Eleições em França. Mbappé posiciona-se contra a extrema-direita e apela ao voto
O jovem capitão da seleção francesa, Kylian Mbappé, está no centro da agitação política francesa na véspera da estreia da França no Euro 2024, agendada para esta segunda-feira à noite. Na conferência de imprensa de antevisão para o jogo com a Áustria, no domingo, o avançado francês apelou ao voto dos jovens, considerando que "os extremos estão à porta do poder". Um apelo que não deixou as figuras políticas francesas indiferentes, que consideram na sua maioria que o capitão "tem o direito de se exprimir".
"Vivemos um momento muito importante da história do nosso país, uma situação inédita", afirmou Mbappé. "E é por isso que quero dirigir-me a todo o povo francês, e sobretudo à geração jovem. Creio que somos uma geração que pode fazer a diferença. Vemos que hoje os extremos estão à porta do poder e temos a oportunidade de escolher o futuro do nosso país".
“Quero ter orgulho em representar a França"
"Espero que a minha voz chegue a muitos, porque precisamos de nos identificar com este país, precisamos de nos identificar com os nossos valores, que são os valores de diversidade, de tolerância, de respeito", prosseguiu o internacional francês, sublinhando a importância de votar nas próximas eleições.
"Confio em todos os franceses. Sei que muitos jovens dizem que uma voz não vai mudar nada, mas pelo contrário, cada voz conta e não pode ser negligenciada. Espero que façamos a escolha certa e espero que continuemos orgulhosos de vestir esta camisola a 7 de julho".
"Confio em todos os franceses. Sei que muitos jovens dizem que uma voz não vai mudar nada, mas pelo contrário, cada voz conta e não pode ser negligenciada. Espero que façamos a escolha certa e espero que continuemos orgulhosos de vestir esta camisola a 7 de julho".
Apesar de no sábado, a Federação Francesa de Futebol ter apelado ao respeito pela neutralidade da seleção nacional e à não politização dos bleus - defendendo o direito dos jogadores expressarem as suas opiniões - o capitão da equipa explicou que “o jogo de amanhã (hoje) é importante, mas a situação atual também”.
“Estamos cientes da importância do jogo. É meu papel como capitão remobilizar as tropas, defender as cores do nosso país. Um não impede o outro”, afirmou Mbappé, na véspera do jogo contra a Áustria, que se joga esta segunda-feira às 20h00.
Um apelo que não deixou ninguém indiferente
Esta segunda-feira de manhã, várias figuras políticas francesas reagiram às declarações do capitão da seleção de França. Entre elas, o primeiro-ministro francês Gabriel Attal que considerou que Mbappé estava a "fazer a sua parte" ao apelar ao voto e congratulou-se com o posicionamento do avançado "contra os extremos", afirmando que estes são "o combustível da divisão e do ódio aos outros" em França.
"Acredito firmemente que os jovens que falam com os jovens, que são
modelos para eles, estão a fazer a sua parte quando apelam às pessoas
para cumprirem o seu dever cívico, que é votar", disse Gabriel Attal, numa entrevista à RTL.
Também o antigo primeiro-ministro de França, Édouard Philippe, disse à BFMTV que Kylian Mbappé "não está a fazer o trabalho por nós, está a exprimir-se. Tem o direito de se exprimir".
Ainda que vários dirigentes do partido de extrema-direita de Marine Le Pen, Rassemblement National (RN), tenham dito não se sentirem visado pelas declarações de Kylian Mbappé, e aproveitado para partilhar da mesma opinião, dirigindo um ataque ao partido da esquerda radical A França Insubmissa, de Jean-Luc Mélenchon, o vice-presidente do Rassemblement National (RN), Sébastien Chenu, pediu a Kylian Mbappé "um pouco mais de contenção", escreve a BFMTV.
"Partilho a sua aversão ao extremismo, às ideias divisionistas,
nomeadamente a apologia do terrorismo e do antissemitismo feita pelo LFI
e pelo Sr. Mélenchon. Partilho a sua rejeição da violência que é a
marca da extrema-esquerda e desta nova frente popular", disse o deputado e porta-voz do RN, Laurent Jacobelli, à FranceInfo.
c/agências