O Papa Francisco defendeu que “é melhor ser ateu do que um católico hipócrita” e criticou a “vida dupla” de quem afirma ser católico mas faz “negócios sujos” e se “aproveita das pessoas”. As declarações polémicas foram feitas num sermão matinal na sua residência na Casa de Santa Marta.
Para o Papa, “muitos católicos são assim e por isso mesmo causam escândalo”.
“Quantas vezes ouvimos, todos nós, no nosso bairro e noutras partes, ‘para ser um católico como esse, era melhor ser ateu’? É esse o escândalo, destrói-nos, deita-nos por terra”, lastimou.
Segundo a Rádio Vaticano, Francisco deu mesmo o exemplo de um empresário católico que estava de férias numa praia no Médio Oriente enquanto os trabalhadores, da empresa quase falida, ameaçavam realizar uma greve porque não recebiam os salários. Desde 2013, ano em que foi eleito Papa, que Jorge Mario Bergoglio apela aos católicos, tanto a padres como a membros não ordenados, para praticarem o que diz a religião.
“Isso acontece todos os dias e para darmos conta disso basta ver o telejornal ou ver os jornais”, acrescentou.
Francisco recordou que, “no Evangelho, Jesus fala daqueles que escandalizam, sem dizer a palavra escândalo, mas se entende: ‘Você chegará ao Céu, baterá à porta e: Sou eu, Senhor! Não se lembra? Eu ia à Igreja, estava sempre com você, pertencia a tal associação, fazia muitas coisas. Não se lembra de todas as ofertas que eu fiz? Sim, lembro-me! As ofertas! Lembro-me bem: todas sujas, roubadas aos pobres. Não o conheço. Esta era a resposta de Jesus aos escandalosos que faziam vida dupla.”
No final do sermão o Papa Francisco pediu uma reflexão de todos os cristãos presentes para que façam uma análise interior para saber se há "ações de cada um de nós como vida dupla" e pediu que aqueles que façam isso "se convertam" imediatamente e não deixem isso "para amanhã".