Eleitores em Cabo Delgado que votam hoje nas eleições gerais moçambicanas pediram ao próximo Presidente do país que acabe com o terrorismo que afeta aquela região do norte de Moçambique há mais de sete anos.
Elias Tobias, de 28 anos, estava na Escola Secundária de Pemba, logo às 06:00 locais (05:00 em Lisboa), uma hora antes da abertura das urnas, para ser um dos primeiros a exercer o seu direito cívico, e disse a agência Lusa esperar do futuro presidente moçambicano o fim das ações dos rebeldes que ceifam vidas humanas.
"O futuro Presidente, para mim, gostava que fizesse coisas boas e acabar com o terrorismo, já lá vão sete anos, é muito, já perdemos muitas vidas que hoje estariam aqui também a depositar votos. Gostaria que terminasse esse assunto para vermos outras coisas" disse, numa fila com centenas de eleitores que aguardavam pacientemente a vez de serem chamados.
No local estava também Samuel Dausse, 57 anos, que saiu de Maputo para Cabo Delgado há cerca de 10 anos atrás de uma oportunidade de trabalho, mas o terrorismo deixou-o sem emprego.
"Acabe com o terrorismo na província de Cabo Delgado", pediu igualmente ao próximo Presidente, considerando que esta é uma condição necessária para que haja uma melhoria da empregabilidade.
O diretor do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) na província de Cabo Delgado, Cassamo Camal, disse que todos os 772 locais de votação foram abertos pelas 07:00 (06:00 em Lisboa), incluindo nas zonas afetadas pelas ações dos rebeldes.
"Nas zonas do terrorismo, nós temos as mesas a funcionar. Estamos a falar dos distritos de Quissanga, Macomia e Meluco", disse o responsável.
Apesar da insegurança, as autoridades garantem que a votação nos distritos assolados pelo terrorismo vai decorrer até às 18:00 (17:00 em Lisboa), hora estabelecida pela Comissão nacional de Eleições de Moçambique.
A província de Cabo Delgado tem 1.407.467 eleitores, 2.191 mesas de votação e 15. 337 membros de mesa de votação, distribuídos em 17 distritos.
A CNE recenseou 17.163.686 eleitores, incluindo 333.839 que vão votar em sete países africanos e dois europeus.
As eleições gerais de hoje incluem as sétimas presidenciais - às quais já não concorre o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite constitucional de dois mandatos - em simultâneo com as sétimas legislativas e quartas para assembleias e governadores provinciais.
Concorrem à Presidência da República Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM, terceira força parlamentar), Daniel Chapo, com o apoio da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder desde 1975), Venâncio Mondlane, apoiado pelo partido extraparlamentar Podemos, e Ossufo Momade, com o apoio da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, maior partido da oposição).
A publicação dos resultados da eleição presidencial pela CNE, caso não haja segunda volta, demora até 15 dias, antes de seguirem para validação do Conselho Constitucional, que não tem prazos para proclamar os resultados oficiais após analisar eventuais recursos.
A votação inclui legislativas (250 deputados) e para assembleias provinciais e respetivos governadores de província, neste caso com 794 mandatos a distribuir. A CNE aprovou listas de 35 partidos políticos candidatas à Assembleia da República e 14 partidos políticos e grupos de cidadãos eleitores às assembleias provinciais.
As eleições contam com mais de 184.500 membros de mesas de voto, distribuídos pelos 154 distritos do país (180.075) e fora do país (4.436).