Eleições EUA. Críticas da oposição, memes na Internet e o discurso da "risonha" Kamala Harris

Kamala Harris concorre à Presidência dos Estados Unidos num percurso eleitoral conturbado, tendo emergido como candidata democrata após o desempenho considerado desastroso de Joe Biden contra o opositor Donald Trump. A mudança de candidato pelo Partido Democrático, em plena campanha, veio alterar o rumo desta corrida à Casa Branca: mudou o rosto da campanha democrata, o candidato republicano passou a ser o mais velho nesta disputa por um dos cargos mais importantes do mundo e, consequentemente, mudou o tom das críticas à sua rival, questionando repetidamente se esta seria competente para liderar o país. Mulher, de ascendência negra e asiática e mais nova que o antecessor, a vice-presidente norte-americana já foi apelidada de "cacarejante", "rainha do riso", "comunista" e "czar da fronteira", destacando-se nesta campanha pela linguagem menos coloquial, pelo riso muitas vezes censurado e pelos memes virais na Internet.

Tornou-se a primeira mulher negra e com ascendência asiática, filha de dois imigrantes, a assumir o cargo de vice-presidente dos Estados Unidos, em janeiro de 2021. Apesar da novidade inicial quando tomou posse, Kamala Harris foi criticada ao longo do mandato na Administração de Joe Biden por ter uma presença pública considerada discreta. A somar a isso, a número dois do presidente dos EUA era tema nos meios de comunicação, ou entre os opositores, por discursos considerados confusos ou por se rir alegadamente fora de contexto.

A candidata democrata enfrenta, desde então, críticas em várias frentes, que variam consoante o contexto político, o papel que assume na Administração norte-americana, as pressões políticas e públicas e ainda dos meios de comunicação.

Donald Trump é conhecido pela tendência de se referir aos oponentes ou aos apoiantes da oposição com alcunhas, por vezes, desagradáveis ou insultuosas, normalmente focando-se traços físicos ou particularidades da pessoa em questão. Mas quanto a Kamala Harris, parece ter uma lista com diversas alcunhas. Ainda era só apontada como potencial sucessora de Biden, perante o fraco desempenho deste na campanha, quando o candidato do Partido Republicano começou a intensificar os ataques a Kamala, desprezando a capacidade desta para as vencer eleições.

“Eu tirei-o [a Joe Biden] da corrida, e isso significa que temos Kamala”, disse Trump num vídeo divulgado na rede social Truth Social. “Ela é tão má. Ela é tão patética. Ela é tão [palavrão] má”.



O antigo chefe de Estado continuou então a somar alcunhas e referências depreciativas para criticar a vice-presidente democrata.

“Aplausos à nossa potencial nova desafiante democrata, Laffin' Kamala Harris”, escreveu Trump, usando o termo “laffin” que na gíria se refere a pessoas que se riem, ecoando com os conservadores que já tinham divulgado vídeos da vice-presidente a rir, num aparente esforço para a tentar desacreditar.



Não era, contudo, a primeira vez que os republicanos apontavam o dedo a Kamala Harris pela forma como se ria e como isso lhe podia retirar credibilidade. Uma declaração na página oficial da campanha de Donald Trump, sobre as capacidades cognitivas de Joe Biden, já se referia à vice-presidente como a “copiloto cacarejante Kamala Harris”.

“Eu chamo-lhe Kamala Risonha. Já a viram a rir? Ela é louca. Pode-se dizer muita coisa com uma risada. Não, ela é louca. Ela é maluca”
, disse o candidato republicano num comício ainda no verão, voltando a sugerir incompetência à democrata.

O ex-presidente, que raramente mencionava Harris até ao debate em que Biden teve um desempenho desastroso, acabou por trocar o "Laffin' Kamala" para "Lyin' Kamala" e depois por "Crazy Kamala", intercalando ainda com trocas nas na grafia do nome da candidata opositora, como “Kamabla” e “Crazy Kamabla”.

Para Joe Biden, Trump não variou muito nos adjetivos que arranjava. Entre criticar o facto de ser mais velho e de lhe chamar “dorminhoco Joe”, o ex-presidente era constante no tipo de ataques. Mas a candidatura de Kamala Harris veio alterar até a sua campanha e o tipo de piadas que faz, caricaturando a opositora, o que pode explicar, segundo os especialistas, a dificuldade em manter só uma alcunha para a democrata.
Coqueiros e gargalhadas viralizam nas redes sociais
A campanha de Kamala Harris, contudo, parece ter conseguido usar as ofensas e os ataques republicanos a seu favor. Alguns analistas, e até críticos, consideram que a candidata tem um estilo comunicativo mais acessível, principalmente pelo riso fácil que tanta discussão tem gerado.

Harris tenta usar o humor, embora mantendo um discurso formal, para se conectar com os eleitores e com diferentes públicos, de forma a tentar transmitir uma mensagem de maior proximidade.

A retórica de Kamala Harris “é dirigida à sua audiência”, que nas eleições norte-americanas é “uma base eleitoral que já está adquirida”, explicou à RTP a investigadora Sandra Fernandes, diretora do Centro de Investigação em Ciência Política da Universidade do Minho.

Os discursos dos candidatos à Casa Branca são “sempre muito focados (…) nos tais eleitores que têm de ser ainda conquistados” e, segundo a Professora Sandra Fernandes, “uma das críticas que aliás é feita à Kamala, e que explica em certa medida porque é que a campanha estagnou depois de uma descolagem fulgurante, (…) é que ela parece sempre muito contida e muito controlada”. Contrariamente a Kamala Harris, Trump “fala o que lhe passa pela cabeça”.

Uma das característica que permite à candidata do Partido Democrático ter um “ar mais credível” é o facto de, “de repente, Trump é o velho da campanha”. Até à candidatura de Harris, a campanha republicana usava o argumento de que Joe Biden estava velho demais.

“Isto virou-se completamente contra Trump”, disse a investigadora, acrescentando que Kamala Harris “é jovem, é dinâmica, é muito articulada”.

“Deixando de ver o espelho de Biden, [Trump] passou a ser o velho da campanha. Acho que isso, do ponto de vista da Kamala, está a ser trabalhado e capitalizado. E se calhar permite-lhe ter uma postura menos formatada e rígida, que ela de facto tem, mas de repente passou a ser a ‘jovem da campanha’, num efeito inesperado da saída de cena de Biden”. Os memes e as brincadeiras nas redes socais podem comprovar que a equipa de campanha de Kamala Harris tem tentado chegar aos eleitores mais jovens e transformar a candidata na uma presença constante e quase viral na Internet.

Tudo começou com a piada sobre um coqueiro, quando Harris discursava, no ano passado, sobre educação e mencionou uma expressão que costumava ouvir da mãe, quando era criança.

"Às vezes, ela dava-nos na cabeça e dizia: 'Não sei o que há de errado convosco, jovens. Vocês acham que acabaram de cair de um coqueiro? Vocês existem no contexto de tudo aquilo que vivenciam e do que veio antes de vocês'", disse Kamala Harris, na altura.


A frase foi partilhada pela oposição e pelos mais críticos, que acusaram Harris de estar "bêbada" ou "louca". Por outro lado, criadores de conteúdo produziram vídeos com segmentos dos discursos no TikTok, e de repente emojis de coqueiros inundaram as redes sociais. Alguns dos apoiantes de Kamala Harris, inclusive, começaram a chamar a campanha da candidata democrata como “Operação Coqueiro”.

O senador Brian Schatz, do Havai, confirmou o apoio a Harris no X ao publicar uma fotografia sua a trepar a um coqueiro, enquanto o governador do Colorado, Jared Polis, publicou emojis de um coco, uma palmeira e a bandeira norte-americana.

Outro momento importante para a campanha de Harris foi quando a conta oficial da cantora Charli XCX escreveu "kamala IS brat" no X, uma referência ao seu álbum "brat”, que saiu este verão e que os mais novos apelidaram de “summer brat” (“verão dos pirralhos”, traduzindo).

A palavra “brat” foi descrita pela cantora como representação de uma "rapariga que é um pouco desarrumada e gosta de festejar e talvez diga algumas coisas estúpidas às vezes, que se sente ela própria, mas depois também talvez tenha um colapso, mas que se diverte com isso".

A publicação teve milhões de interações e a campanha de Harris definiu rapidamente a fotografia da página oficial na rede social X com a cor verde-lima da capa do álbum “brat” de Charli.



Rapidamente, os memes virais de "brat" e "coconut tree" juntos espalharam-se no Instagram, X e TikTok. O aparecimento destes momentos virais aumentou os apoios públicos à sua candidatura, assim como a comunidade online de apoiantes – o “KHive”. Depois da campanha menos eficaz de Joe Biden, Kamala Harris começou a ser referida como uma alternativa a Trump e a destacar-se por ser mais nova e se aproximar dos eleitores mais jovens.



Contudo, as críticas pela forma como se ri e os memes que viralizaram, segundo a professora Sandra Fernandes, “não têm implicação para os votos, para a margem curta de votos que é possível conquistar”.

“Esta imagem de Kamala Harris apenas reforça o eleitorado já conquistado, não terá impacto na decisão final dos indecisos”, acrescentou a investigadora em Ciência Política.

Já na campanha de 2020, a candidata presidencial cultivou as próprias relações com alguns criadores de conteúdo e influenciadores. E nas eleições de meio de mandato de 2022, Harris foi uma das principais representantes da Convenção Nacional Democrata para colaborações com influenciadores.

Durante vice-presidência, Kamala Harris priorizou, inclusive, a sua presença digital.
Harris, a “Czar da Fronteira”
A gestão da crise migratória nos EUA era uma das pastas assegurada por Harris. E é também um dos temas pelos quais é mais criticada por Donald Trump. A campanha republicana, e as vozes mais conservadoras, acusam a vice-presidente de não ter sabido controlar o aumento de migrantes em território norte-americano.

Em comícios e em várias publicações nas redes sociais, Trump intensificou os ataques a Kamala chamando-a, por isso, de "czar da fronteira" fracassada

O termo “Czar” é utilizado na política norte-americana para se referir a alguém que foi incumbido pelo presidente para resolver determinado assunto. A oposição tentou, desta forma, responsabilizar Kamala pelo fluxo de imigrantes que entra no país e culpa a democrata pela crise na segurança.

Neste ponto, também o candidato à vice-presidência democrata, o governador do Minnesota, Tim Walz, é alvo de críticas, uma vez que em 2023 assinou um conjunto de leis, ampliando serviços e benefícios estaduais para imigrantes sem documentos – legislação que, para os republicanos é um exemplo de “política radical de esquerda”.

Tanto no único debate entre Kamala Harris e Donald Trump, como em várias aparições públicas, o candidato republicano foca-se no tema da imigração, apontando culpas à Administração Biden e, em especial, à ainda vice-presidente pela “invasão de criminosos” no país, referindo-se aos imigrantes ilegais.

Num comício em Nova Iorque, no fim de outubro, Trump voltou a prometer “fronteiras mais seguras, cidades mais segura, militares mais poderosos” e a apontar as “falhas” de Harris.

“Temos de dizer que a Kamala fez um trabalho horrível. O patife do Joe Biden fez um trabalho horrível”
, afirmou. “Kamala estás despedida”.
Num outro evento, em Miami, o candidato republicano lançou novos ataques pessoais à adversária democrata considerando-a “preguiçosa” e questionando a sua inteligência.

Trump disse que Harris era “preguiçosa como o inferno” por ter faltado a um evento de campanha, ignorando que a também vice-presidente estava a gravar entrevistas televisivas em Washington. E ainda se dirigiu a Kamala Harris como sendo “lenta” e tendo um “QI [quoficiente de inteligência] baixo”.

Mais tarde, durante um comício em Greensboro, na Carolina do Norte, Trump chamou Harris de “pessoa estúpida” e deixou a questão: “Ela bebe? Ela está drogada?”.
“Camarada Kamala”
Entre os ataques às políticas de Kamala Harris, durante a Administração Biden, Donald Trump acusa a candidata de ser socialista ou comunista e os democratas terem medidas de “esquerda radical”.

Numa entrevista à FOX News, Donald Trump acusou os dois candidatos democratas, Kamala Harris e Tim Walz, de serem comunistas, acrescentando que a equipa democrata partilha as ideias do senador Bernie Sanders, um dos mais progressistas do Congresso dos EUA.

"Não podia estar mais entusiasmado" por Harris ter feito esta "escolha chocante" para vice-presidente, disse Trump, referindo-se a Walz. "Essa candidatura quer que este país se torne comunista imediatamente, se não antes. Não queremos segurança. Não queremos nada. Ele é muito a favor dos transexuais", disse Trump, alegando ainda que Walz é mais radical do que Harris em questões como a imigração e o crime.

Num outro evento da campanha republicana, o candidato voltou a acusar Kamala Harris de ser marxista e fascista e repetiu que a adversária é a pior vice-presidente na história e responsável por todos os desastres que os Estados Unidos enfrentam.

“É a pior vice-presidente e é a pior czar de fronteira da história do mundo”
, afirmou, acrescentando: “foi ela que nos deu todos os desastres que o nosso país enfrenta”.

Recentemente começou a circular um vídeo onde Kamala Harris e Tim Walz parecem estar a tirar uma selfie em frente a uma placa dos Comunistas Revolucionários da América, um grupo de esquerda radical. A imprensa norte-americana confirmou, entretanto, que as imagens foram adulteradas por apoiantes de Donald Trump.

Desde a campanha de 2020, que muitos apoiantes de Trump e políticos de direita têm promovido um certo “medo” do socialismo. Donald Trump partilhou uma imagem gerada por Inteligência Artifical de Kamala a discursar para uma multidão comunista que teve pelo menos 81,5 milhões de visualizações na rede social X.

Durante o único debate entre os dois candidatos, Donald Trump afirmou que Kamala Harris e o pai eram "marxistas", sugerindo que a candidata iria transformar os EUA numa "Venezuela com esteroides" graças às políticas de imigração.

“Um comunista é um bicho papão nos Estados Unidos da América e é um entendimento muito alargado da esquerda”
, contrariamente ao comunismo europeu, explica a professora Sandra Fernandes.

Para os norte-americanos, o “socialismo europeu é comunista” e o comunismo é muito associado à Guerra Fria, termo “muito utilizado por Trump porque ajuda na polarização que ele sabe que lhe pode ser favorável”.

“Portanto, tem um impacto na disputa dos votos porque Kamala Harris escolheu um vice-presidente que é visto como promotor de políticas sociais. E isto mexe com aquilo que é a base do modelo económico-social do ‘american dream’”
.

Apesar de ser uma acusação sem fundamento, por parte de Trump, “pode mobilizar o eleitorado”.
“Heels up Harris”
Para alguns especialistas e apoiantes de Kamala Harris, a postura e o estilo de comunicação que usa na campanha podem refletir o próprio percurso pessoal da candidata e as suas origens. Por outro lado, há quem considere que Harris faz humor em momentos pouco adequados, que ri e usa linguagem com gírias, que comprometem a imagem de liderança que deve transmitir. Os pró-Trump dizem mesmo que a candidata democrata não leva determinados assuntos a sério.

Há também quem alegue que, por questões raciais e de género, Kamala Harris está sujeita a um escrutínio maior.


Os Estados Unidos nunca tiveram uma presidente mulher e a vice-presidente Kamala Harris, eleita em 2020, foi a primeira mulher a alcançar um dos dois cargos mais altos do Governo norte-americano, além de ser a primeira pessoa de ascendência afro-americana e sul-asiática na Casa Branca.

Esta é “uma questão que ultrapassa a questão específica das eleições norte-americanas”,
segundo a investigadora Sandra Fernandes. “A conquista de igualdade de direitos é uma conquista formal e jurídica que tem acontecido”.

A base eleitoral de Trump é mais conservadora no que toca ao papel da mulher na sociedade, o que contrasta com a candidatura de Kamala Harris. Se for eleita, a democrata será uma presidente mulher “com origens não brancas”.

“Isto tudo mostra o mundo em que vivemos hoje, e ainda há muita resistência”, explicou ainda. “Ela faz parte de várias minorias”.

Kamala Harris “ergueu-se muito por força do seu mérito”. E também “é por isso que o discurso dela é um discurso apelativo para os americanos”, porque “é um exemplo do ‘american dream’”, argumenta Sandra Fernandes.
No entanto, uma das formas com que Trump e os apoiantes da campanha republicana usam para se referir à candidata democrata é com a expressão “Hells-up Harris” – um termo misógino - , principalmente nas redes sociais, com base em alegações ainda não comprovadas para fazer desacreditar Harris e o seu percurso.

Em vários dos ataques pessoais contra Harris, incluindo a referência ao consumo de álcool, Trump parece a referir-se a falsidades ou alegações infundadas que se espalharam nas redes sociais de grupos de extrema-direita.

Mesmo ao usar o termo “preguiçosa” para descrever Harris – que é negra e descendentes de familiares do sul da Ásia – Trump evoca designações estereotipadas que são usadas negativamente contra afro-americanos, classificando-os como preguiçosos, pouco sofisticados, submissos ou inaptos
.
Discurso e retórica
Apesar das tentativas republicanas de a desacreditar, das críticas à postura de Kamala Harris, à forma como ri e das caricaturas transformadas em memes na Internet, a campanha democrata “tem sido bem sucedida” no que toca à imagem de credibilidade.

“Ela apresenta-se como uma ex-procuradora, uma advogada de acusação (…) e diz que está habituada a perseguir criminosos”, recordou a diretora do Centro de Investigação em Ciência Política. “Aliás, tem dito muito nesta reta final da campanha: ‘eu garanto-vos que consigo prender esse criminoso’”.

Kamala Harris ganhar “é um ato de Justiça contra o candidato que é um criminoso” e na campanha democrata tem tentado “capitalizar nesta postura ética”.

Para a investigadora, trata-se mais de uma questão de “analisar o estilo retórico”. A retórica é baseada em três pilares: quem fala e a sua credibilidade; a emoção da mensagem veiculada; e a argumentação.

Quanto à emoção, Harris capitaliza muito “na questão racial e na questão de ser uma mulher”. Como referiu ainda a investigadora Sandra Fernandes, “uma das polarizações do voto este ano é mesmo a divisão de ser homem e ser mulher”.

“Portanto, ela capitaliza muito mais o voto feminino”.

Ainda do ponto de vista de emoção, “a que ela consegue mais articular na sua retórica é o medo”, principalmente “face àquilo que serão as políticas de Donald Trump”, que Kamala Harris “consegue transpor no seu discurso”.

Uma das características que pode dar desvantagem a Kamala Harris é a candidata “não conseguir ser informal, natural, relaxada”
, acrescentou.

“Ela é um bocado rígida até na postura e isso é contrabalançado por parte dela, pela dimensão do domínio do discurso", considerou a especialista em Ciência Política. "Não nas três dimensões básicas de qualquer retórica, mas em duas: a credibilidade (embora jogue também a seu desfavor, porque o facto de ser vice-presidente de Biden permite a Trump colar o balanço negativo de Biden à própria Kamala Harris); e a parte emocional que ela consegue pôr no discurso – por ser mulher, por ter origens mestiçadas (na História americana o melting-pot continua a ser uma característica importante)”.

Apesar das críticas à postura e ao discurso de Harris, Sandra Fernandes referiu que, se a candidata democrata organizar um comício, mesmo que a própria não esteja presente, “é tudo muito organizado”, contrariamente a Trump que “mobiliza de forma mais natural”.

A poucos dias das eleições, Kamala Harris tem feito um esforço maior de sensibilização dos meios de comunicação social, estando a ser alvo de críticas também pela quantidade de entrevistas que tem dado.