O embaixador norte-americano na China qualificou de "extremamente irónica" a posição de Pequim sobre a eventual proibição do TikTok nos Estados Unidos, tendo em conta a censura praticada pelo Partido Comunista Chinês.
A Câmara dos Representantes, a câmara baixa do parlamento dos EUA, aprovou esta semana um projeto de lei que, se aprovado pelo Senado, obrigaria a popular plataforma de vídeos curtos TikTok a cortar relações com a sua empresa-mãe chinesa ByteDance, sob pena de ser proibida nos Estados Unidos.
Na sequência da votação, a China acusou os legisladores norte-americanos de tentarem ajudar a roubar os frutos do trabalho de uma empresa chinesa. Pequim denunciou também "pressões para excluir injustamente as empresas estrangeiras".
O embaixador dos Estados Unidos na China, Nicholas Burns, considerou injustificada a posição de Pequim, uma vez que o próprio país asiático bloqueia redes sociais e portais estrangeiros, sobretudo norte-americanos.
"Acho extremamente irónico que representantes do governo chinês (...) tenham criticado os Estados Unidos por causa do debate que estamos a ter atualmente sobre o TikTok", afirmou Burns durante uma discussão "online" organizada pelo East-West Center, uma organização de investigação sediada nos Estados Unidos.
"Eles nem sequer querem que o TikTok seja acessível aos 1,4 mil milhões de chineses", afirmou.
A ByteDance, uma empresa privada, tem uma aplicação irmã do TikTok na China, chamada Douyin, que é popular e específica para o mercado doméstico.
A China mantém um sistema de censura que obriga as redes sociais chinesas a eliminar conteúdos que considera politicamente sensíveis.
Google, Facebook, YouTube ou Instagram estão inacessíveis na China.
No entanto, este bloqueio pode ser contornado através da utilização de redes privadas virtuais, conhecidas como VPN, serviços que alguns chineses compram e têm nos seus telemóveis ou computadores.