Conversa "convincente". Enviado dos EUA a Moscovo diz estar a emergir acordo de paz

por Joana Raposo Santos - RTP
O enviado dos Estados Unidos encontrou-se na sexta-feira com Putin em São Petersburgo. Foto: Gavriil Grigorov - Sputnik via EPA

O enviado especial dos Estados Unidos à Rússia, Steve Witkoff, afirmou segunda-feira que o presidente russo, com quem esteve reunido na semana passada, quer "uma paz duradoura" na Ucrânia. Segundo o responsável, a conversa com Vladimir Putin foi "convincente". Moscovo veio já frisar, porém, que "não é fácil chegar a um entendimento".

"Podemos estar à beira de algo muito, muito importante para o mundo inteiro", declarou Steve Witkoff numa entrevista à estação Fox News.

O enviado dos Estados Unidos encontrou-se na sexta-feira com Putin em São Petersburgo, pela terceira vez desde que Donald Trump regressou à Casa Branca, em janeiro deste ano.

A reunião durou mais de quatro horas e contou também com a presença de dois conselheiros próximos do presidente russo, Yuri Ushakov e Kirill Dmitriev. Segundo Witkoff, a conversa foi "convincente" e está a "emergir" um acordo de paz.

"Este acordo de paz é sobre os chamados cinco territórios, mas há muito mais do que isso", disse o responsável, sem especificar quais são os territórios.

A Rússia insiste que a tomada de controlo de partes da Ucrânia desde 2014, incluindo a península da Crimeia e as regiões de Luhansk e Donetsk, deve ser reconhecida em qualquer futuro acordo.

O representante de Donald Trump sugeriu ainda que "oportunidades comerciais" entre os Estados Unidos e a Rússia fazem parte das negociações e poderiam "trazer uma verdadeira estabilidade à região".Rússia diz não ser fácil chegar a acordo de paz
Menos expectante está Moscovo, com o ministro russo dos Negócios Estrangeiros a afirmar numa entrevista divulgada esta terça-feira que não é fácil chegar a um acordo com os Estados Unidos para a paz na Ucrânia.

"Não é fácil chegar a um entendimento acerca das principais partes de um acordo. Estamos a discuti-las", declarou Sergei Lavrov ao jornal Kommersant.

"Estamos bem cientes do que é um acordo mutuamente benéfico, que nunca rejeitámos, e do que é um acordo que nos pode levar a outra armadilha", explicou.No domingo, o Kremlin disse ser demasiado cedo para esperar resultados do restabelecimento das relações "mais normais" com os Estados Unidos.

Sergei Lavrov frisou, na entrevista, que a posição da Rússia foi claramente definida pelo presidente Vladimir Putin em junho de 2024, quando Putin exigiu que a Ucrânia abandonasse oficialmente as suas ambições na NATO e retirasse na totalidade as suas tropas das quatro regiões ucranianas reivindicadas pela Rússia.

"Estamos a falar dos direitos das pessoas que vivem nessas terras. É por isso que estas terras nos são queridas. E não podemos desistir delas, permitindo que as pessoas sejam expulsas de lá", justificou Lavrov.Trump culpa Putin, Biden e Zelensky pela guerra
Entretanto, o presidente Donald Trump voltou a lançar acusações contra o homólogo ucraniano, acusando Volodymyr Zelensky de ter começado a guerra no seu próprio território.

"Não começas uma guerra contra alguém que tem 20 vezes o teu tamanho e depois esperas que as pessoas te deem alguns mísseis", declarou Trump.

Segundo o líder norte-americano, Volodymyr Zelensky partilha com Vladimir Putin e o ex-presidente dos EUA Joe Biden a responsabilidade pelos "milhões de pessoas mortas" durante a guerra na Ucrânia. Os registos oficiais dão conta de centenas de milhares de vítimas mortais.

"Milhões de pessoas mortas por causa de três pessoas", afirmou. "Digamos que Putin está em primeiro lugar, digamos Biden em segundo por não ter a menor ideia do que estava a fazer, e Zelensky"."Quando começas uma guerra, tens de saber que podes ganhar", acrescentou.

Questionado sobre o ataque mais mortífero deste ano da Rússia contra a Ucrânia, na semana passada, Trump descreveu-o como "terrível" e disse ter a informação de que Moscovo "cometeu um erro".

O republicano disse ainda que Zelensky está sempre a tentar comprar mísseis dos Estados Unidos e que em breve deverá haver boas propostas sobre o fim da guerra na Ucrânia.

"Teremos algumas propostas muito boas em breve", adiantou aos jornalistas na Sala Oval, na segunda-feira.

c/ agências
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