Os manifestantes de extrema-direita gritaram mensagens islamofóbicas e danificarm veículos, entrando depois em confronto com a polícia britânica.
Para além de 27 agentes terem sido levados para o hospital, a polícia de Merseyside acrescentou que oito sofreram ferimentos graves, incluindo fraturas, lacerações, um nariz partido e um traumatismo.
Outros polícias ainda sofreram ferimentos na cabeça e ferimentos faciais graves. Um dos agentes ficou mesmo inconsciente.
Tijolos dos muros do bairro contra a polícia
A violência começou na área em redor de Hart Street, onde o esfaqueamento de segunda-feira havia ocorrido, alastrando à mesquita local.
Durante a concentração, a multidão gritou mensagens islamofóbicas como "nenhuma rendição", "inglês até eu morrer" ou "queremos o nosso país de volta". Um helicóptero da polícia começou então a sobrevoar os manifestantes.
Após os manifestantes incendiarem uma carrinha das autoridades e danificarem outros veículos, a polícia de choque avançou para tentar controlar os desacatos.
Grande parte dos grupos barricou-se numa rua lateral, arrastando caixotes de lixo de um pub. Foram ainda destruindo muros para usar tijolos contra a polícia, para além de garrafas de vidro. Outros atacaram a mesquita local, arremessando pedras e tijolos às janelas.
À medida que a noite de terça-feira caía, alguns grupos foram-se dispersando, embora tenham continuado a atear fogo nas ruas utilizando painéis de madeira retirados das cercas dos quintais do bairro.
As autoridades usaram gás lacrimogéneo contra a multidão, composta predominantemente por homens, que cobriam o rosto.
A polícia de Merseyside admitiu que os envolvidos nos desacatos podem ser apoiantes da Liga de Defesa Inglesa de extrema-direita.
“Infelizmente, os infratores destruíram muros de jardim para poderem usar os tijolos para atacar a nossa polícia, incendiaram carros do público e danificaram carros estacionados no estacionamento da mesquita", declarou o subchefe de polícia Alex Goss.
“Esta não é a maneira de tratar uma comunidade, muito menos uma comunidade que ainda está a recuperar-se dos eventos de segunda-feira”, lamentou.
"Sentirão toda a força da lei"
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, reagiu de imediato, afirmando que aqueles que causaram os distúrbios em Southport "sentirão toda a força da lei".
Sublinhou ainda que esses manifestantes “sequestraram a vigília pelas vítimas com violência e banditismo” e “insultaram a comunidade em luto”.
Quis ainda enfatizar que os manifestantes “sequestraram a vigília pelas vítimas com violência e banditismo” e “insultaram a comunidade em luto”.
A polícia disse que a multidão violenta terá aproveitado rumores sobre a identidade do suspeito adolescente preso por suspeita de assassinato e tentativa de homicídio.
“Houve muita especulação em torno da identidade do jovem de 17 anos que está atualmente sob custódia policial e alguns indivíduos estão a usar isso para provocar violência e desordem nas nossas ruas”, argumentou Goss.A polícia alegou que o nome do suspeito que circulava nas redes sociais estava incorreto e que o rapaz nasceu em Cardif, País de Gales, contrariando rumores online de que se trataria de um requerente de asilo.
A desinformação online já tinha sido condenada pela secretária do Interior, Yvette Cooper. Na terça-feira à noite, Cooper acentuou o quanto era "terrível" que polícias em Southport estivessem a enfrentar ataques de "bandidos nas ruas que não têm respeito por uma comunidade em luto", acrescentando: "É uma vergonha total".
Alice da Silva Aguiar, de nove anos, Bebe King, de seis, e Elsie Dot Stancombe, de sete, foram mortalmente esfaqueadas num ataque em Southport, na segunda-feira. Outras oito crianças sofreram ferimentos e cinco ficaram em estado crítico. Dois adultos também ficaram gravemente feridos.