"Esforços têm como alvo Rússia e China". Lavrov acusa Ocidente de erguer "império de mentiras"
O ministro russo dos Negócios Estrangeiros centrou este sábado a sua intervenção na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, no que Moscovo descreve como uma estratégia dos Estados Unidos – à cabeça do Ocidente - para afastar os países do diálogo e das tentativas de resolução de conflitos internacionais. Sergey Lavrov apontou o dedo, em concreto, a “esforços” na “Eurásia e Indo-Ásia” que “têm como alvo a Rússia e a China”.
Tal política, prosseguiu, permite a Washington mover “a sua infraestrutura para a zona do Pacífico”. “É óbvio que tais esforços têm como alvo a Rússia e a China”, acentuou Lavrov.
Ainda segundo o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, o cenário de “colapso da arquitetura inclusiva regional” da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) acarreta “o risco de criar um novo centro explosivo de tensão geopolítica, para além do que já está a acontecer”. Olhando ao tabuleiro geoestratégico asiático, o governante russo daria a conhecer, adiante, a intenção de se deslocar, em outubro, à Coreia do Norte. Moscovo pretende aprofundar as conversações com o regime de Kim Jong-un na sequência dos entendimentos que o líder norte-coreano celebrou recentemente com Vladimir Putin.
Sergey Lavrov referiu-se também à mediação russa do conflito entre Arménia e Azerbaijão, em Nagorno-Karabakh, afirmando que “chegou o momento para a construção mútua de confiança”.
Quanto à situação na Ucrânia, o ministro russo referiu mais tarde, em conferência de imprensa, que “não são realistas” quer os termos de Kiev para a paz, quer as propostas da ONU para recuperar o acordo de exportação de cereais ucranianos através do Mar Negro.
“É completamente inexequível”, resumiu Lavrov, aludindo ao plano de dez pontos promovido pelas autoridades ucranianas. “Não é possível implementá-lo. Não é realista e todos percebem isto, mas ao mesmo tempo eles dizem que esta é a única base para negociações”, reforçou.Sergey Lavrov quis deixar claro que, a manter-se a posição de Kiev e aliados ocidentais, o conflito só poderá ser resolvido no teatro de guerra.
Sobre o facto de a Rússia se ter retirado do acordo dos cereais, o ministro russo recordou que tal decisão ficou a dever-se ao incumprimento de promessas feitas a Moscovo, desde logo o levantamento de sanções a entidades financeiras e o retorno do país ao sistema global de pagamentos SWIFT. Antes, na tribuna da Assembleia Geral, acusara já o Ocidente de falhar compromissos vinculativos, erguendo assim um "verdadeiro império de mentiras".
"A Rússia, como muitos países, sabe-o em primeira mão. Eles estão a tentar obrigar o mundo a jogar segundo as suas próprias regras egocêntricas".
c/ Reuters e AFP
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