"Escalada preocupante". Associated Press denuncia restrições da Casa Branca a jornalistas
Os jornalistas da Associated press viram ser-lhes negado o acesso a vários eventos nos últimos dias. A agência de notícias norte-americana denunciou, na quinta-feira, uma "escala muito preocupante", depois de um dos seus repórteres ter sido novamente proibido de aceder à Casa Branca e cobrir o presidente dos Estados Unidos.
A editora executiva da Associated Press, Julie Pace, disse em comunicado que um repórter da agência tinha sido impedido de participar na conferência de imprensa do presidente norte-americano Donald Trump e do primeiro-ministro indiano, Narenda Modi. "Este é o terceiro dia em que os repórteres da Associated Press são impedidos de cobrir o presidente", disse Julie Pace.
Julie Pace considerou tratar-se de "um desserviço incrível para os bilhões de pessoas que confiam na Associated Press para notícias apartidárias" e denunciou "uma escalada profundamente preocupante dos esforços contínuos do Governo para punir a Associated Press pelas suas decisões editoriais", de acordo com o Washington Post.
Em causa está a recusa da agência de notícias norte-americana em utilizar o novo termo oficial "Golfo da América" para se referir ao Golfo do México, uma decisão decretada pelo presidente Trump através de uma ordem executiva no seu regresso ao poder.
O início do braço-de-ferro entre Donald Trump e a Associated Press remonta a terça-feira, quando um repórter da agência foi impedido de assistir a dois eventos na Sala Oval, incluindo a cerimónia de tomada de posse do secretário norte-americano da Saúde e, Robert F.Kennedy Jr, e a AP foi informada da decisão da Casa Branca.
Após a barragem de jornalistas na terça e quarta-feira a eventos oficiais, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, defendeu a decisão da admnistração contra as "mentiras" dos media durante um briefing com a imprensa na tarde quarta-feira: "Reserva-se o direito de decidir quem pode entrar na Sala Oval".
"É um
facto que a massa de água ao largo da costa do Louisiana se chama Golfo
da América. Não percebo porque é que os media não lhe chamam isso", disse Karoline Leavitt.
Segundo a agência France Presse (AFP), na Sala Oval onde Donald Trump recebe diariamente a imprensa está afixado um mapa que representa o Golfo do México, com as palavras "Golfo da América". A Associated Press já fez saber, numa nota editorial, que continuará a referir-se à zona como Golfo do México, o seu “nome original, ao mesmo
tempo que reconhece o novo nome escolhido por Trump”.
A chefe de redação da Associated Press, Julie Pace, enviou uma carta à chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles, implorando à admnistração que parasse de banir jornalistas da agência, mas a AP ainda não recebeu uma respost, segundo o Washington Post.
No comunicado de imprensa divulgado na quinta-feira, Pace considera que "esta é uma violação flagrante da Primeira Emenda da Constituição dos EUA", que "consagra a liberdade de expressão e de imprensa" e exorta "a administração Trump, nos termos mais fortes possíveis, a pôr termo a esta prática".
c/ agências