O empresário alemão Matthias Schmelz, acusado de crimes de recurso à prostituição de menores e aliciamento de menores para fins sexuais, tem um mês para se apresentar em tribunal, sob pena de ser declarado contumaz.
Um edital do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, assinado esta quinta-feira pela juíza Bárbara Churro, notifica o arguido conhecido como "Rei dos aspiradores" para "se apresentar em juízo dentro do prazo de 30 dias [...] sob pena de, não o fazendo, ser declarado contumaz", ou seja, considerado foragido à justiça.
Matthias Schmelz tem mandados de captura nacionais, europeus e internacionais emitidos há já cerca de um ano, na sequência da decisão do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) de o pronunciar à revelia para julgamento, não tendo entretanto comparecido junto das autoridades.
O empresário alemão responde por 21 crimes de recurso à prostituição de menores agravado e cinco crimes de aliciamento de menores para fins sexuais.
Os factos deste caso tiveram lugar entre 2018 e 2019, com o Ministério Público (MP) a acusar o cidadão alemão de se aproveitar do "estatuto socioeconómico elevado que detinha" para aliciar "jovens com idade inferior a 18 anos para consigo manterem relações sexuais a troco de quantias situadas entre os 200 e os 400 euros", tendo os alegados crimes ocorrido num hotel em Lisboa e na residência que tinha em Cascais.
"Para poder usufruir dessas práticas com jovens que não conhecia, oferecia as quantias monetárias avultadas não só à menor que lhe apresentasse uma nova jovem, mas também à menor com a qual aquela se fizesse acompanhar", referiu ainda o MP numa nota em janeiro de 2023, notando que, na fase de instrução (fase prévia para o juiz avaliar se os indícios são suficientemente fortes para julgamento), o arguido "não colocou em causa os indícios recolhidos na fase de inquérito".
De acordo com o despacho de acusação de maio de 2022, Mattias Schmelz "encetou fuga de território português" em 13 de novembro de 2019, na sequência de notícias divulgadas na comunicação social ainda durante a investigação do MP, deslocando-se primeiro para Madrid num veículo de transporte através da plataforma eletrónica Uber e depois, "de forma não concretamente apurada", viajou para a África do Sul e, finalmente, Dubai.