O Presidente da Turquia redobrou esta segunda-feira a investida verbal contra as autoridades da Holanda, por causa da proibição de discursos de governantes turcos em eventos de campanha referendária. Recep Tayyip Erdogan disse-se mesmo preparado para levar o caso ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. Pelo mesmo motivo, acusou também a chanceler alemã de “apoiar terroristas”.
Com Berlim por destinatária, Erdogan acusou a chanceler alemã de apoiar “sem piedade” o terrorismo.
“Senhora Merkel, porque é que abriga terroristas no seu país? Por que razão não atua?”, atirou o Presidente da Turquia, para acusar o Executivo alemão de ter ignorado 4.500 dossiers sobre presumíveis terroristas que lhe terão sido remetidos por Ancara.
O Presidente turco condenou também o apoio manifestado pela chanceler alemã ao primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, no atual contexto de terramoto diplomático.
Tomando uma vez mais como plataforma as proibições, em cidades da Alemanha e da Holanda, de discursos de campanha de ministros turcos, Recep Tayyip Erdogan voltou a invocar a memória do regime nazi: “Nazismo, podemos chamar-lhe nazismo. Uma nova tendência do nazismo”.
Corte
O Chefe de Estado garantiu aos seus apoiantes que a Turquia está preparada para pôr em prática sanções diplomáticas contra a Holanda, para que o país europeu “seja rapidamente chamado à responsabilidade”.
“Eles usam o Direito Internacional sempre que lhes convém e arranjam desculpas para tal. Recorreremos também ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. Os nossos amigos estão já a fazer os preparativos necessários”, afirmou Erdogan.
Filipe Silveira, Ricardo Alexandre, Guilherme Brízido - RTP
O véu sobre o alcance das sanções a aplicar à Holanda começou entretanto a ser levantado pelo vice-primeiro-ministro turco, Numan Kurtulmus, que acenou com a suspensão das relações diplomáticas de alto nível entre os dois países.
“Estamos a fazer exatamente o que eles nos fizeram. Não vamos permitir que aviões que transportem diplomatas holandeses ou emissários aterrem na Turquia ou utilizem o nosso espaço aéreo”, adiantou.
Outra consequência das interdições decididas por alemães e holandeses pode passar por uma reavaliação dos termos do acordo entre a União Europeia e a Turquia sobre os fluxos migratórios, algo que foi sinalizado pelo próprio ministro turco com a pasta dos assuntos europeus, Ömer Çelik.
“Aberrantes”
No domingo a polícia holandesa recorreu a cães e canhões de água para dispersar centenas de manifestantes com bandeiras turcas nas imediações do consulado da Turquia em Roterdão. Alguns dos manifestantes atiraram garrafas e pedras contra as forças de segurança.
Isto depois de, na véspera, o Governo holandês ter impedido o ministro turco dos Negócios Estrangeiros, Mevlut Cavusoglu, de viajar para Roterdão. Também a ministra turca da Família seria posteriormente impedida de entrar no consulado turco naquela cidade. Fatma Betül Sayan Kaya foi mesmo obrigada a regressar à Alemanha.
Filipe Pinto - RTP (12 de março de 2017)
O gabinete da chanceler alemã veio já classificar como “aberrantes” as mais recentes acusações do Presidente turco. Angela Merkel, reagiu o porta-voz da governante numa declaração escrita, “não tem a intenção de participar num concurso de provocações”.
“Ela não o fará. Estas críticas são manifestamente aberrantes”, concluiu Steffen Seibert.
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