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"É bom estar de volta". Jair Bolsonaro agradece "carinho" no regresso ao Brasil

por Graça Andrade Ramos - RTP
Jair Bolsonaro saúda os apoiantes que o vieram saudar no regresso ao Brasil após três meses, a 30 de março de 2023 Reuters

O ex-Presidente brasileiro foi recebido pelos apoiantes como um herói no regresso ao país, após um exílio autoimposto nos Estados Unidos da América. As forças de segurança de Brasília tomaram todas as precauções para evitar tumultos por parte dos apoiantes de Jair Bolsonaro, sobretudo na zona governamental.

Ao sair do aeroporto, Jair Bolsonaro foi forçado a sair pela área restrita, sem conseguir cumprimentar várias dezenas de pessoas que o esperavam na área das chegadas entoando mensagens de apoio ou cantando palavras de ordem contra Lula da Silva. Um passageiro do voo comercial em que viajou o ex-Presidente foi vaiado quando respondeu à multidão fazendo a letra L com o polegar e o indicador.

Na rua foi mais difícil controlar a multidão que se aglomerou junto ao aeroporto. Outros, impedidos de chegar devido aos cortes das vias, juntaram-se ao longo das estradas de ligação à cidade, empunhando bandeiras brasileiras.

Meia centena de pessoas preferiram juntar-se à sede do Partido Liberal, primeiro destino no Brasil do ex-Presidente, para o saudar.

Os recados deixados nas redes sociais são múltiplos.
Os detratores de Bolsonaro afirmaram que muitos dos vídeos publicados sobre o regresso do "messias" do PL são de ocasiões anteriores.

Na rede Twitter o ex-Presidente agradeceu o "carinho" e disse que "é bom estar de volta".


Bolsonaro reuniu-se à porta fechada, com familiares e aliados, na sede do Partido Liberal, ao qual aderiu para disputar as últimas presidenciais.

O PL disse que não estava prevista qualquer declaração do antigo chefe de Estado.

Jair Bolsonaro não foi capaz de deixar de se exprimir e publicou vídeos da reunião no PL, um deles das suas críticas à decisão de lhe terem sido retirados dois carros blindados a que teria direito enquanto ex-chefe de Estado, num país conhecido pela violência.
"Fazer política"
Bolsonaro já disse que veio para "fazer política" com o Partido Liberal, que descreveu como "um grande partido".

"Voltar com atividade normal. Vou trabalhar com o Partido Liberal. Vamos andar pelo Brasil e fazer política. Afinal de contas, o PL é um grande partido. Nós temos como manter de pé essa bandeira do conservadorismo que levantamos ao longo de quatro anos" anunciou, ao confirmar o regresso esta quinta-feira.

O seu filho, Flávio, senador brasileiro, saudou o retorno com entusiasmo.
Já hoje, noutro excerto das suas palavras aos apoiantes, Bolsonaro prometeu que Lula da Silva não irá fazer "o que bem entender" do futuro da nação brasileira e prometeu oposição.


Jair Bolsonaro continua a não reconhecer a derrota e correspondente vitória de Lula da Silva nas últimas eleições presidenciais. Abandonou o Brasil no final de dezembro de 2022 para Orlando, na Forida, onde chegou ainda enquanto Presidente, e permaneceu ali até hoje, com um visto de turista.

Brasília reforçou a presença de agentes nas ruas e encerrou a esplanada dos Ministérios, como precaução contra eventuais tumultos devido ao regresso de Bolsonaro, que ocorre na véspera de mais um aniversário do golpe militar que originou a ditadura brasileira em 1964.
Imbróglios com a Justiça
Tal como Lula da Silva quando perdeu o poder, o ex-Presidente está a contas com a Justiça por várias acusações, nomeadamente por incitamento dos seguidores mais radicais a um golpe de Estado a 08 de janeiro de 2023.

Brasília foi invadida por uma multidão que entrou e destruiu partes das sedes do Congresso, do Supremo Tribunal Federal e da Presidência da República.

Bolsonaro, que perdeu as eleições por uma curta margem, expressou "arrependimento" pela agitação, mas sempre negou tê-la causado.

No entanto, o Supremo Tribunal do Brasil concordou em incluir o ex-presidente na investigação sobre a invasão dos edifício governamentais.

Bolsonaro também enfrenta 16 processos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que podem impedi-lo de concorrer ao cargo durante oito anos, afastando-o da corrida presidencial de 2026.

No capítulo da corrupção, a sua imagem também foi abalada. Bolsonaro foi acusado de receber jóias do rei da Arábia Saudita no valor de 3,2 milhões de dólares que foram apreendidas por funcionários da Alfândega em 2021 por não terem sido declaradas. O ex-Presidente nega qualquer intenção de apropriação das jóias.
Brasil dividido
Se o regresso ao Brasil reserva uma situação incerta para Bolsonaro, esse retorno poderá também significar turbulência para Lula da Silva.

Bolsonaro mantém-se um forte antagonista e ainda conta com o apoio de milhões de brasileiros.

A polarização da sociedade brasileira ficou evidente logo na viagem de regresso Bolsonaro num voo comercial da companhia brasileira Gol, quando vários passageiros aplaudiram o ex-chefe de Estado, conforme imagens publicadas nas redes sociais.
Jair Bolsonaro terá agradecido o apoio, sorridente e aparentemente indiferente a algumas vaias e gritos de "mito" e "fora" entre as palmas.
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