"Durmo no chão". Jornalista Cecília Sala continua detida em Teerão, Roma convoca embaixador do Irão

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Chora Media - Reuters

Passaram 14 dias desde que a jornalista italiana Cecilia Sala foi detida pelas autoridades iranianas em Teerão. Segundo relatos de amigos dos pais, a jovem falou com a família no dia 1 de janeiro e contou-lhes que está sujeita a um duro regime de isolamento na prisão de Evin. O chefe da diplomacia italiana convocou o embaixador do Irão em Roma para uma reunião esta quinta-feira.

Foi detida a 19 de dezembro durante uma viagem de trabalho a Teerão, capital do Irão, para a qual tinha um visto válido, e encontra-se atualmente completamente isolada numa cela da prisão de Evin, no norte da capital. No relato que fez à sua família no primeiro dia do ano, contou que dorme no chão, frio, com dois cobertores, numa cela completamente vazia sem cama e onde as luzes estão sempre acesas. 

Além da falta de condições da cela, Cecilia Sala contou que tinha sido privada dos seus óculos e que nunca recebeu o pacote entregue pela Embaixada de Itália às autoridades prisionais iranianas no sábado passado, que continha alguns artigos de higiene, quatro livros, cigarros, um panetone e uma máscara para tapar os olhos. 

Na terça-feira,  o Ministério italiano dos Negócios Estrangeiros tinha afirmado que a encomenda tinha sido entregue na cela de Sala.

O chefe da diplomacia italiana, Antonio Tajani, anunciou esta quinta-feira que convocou o embaixador do Irão em Roma por causa da detenção da jornalista: “Dei instruções ao secretário-geral da Farnesina (MNE italiano) para convocar o embaixador do Irão em Roma. A reunião terá lugar ao meio-dia (11h00 em Portugal continental)", declarou o ministro italiano dos Negócios Estrangeiros, na sua conta X.


"O Governo, desde o primeiro dia da detenção de Cecilia Sala, está a trabalhar incansavelmente para a trazer para casa e exigimos que todos os seus direitos sejam respeitados.", acrescentou. "Até à sua libertação, Cecilia e os seus pais nunca serão deixados em paz".

Segundo a agência de notícias italiana ANSA, a Farnesina entregou na quarta-feira a Teerão uma nota verbal em que pedia "garantias totais sobre as condições de detenção de Cecilia Sala" e apelava à sua "libertação imediata". Na mensagem também constava o pedido de envio de bens de conforto para a jornalista e a garantia de que seria efetivamente entregues.



Também o presidente italiano, Sergio Mattarella, mencionou o caso da jornalista Cecilia Sala no seu discurso de fim de ano dirigido ao país na terça-feira, 31 de dezembro: "Interpreto a angústia de todos pela sua detenção e estamos próximos dela, esperando que regresse a Itália o mais rapidamente possível".

c/ agências
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