Pelo menos 52 palestinianos morreram e mais de 1900 ficaram feridos esta segunda-feira junto à fronteira do enclave de Gaza durante um protesto contra a deslocalização da Embaixada dos Estados Unidos para Jerusalém.
A cerimónia de inauguração da nova Embaixada dos Estados Unidos em Israel teve início às 16h00 locais (14h00 em Lisboa), mas os protestos começaram logo ao início do dia. De acordo com responsáveis de saúde da Faixa de Gaza, pelo menos 52 palestinianos morreram e mais de 1900 ficaram feridos só esta segunda-feira, em resultado da intervenção dos soldados israelitas ao longo da fronteira.
Entre os feridos, pelo menos 772 pessoas foram atingidas por munições reais. As restantes foram atingidas por balas de aço, revestidas de borracha, ou ficaram feridas na sequência de inalação de gás lacrimogéneo.
O exército israelita esperava pelo menos 100 mil manifestantes na zona fronteiriça durante o dia e triplicou o número de soldados na Faixa de Gaza. Na véspera, vários caças lançaram planfletos na Faixa de Gaza em que as forças de segurança avisavam que iriam atuar "contra qualquer tentativa de danificar a vedação de segurança ou atacar soldados ou civis israelitas".
Desde as primeiras horas da manhã que vários manifestantes estão a tentar ultrapassar a zona protegida pelo exército israelita que separa Israel e o enclave de Gaza. Os palestinianos insurgem-se contra a decisão do Presidente norte-americano de deslocalizar a Embaixada dos Estados Unidos de Telavive para Jerusalém, uma decisão que rompe com o consenso internacional sobre esta questão.
A manifestação de hoje é o culminar da "Marcha do Retorno", uma onda de protestos iniciada no fim de março que reivindica o direito ao regresso dos palestinianos aos territórios ocupados por Israel. De acordo com os dados da ONU, pelo menos 711 mil árabes palestinianos fugiram ou foram expulsos após a fundação do Estado de Israel, em 1948. Nas últimas seis semanas morreram 49 pessoas, a juntar às vítimas desta segunda-feira.
O crescendo dos protestos acontece no dia em que Israel celebra os 70 anos da declaração de independência e nascimento do Estado hebraico. Na terça-feira os palestinianos assinalam sete décadas desde o início da Nakba ("Catástrofe" em árabe), ou seja, a expulsão da primeira vaga de palestinianos que tiveram de procurar refúgio fora da sua terra.