Eleições Moçambique. Ex-PR Joaquim Chissano elogia "progresso visível" num país em paz

por Lusa
Grant Lee Neuenburg - Reuters (arquivo)

O ex-Presidente moçambicano Joaquim Chissano (1986-2005) disse hoje que Moçambique tem sabido manter a paz e ultrapassar o estatuto de "país paupérrimo" para um de "progresso visível".

As declarações do antigo chefe de Estado foram realizadas em Maputo, à margem das celebrações centrais do Dia da Paz e Reconciliação Nacional, que assinala hoje o 32.º aniversário do acordo de paz que pôs fim à guerra dos 16 anos, opondo o exército governamental e a guerrilha da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).

Numa praça onde apenas se viam bandeiras e apoiantes da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) - no poder desde a independência, em 1975 -, Chissano assinalou que após 1992 registaram-se "incidentes no centro do país", mas sem se generalizar ao restante território moçambicano.

"Hoje, temos uma guerra diferente, que ainda tem muito que se dizer para se explicar a guerra desnecessária que se está a travar em Cabo Delgado, mas podemos dizer que é uma guerra localizada no nosso vasto país", afirmou.

"[Mas], em geral, podemos dizer que mantivemos a paz desde 1992 até agora e, portanto, há que congratular o povo moçambicano. Não só porque manteve a paz, mas porque soube transformar o nosso país, de um país paupérrimo para um país de progresso, um progresso visível em vários setores da atividade", acrescentou.

O ex-Presidente pediu ainda "ideias positivas", passíveis de concretizar, e inovadoras, para que seja possível reforçar a paz e resolver os problemas que ainda subsistem.

"O meu apelo é que essa paz seja continuada e reforçada, porque sem ela não se pode fazer o desenvolvimento ou resolver os problemas que temos. Todos os problemas devem ser resolvidos no diálogo com a participação de todos, desde o fornecimento de ideias positivas, implementáveis, (...) para correção, mas sobretudo para inovar, para que possamos ter o Moçambique que nós queremos", disse.

Por fim, Chissano dirigiu-se sobretudo aos jovens, num país em que, segundo o Fundo da ONU para a População quase 80% dos moçambicanos tem menos de 35 anos: "Apelo sobretudo à juventude para que (...) aprenda a viver em paz consigo própria. Esse é o grande apelo que eu lanço, para o desenvolvimento de Moçambique".

A guerra de 16 anos, que causou milhares de mortos, terminou em 1992, com a assinatura do Acordo Geral de Paz, em Roma, entre o então Presidente, Joaquim Chissano, e Afonso Dhlakama, líder histórico da Renamo, que morreu em maio de 2018.

Em 2013 sucederam-se outros confrontos entre as partes, durante 17 meses, e que só pararam com a assinatura, em 05 de setembro de 2014, do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares, entre Dhlakama e o antigo chefe de Estado Armando Guebuza.

Em 06 de agosto de 2019 foi assinado o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, o terceiro e que está a ser materializado, entre o atual Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade, prevendo, entre outros aspetos, a Desmilitarização, Desarmamento e Reintegração (DDR) do braço armado do principal partido da oposição.

As eleições gerais que se realizam esta quarta-feira serão as primeiras em Moçambique sem um braço armado no maior partido da oposição. São as sétimas eleições presidenciais, que decorrem em simultâneo com as sétimas legislativas e quartas para assembleias e governadores provinciais.

A campanha eleitoral termina este domingo e mais de 17 milhões de eleitores estão inscritos para votar.

Concorrem à Presidência Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, Ossufo Momade, apoiado pela Renamo, maior partido da oposição, Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força parlamentar, e Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos).

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