Erdogan traça futuro para a Turquia e promete nova Constituição que garanta direitos
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, apresentou esta sexta-feira a sua visão para a Turquia no próximo século, comprometendo-se com uma nova Constituição que garanta os direitos e liberdades dos cidadãos, incluindo os das mulheres.
Erdogan explicou, no entanto, que até ao novo documento, o seu Governo vai propor emendas constitucionais que salvaguardem os direitos das mulheres que desejam usar lenços do estilo islâmico, mas também que protejam os valores familiares do que ele chamou de "ameaças de correntes pervertidas".
O governante referia-se a emendas planeadas que podem restringir os direitos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgéneros) e desencorajar relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo.
As emendas constitucionais, a serem apresentadas na próxima semana, garantirão "a educação e os direitos trabalhistas de todas as nossas meninas e irmãs, quer usem lenços na cabeça ou estejam descobertas, além de proteger a nossa instituição familiar da ameaça de correntes pervertidas", vincou.
O discurso de Erdogan, que delineou planos para a Turquia a um ano das celebrações que marcam o centenário do instauração da República, após o colapso do Império Otomano.
As declarações do chefe de Estado também estão a ser vistas como um manifesto de campanha, enquanto o país caminha para as eleições parlamentares e presidenciais em junho, noticiou a agência Associated Press (AP).
O político autocrático, que liderou a Turquia nas últimas duas décadas, primeiro como primeiro-ministro e como Presidente desde 2014, procura a eleição para um novo mandato de cinco anos.
A visão de Erdogan para a Turquia inclui tornar o país uma das dez principais nações do mundo em "política, economia, tecnologia, militar e diplomacia" e reduzir a dependência energética de nações estrangeiras.
Erdogan também prometeu seguir em frente com planos controversos para a construção de um canal que cortará Istambul.
O Governo turco insiste que o canal facilitará o tráfego marítimo no estreito de Bósforo, mas grupos ambientalistas temem que o projeto cause danos ecológicos.
"Queremos dar um forte início ao novo século da República", sublinhou Erdogan.
Sobre a nova Constituição, Erdogan apontou que a atual foi elaborada após um golpe militar em 1980 e assegurou que a futura permitirá fortalecer "o estado de direito, o pluralismo, a justiça e a igualdade".
"O prazo de validade da Constituição do golpe de 12 de setembro [de 1980] já expirou", frisou Erdogan.
Sondagens de opinião indicam que Erdogan perdeu algum apoio devido à alta inflação na Turquia, que supera os 83%.
Analistas acreditam que Erdogan tem vindo a adotar uma postura anti-LGBT para unir a sua base de apoio conservadora.
Erdogan também reiterou os planos, propostos pela primeira vez pelo Presidente russo Vladimir Putin, para a Turquia se tornar um centro de energia para fornecer gás russo às nações europeias.
Para muitos especialistas e analistas, é improvável que este plano se concretize, dados os esforços dos países europeus para reduzir sua dependência da energia russa.