O candidato presidencial Daniel Chapo, secretário-geral da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder), apelou hoje ao "perdão" e "reconciliação" no país, ao participar nas cerimónias do Dia da Paz, em Maputo.
"Não há desenvolvimento sem a paz. A paz é um bem primordial para o desenvolvimento do nosso país. Por isso queria aproveitar esta ocasião para apelar aos moçambicanos para continuarmos a cultivar este espírito de paz, porque só com a paz é que é possível desenvolver o nosso país", afirmou Chapo, em declarações aos jornalistas, à margem da cerimónia, a que preside o chefe de Estado, Filipe Nyusi.
O candidato, que interrompeu a campanha eleitoral em curso, falava na capital moçambicana durante as celebrações centrais do Dia da Paz e Reconciliação Nacional, que assinala hoje o 32.º aniversário do acordo de paz que pôs fim à guerra dos 16 anos, opondo o exército governamental e a guerrilha da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).
"O sentimento é trabalharmos para podermos, em primeiro lugar, alcançar a vitória. Mas depois ser Presidente de todos os moçambicanos e que as oportunidades sejam iguais para todos os moçambicanos, que sejamos todos irmãos e que o diálogo prevaleça, primeiro na família e depois espalhar-se para todos os moçambicanos. E cultivarmos esse espírito de perdão, espírito de reconciliação e espírito da paz", insistiu Daniel Chapo, nas declarações aos jornalistas.
O conflito, que deixou milhares de mortos, viria a terminar em 1992, com a assinatura do Acordo Geral de Paz, em Roma, entre o então Presidente, Joaquim Chissano, e Afonso Dhlakama, líder histórico da Renamo, que morreu em maio de 2018.
Em 2013 sucederam-se outros confrontos entre as partes, durante 17 meses, e que só pararam com a assinatura, em 05 de setembro de 2014, do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares, entre Dhlakama e o antigo chefe de Estado Armando Guebuza.
Alguns anos depois, em 06 de agosto de 2019, foi assinado o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, o terceiro e que está a ser materializado, entre o atual Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade, prevendo, entre outros aspetos, a Desmilitarização, Desarmamento e Reintegração (DDR) do braço armado do principal partido de oposição.
As eleições gerais de 09 de outubro serão as primeiras em Moçambique sem um braço armado no maior partido da oposição.
Moçambique realiza na próxima quarta-feira as sétimas eleições presidenciais - às quais já não concorre o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite constitucional de dois mandatos - em simultâneo com as sétimas legislativas e quartas para assembleias e governadores provinciais.
A campanha eleitoral termina no domingo.
Mais de 17 milhões de eleitores estão inscritos para votar na quarta-feira, incluindo 333.839 recenseados no estrangeiro, segundo dados da Comissão Nacional de Eleições.
Concorrem à Presidência Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Ossufo Momade, apoiado pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido da oposição, Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força parlamentar, e Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos).