Eleições Moçambique. Advogados pedem a PR "diálogo genuíno" que evite "banho de sangue" na quinta-feira

por Lusa

A Ordem dos Advogados de Moçambique apelou hoje ao Presidente da República para iniciar um "diálogo genuíno", incluindo com Venâncio Mondlane, evitando um "banho de sangue" na quinta-feira, dia de manifestação nacional em Maputo convocada por aquele candidato presidencial.

"Existem todos os condimentos para que haja efetivamente um banho de sangue amanhã e nós, como sociedade, não devemos permitir isso. Nós entendemos que chegou a altura da apelarmos, e de convocarmos mesmo sua excelência o senhor Presidente da República para convocar o Conselho de Estado, no sentido de se aconselhar e abrirem-se linhas de diálogo", disse, em conferência de imprensa, em Maputo, o bastonário da Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM), Carlos Martins.

"Devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para efetivamente amainar os ânimos, os ânimos estão muito exaltados neste momento (...). Mas um diálogo profundo, sincero, genuíno, sobre aquilo que são os reais problemas que se levantam neste momento", afirmou o bastonário, assumindo que Venâncio Mondlane, um dos quatro candidatos presidenciais às eleições gerais de 09 de outubro, que reivindica a vitória eleitoral, deve participar nesse diálogo.

O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique a 24 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, conforme apelo de Venâncio Mondlane.

Segundo a CNE, Venâncio Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este afirmou não reconhecer estes resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

Após protestos nas ruas nos dias 21, 24 e 25, que paralisaram o país, o candidato Venâncio convocou novamente a população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de outubro, com protestos nacionais nas ruas que têm degenerado em violência e intervenção da polícia, e uma manifestação concentrada em Maputo no dia 07 de novembro.

O ministro da Defesa Nacional de Moçambique, Cristóvão Chume, reconheceu terça-feira sinais de "intenção firme e credível de alterar" a ordem constitucional, avisando que, se o escalar da violência continuar, as Forças Armadas serão chamadas a "proteger" o Estado.

"Se o escalar da violência continuar não se coloca outra alternativa senão mudarmos as posições das forças no terreno e colocarmos as Forças Armadas a proteger aquilo que são os fins do Estado", disse o ministro, numa conferência de imprensa em Maputo, assumindo que neste momento os militares estão no terreno apenas no apoio às restantes forças de segurança e à população.

"Nós dissemos que é credível os atos preparatórios para a alteração do poder democraticamente instituído", apontou Chume, na mesma intervenção, junto com outros membros do Conselho de Ministros, referindo-se aos apelos do candidato presidencial Venâncio Mondlane, nomeadamente a marchas com destino aos órgãos do poder.

Antes da intervenção, foi apresentado um vídeo com elementos que demonstram a violência de algumas manifestações que se realizaram no país nos últimos dias.

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