as escolas reabram em algum momento durante as seis semanas de férias de Verão para ajudar os estudantes a pôr a matéria em dia e, simultaneamente, oferecer algum apoio ao pais que começam a regressar aos seus postos de trabalho e que não podem ficar em casa com os filhos.
“Quer as escolas abram para todos os alunos ou apenas para uma parte, possuem uma função muito importante, especialmente para os mais vulneráveis”, assinalou Anne Longfield. O sindicato britânico de professores contestou a proposta, considerando que a mesma não é viável nem negociável pois significaria retirar aos professores o período de descanso.