As convenções, republicana e democrática, nas quais será nomeado o
candidato à Casa Branca e aprovado o seu programa, irão decorrer,
respetivamente, entre 15 e 18 de julho e entre 19 e 22 de agosto. A eleição do, ou da, 47º presidente dos EUA terá lugar a 5 de novembro.
O ano de 2024 regista algumas modificações no calendário partidário habitual, mas permanece fulcral a "super terça-feira", que este ano recai a 5 de março, quando uma dezena de Estados, incluindo o Texas e a Califórnia, irão realizar primárias e caucus.
Até finais de março, mais de 50 por cento dos Estados terão votado nos seus candidatos preferidos, desenhando-se assim as principais tendências de escolha.
Seis meses de eleições
A escolha popular para os dois candidatos finais, que irão representar o Partido Democrata e o Partido Republicano na última fase da corrida à Casa Branca, decorre assim na primeira metade do ano. Nalguns Estados o processo pode durar dias ou até semanas.
Esta primeira eleição do candidato preferencial de cada partido faz-se através de dois processos eletivos diversos, os caucus e as primárias, de acordo com regras próprias de cada Estado ou território.
As primárias podem ser de dois tipos, "abertas", quando qualquer pessoa pode participar, e "fechadas", quando um eventual eleitor é obrigado a inscrever-se num partido para poder votar.
Já os caucus são reuniões ou agrupamentos de apoiantes ou de membros de um partido específico e que tanto podem ser, como não ser, eletivos.
Este ano arranca logo com novidades.
Os caucus do Iowa, dia 15, só terão reflexos eletivos para o Partido Republicano. Os eleitores democratas que participem nos caucus do seu partido não irão votar em qualquer candidato. A votação irá decorrer, por correio, de 12 de janeiro até 5 de março, data em que serão divulgados os resultados.
A importância dos delegados
Nesta primeira fase, entre janeiro e junho, cada Estado elege delegados às respetivas convenções partidárias, das quais sairá nomeado o candidato à Casa Branca.
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Os republicanos elegem 2.469 delegados para a convenção de julho, que irá decorrer em Milwaukee, Winconsin, dos quais 2.365 são delegados comprometidos com um dado candidato e 104 descomprometidos.
É estimada uma minoria de 1.235 votos para um candidato conseguir a nomeação do partido republicano logo à primeira volta.
Os delegados comprometidos são obrigados a votar pelo candidato que representam, pelo menos numa primeira votação. Nalguns Estados e territórios, todos os delegados republicanos eleitos são descomprometidos.
O Partido Republicano elege delegados de diversas formas, consoante as regras de cada Estado.
Nuns, o candidato mais votado arrebanha simplesmente todos os representantes. Geralmente, a atribuição de todos os delegados a um único vencedor com base unicamente no voto popular só é permitida pelo Partido Republicano em primárias ou caucus após 15 de março.
Noutros Estados, os delegados são distribuídos proporcionalmente por candidato, normalmente desde que este obtenha um mínimo de 20 por cento de votos, ou atribuindo a totalidade dos delegados a um único candidato se este obtiver 50 por cento ou mais da votação.
Há ainda Estados que preferem um modelo híbrido. Nalguns conta apenas para a eleição dos delegados o resultado a nível geral, noutros é seguida uma combinação de resultados, estatais e jurisdicionais ou distritais. Algumas vezes, as regras de eleição de delegados diferem entre delegados estatais face aos eleitos por distrito.
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Para a sua convenção marcada para agosto, em Chicago, Illinois, os democratas elegem 4.750 delegados, 3.945 comprometidos e 746 descomprometidos.
Para conseguir a nomeação logo à primeira volta, um candidato democrata
necessita no mínimo de 1.991 dos votos comprometidos. Caso contrário, e
se a eleição for contestada, terá lugar uma segunda votação, na qual
todos os 4.750 delegados têm liberdade de voto. Para conseguir ser
nomeado, um candidato terá então de obter 2.375.5 votos.
Desde 2020 que os delegados descomprometidos só participam na primeira eleição da convenção se esta for incontestada.
A eleição dos delegados democratas é proporcional, estabelecendo como limite a obtenção mínima de 15 por cento dos votos num dado Estado ou território.
Esta contagem segue geralmente tanto o voto estatal como o voto
distrital. O método permite que um candidato que não ultrapasse o limite
na eleição estatal possa ainda assim eleger um ou mais delegados num
distrito em que tenha obtido votação superior a 15 por cento.
O pesadelo de Trump
Um dos principais argumentos usados por Trump para convencer os eleitores é denunciar os resultados de 2020 como fraudulentos.
Desde logo pelos diversos processos que correm contra si e que o acusado
descreve como "caça às bruxas" com motivações políticas.
Mas, pela primeira vez na história dos Estados Unidos da América, um
candidato pode ser afastado das eleições pelo crime de "insurreição".
Decisões para já suspensas à espera de pronunciamento superior.
O Supremo Tribunal dos EUA está a avaliar se Donald Trump é ou não elegível para as eleições presidenciais.
Até estes anúncios, as cerca de 30 queixas e petições para remover
Donald Trump dos boletins de voto, apresentadas em outros tantos
Estados, tinham sido sistematicamente rejeitadas.
Uma vez que Trump lidera por larga margem as sondagens das preferências
republicanas, o seu afastamento da candidatura por ordem judicial iria
fazer recair a escolha em candidatos potencialmente mais fracos, algo
que poderia favorecer os democratas.
Os candidatos
Este ano deverá repetir a fórmula de 2020 quanto aos principais candidatos à nomeação, embora em posições trocadas.
Perfilam-se novamente como Joe Biden, pelos democratas, o atual 46º presidente, que busca a reeleição, contra o ex-presidente Donald Trump, pelos republicanos, que em 2020 corria como 45º presidente e que agora vai tentar vencer Biden, para quem perdeu o cargo.
Ambos surgem como os líderes das sondagens, contudo, há margem para suspense. Por um lado, Trump poderá vir a ser afastado da corrida por via judicial, por outro a saúde frágil de Joe Biden poderá revelar-se um fator crucial.
No início da corrida em janeiro perfilam-se 12 candidatos. Dez irão ficar pelo caminho.
Candidatos Democratas
Joe Biden - 81 anos
Presidente dos EUA, o mais idoso de sempre, procura a reeleição, praticamente sem opositores democratas.
Foto: Kevin Lamarque - Reuters
Marianne Williamson - 71 anos
Autora de livros de autoajuda, ex-conselheira espiritual de Oprah Winfrey, concorreu também em 2020.
Foto: Scott Morgan - Reuters
Dean Phillips – 55 anos
Representante do Minnesota desde 2018, democrata moderado, herdeiro de uma empresa de vinhos, contesta Joe Biden devido à idade deste.
Foto: Brian Snyder - Reuters
Candidatos Republicanos
Donald Trump – 77 anos
Empresário, magnata, 45º presidente dos EUA, concorre à reeleição em clima de batalhas judiciais e acusado de insurreição, que podem afasta-lo da corrida.
Foto: Rachel Mummey - Reuters
Nikky Haley – 52 anos
Ex-governadora da Carolina do Sul e ex-embaixadora da ONU sob Trump, de família de imigrantes, apresenta-se como face “da nova geração da liderança”.
Foto: Scott Morgan - Reuters
Ron DeSantis – 45 anos
Governador da Florida, contesta medidas anti-Covid, o ensino liberal do racismo nas escolas, a agenda política da Disney e os direitos LGBTQ.
Foto: Faith Ninivaggi - Reuters
Vivek Ramaswamy – 38 anos
Empresário, multimilionário, autor, anti-“woke”, opõe-se à responsabilização corporativa em áreas políticas, sociais e ambientais.
Foto: Caitlin O’Hara - Reuters
Asa Hutchinson – 73 anos
Ex-governador do Arkansas, experiente no Governo federal, crítico assumido de Donald Trump, que responsabiliza pelo assalto ao Capitólio em janeiro de 2021.
Foto: Alyssa Pointer - Reuters
Ryan Binkley – 76 anos
Empresário e pastor do Texas, nunca concorreu, apresenta-se como “unificador”, propõe reformas migratórias e equilíbrio orçamental federal em sete anos.
Foto: Scott Morgan - Reuters
Candidatos Independentes
Robert F.Kennedy Jr - 70 anos
Sobrinho do president John F.Kennedy, ativista anti-vacinas, concorreu pela nomeação democrata antes de se anunciar como independente.
Foto: Reuters
Cornel West - 70 anos
Ex-professor de filosofia em Yale, Princeton e Harvard. Ativista progressivo conhecido pelas suas críticas acutilantes ao presidente Barack Obama.
Foto: Mark Kauzlarich - Reuters
Jill Stein – 73 anos
Médica, ativista climática, candidata pelos Verdes em 2012 e 2016, defende uma “legislação de direitos económicos” e os direitos ao aborto e dos transgénero.
Foto: Jim Young - Reuters