O Partido Socialista de Espanha, de Pedro Sánchez, perdeu no domingo para os conservadores as eleições em cinco das nove regiões autónomas que governava. Já o Partido Popular (PP, de direita) conquistou oito vitórias, duas delas com maioria absoluta, em Madrid e La Rioja. A imprensa espanhola descreve o resultado como um "descalabro" e um "desastre" para o partido do primeiro-ministro e como o PP "arrasou" com uma vitória "sem paliativos".
Com praticamente todos os votos apurados, o partido do Executivo espanhol mostrou a sua vulnerabilidade eleitoral antes das eleições gerais, tendo perdido para os conservadores de direita da oposição. Só três das 12 regiões que foram a eleições vão manter o domínio socialista, e ainda assim por pouca diferença. A restante maioria elegeu o PP ou coligações e acordos informais com o partido de extrema-direita Vox.
Às 23h30 locais de domingo, com mais de 98 por cento dos votos autárquicos apurados, o PP tinha já conseguido 31,5 por cento dos votos e conquistado 23.248 deputados, enquanto o PSOE tinha obtido 28,1 por cento dos votos e conquistado 20.676 deputados.O PSOE, à frente do Governo nacional desde 2018, liderava os executivos regionais de nove autonomias e perderam em quatro - Aragão, Baleares, Comunidade Valenciana e La Rioja -, mantendo outras quatro - Astúrias, Canárias, Castela La Mancha e Navarra. Já na Estremadura, quando estavam contados 97 por cento dos votos, o PSOE era o partido mais votado, mas elegia o mesmo número de deputados do que o PP.
Considerando os resultados das últimas horas, há possibilidade de haver uma aliança pós-eleitoral entre PP e Vox, que levará a direita ao poder da Estremadura e tirará também aos socialistas o governo desta comunidade autónoma.
O PP ganhou ainda na Cantábria, região que era governada pelo Partido Regionalista da Cantábria, com o apoio do PSOE. Assim, o PP poderá ficar a governar oito regiões, a que se juntam a Andaluzia e Castela e Leão, que anteciparam para 2022 as eleições e que o Partido Popular também ganhou.
Recorde-se que o PP só governava duas das regiões que no domingo foram a votos (Madrid e Múrcia, que manteve). O resultado das regionais de Espanha, este fim de semana, alterou o mapa anterior, dominado pelo PSOE.
"O mapa muda completamente e é um impulso para Alberto Nuñez Feijóo - o novo líder do PP - antes das eleições do final do ano", explicou à Reuters Ignacio Jurado, professor de ciência política da Universidade Carlos III.
Os resultados do Partido Popular indicam que os conservadores podem vencer contra a atual coligação de esquerda liderada pelo Partido Socialista Obrero Español se repetirem o desempenho nas eleições gerais de dezembro. Contudo, há poucas maiorias claras, exceto na região de Madrid, onde a presidente regional Isabel Diaz Ayuso do PP quase atingia a maioria absoluta.
PP reivindica vitória
Os conservadores do PP conquistaram importantes regiões de poder e reforçaram ainda o poder nas zonas que já governavam. Para Cuca Gamarra, porta-voz do PP, os resultados são uma prova irrefutável da vontade de mudança em Espanha.
“O povo espanhol falou e falou de forma clara e contundente – e o que disseram hoje é que o Partido Popular venceu as eleições municipais e regionais”, disse em conferência de imprensa quando saíram os primeiros resultados, no domingo à noite.
Mais tarde, o líder do Partido Popular de Espanha, atualmente na oposição, reivindicou também uma vitória clara nas eleições regionais e municipais, considerando-as como o início de "um novo ciclo político" no país.
"Espanha iniciou um novo ciclo político", disse Alberto Núñez Feijóo, numa declaração a milhares de apoiantes do PP que se concentraram no domingo à noite em frente da sede do partido, em Madrid.
Feijóo, antigo presidente do governo regional da Galiza, foi eleito presidente do PP há pouco mais de um ano e teve no domingo o seu primeiro teste eleitoral.
"Ganhou a centralidade frente ao radicalismo", afirmou ainda, acrescentando que o PP recuperou "a melhor versão" do partido, aquele que "que sintoniza com a maioria de Espanha", "centrado, amplo, onde cabe a imensa maioria dos espanhóis".
Para o líder do partido de direita, o novo ciclo que se iniciou com após estes resultados em Espanha vai prosseguir "nos próximos meses".
"Sei que o meu momento chegará se os espanhóis quiserem", disse o líder do PP.
“Não são apenas eleições para escolher um prefeito ou um governo regional”, disse ainda o líder do PP. "O sanchismo manchou tudo e tenho medo de ter que dizer, com respeito mas com tristeza, que o primeiro-ministro do meu país não tem limites. O seu partido não conseguiu detê-lo e, portanto, devemos fazê-lo juntos como espanhóis”.
Na mesma onde, o partido Vox reivindicou os resultados tanto nas regionais, onde aumentou a representação nos parlamentos autonómicos, como nas municipais, onde alcançou 7,19 por cento dos votos globais (tinha tido 3,56 por cento nas autárquicas anteriores, de 2019). O PP só conseguirá governar em algumas das regiões e municípios onde ganhou as eleições no domingo com o apoio do Vox.
Para o líder do partido da extrema-direita, Santiago Abascal, no domingo, o VOX "consolidou-se como projeto nacional" e como partido "absolutamente necessário" para construir uma alternativa à esquerda em Espanha.
Já Pedro Sánchez não fez declarações e coube à porta-voz do PSOE e ministra da Educação, Pilar Alegria, fazer uma breve declaração aos jornalistas em que admitiu o "mau resultado".
Líderes regionais dos socialistas admitiram também a derrota e falaram num “tsunami” que atingiu o PSOE por todo o território.
Imprensa espanhola fala em "descalabro" socialista
A imprensa espanhola tem em destaque "o descalabro" do partido socialista e do primeiro-ministro, Pedro Sánchez, nas eleições municipais e regionais de domingo em Espanha e como o PP "arrasou" com uma vitória "sem paliativos".
"O PP arrasa em Madrid e multiplica o seu poder territorial", lê-se na manchete da edição impressa desta segunda-feira do jornal El País, que no editorial escreve que o Partido Popular conseguiu "um êxito sem paliativos", embora enfrente agora a decisão de aceitar ou não alianças com o Vox (extrema-direita) para governar várias regiões autónomas e cidades espanholas. Num outro título, o mesmo jornal escreve que foi o “antisanchismo" que levou o PSOE a esta derrota e prejudicou vários barões regionais e locais do partido.
Já o jornal El Mundo escreve também que "o PP arrasa e o castigo a Sánchez apaga o PSOE do mapa". O diário defende que "Espanha castiga a forma de governar de Sánchez" e que o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, "impulsiona a mudança" num país governado pelos socialistas desde 2018 e que terá dentro de seis meses, em dezembro, eleições legislativas nacionais.
Para El Mundo, estas eleições acabaram por ditar uma condenação às "alianças com populistas e independentistas" de Pedro Sánchez, que governa Espanha coligado com a plataforma de extrema-esquerda Unidas Podemos e que tem feito pactos com partidos catalães e bascos para aprovar leis como os orçamentos do Estado.
Já o ABC escreve igualmente que o "PP arrasa e Sánchez arrasta o PSOE para o descalabro" e que a "perda de poder territorial" por parte dos socialistas "não encontra precedentes".
O mapa regional e autárquico de Espanha deixou de ser dominado pelos socialistas com as eleições regionais e locais de domingo, que o PP ganhou, reivindicando o início de um "novo ciclo político" no país.
c/ agendas