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Guerra no Médio Oriente. A escalada do conflito ao minuto

Erdogan associa alargamento da NATO à Suécia à entrada da Turquia na UE

por Carlos Santos Neves - RTP
“Primeiro, venham e abram caminho à Turquia na União Europeia” Tolga Bozoglu - EPA

O presidente turco surpreendeu esta segunda-feira as chancelarias internacionais com a ideia de que uma luz verde de Ancara à entrada da Suécia na Aliança Atlântica poderia ser condicionada à abertura da União Europeia à Turquia. Na véspera da cimeira da NATO em Vilnius, Recep Tayyip Erdogan deixa um repto aos “países que há mais de 50 anos fazem a Turquia esperar à porta” do bloco europeu.

“Estou a apelar daqui a estes países que há mais de 50 anos fazem a Turquia esperar à porta da União Europeia”, afirmou o presidente turco, pouco antes de partir para a Lituânia, onde na terça-feira se inicia a cimeira da NATO.

“Primeiro, venham e abram caminho à Turquia na União Europeia e depois abriremos caminho à Suécia, tal como fizemos com a Finlândia”, acrescentou Erdogan, para deixar claro, de imediato, que tenciona levar este argumento para a mesa das conversações em Vilnius.O dossier da candidatura turca à União Europeia está congelado há vários anos, depois de as conversações terem sido desencadeadas em 2005, quando Recep Tayyip Erdogan cumpriu o primeiro mandato como primeiro-ministro.

Suécia e Finlândia avançaram com as respetivas candidaturas à entrada na Organização do Tratado do Atlântico Norte em 2022. Responderam assim à invasão russa da Ucrânia, pondo termo a décadas de política de não-alinhamento – postura que perdurou durante os anos da Guerra Fria.

A adesão da Finlândia à Aliança Atlântica recebeu luz verde em abril. Mas o dossier sueco tem sido bloqueado por turcos e húngaros.

A caminho de Vilnius, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, falou com Recep Tayyip Erdogan, a quem afirmou querer a Suécia o mais rapidamente possível no seio da Aliança Atlântica.
Ancara reitera que as autoridades de Estocolmo continuam aquém do que é necessário no que diz respeito ao cumprimento do acordo alcançado há um ano, durante a cimeira da Aliança Atlântica em Madrid. Ou seja, o Governo turco considera que a Suécia insiste em acolher “terroristas”, nomeadamente membros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão.

Numa primeira reação a esta posição assumida pelo presidente turco, o chanceler alemão, Olaf Scholz, excluiu qualquer ligação entre as aspirações europeias da Turquia e a entrada da Suécia na NATO.

Por sua vez, a Casa Branca limitou-se a assinalar que sempre apoiou a vontade turca de aderir à União Europeia e continua a fazê-lo, acrescentando que este é um tema para ser discutido entre Ancara e os diretórios de Bruxelas. "O nosso foco é a Suécia, que está pronta para se juntar à aliança da NATO", sintetizou um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Presidência norte-americana, citado pela Reuters.

Quanto ao cenário de uma futura entrada da Ucrânia na NATO, Erdogan considera que tal só pode ser encarado num quadro de pós-guerra.

c/ agências
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