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Dupla portuguesa "Borderlovers" expõe "pinturas da vida moderna" em Paris

por Lusa

A dupla de artistas portugueses "Borderlovers", composta por Pedro Amaral e Ivo Bassanti, tem patente uma exposição com "pinturas da vida moderna" num apartamento-galeria, no bairro de Montmartre, em Paris.

Os rostos de figuras contemporâneas da música, do cinema e das artes plásticas, de Serge Gainsbourg a Jane Birkin, de Patti Smith a Robert Mapplethorp, passando por Brigitte Bardot, Édith Piaf, António Variações, Maria Bethânia,Picasso, Dali e Pollock, são visíveis em mais de 40 trabalhos, entre pinturas, desenhos em papel, desenhos em peles e um tapete, num estilo que cruza a `street art` com o novo realismo francês dos anos de 1960.

"Gosto muito dos novos realistas e gosto muito daquele livro do Baudelaire que é `O Pintor da Vida Moderna`. Talvez preferisse que isto fossem pinturas da vida moderna. Não sei se é muito arrojado da minha parte ou atrevido ou pretensioso", resumiu Pedro Amaral quando questionado sobre como define os trabalhos expostos.

Tal como o nome artístico que escolheram, "borderlovers" - em referência à perturbação de personalidade "borderline -, as pessoas representadas nos trabalhos "são todas borderlovers", ou seja, "deram contribuições para a sociedade e para os outros, mas como se estivessem uns em Júpiter, outros em Marte, mas, ao mesmo tempo, muito de frente para a realidade".

A galeria fica num beco sem saída, com imóveis baixos e um silêncio inabitual, perto da turística igreja do Sacré-Coeur e da concorrida Place du Tertre com os seus pintores de rua, no bairro de Montmartre.

Para lá chegar, depois de subidos os 90 degraus da estação Abbesses, no 18.º bairro de Paris, caminha-se alguns minutos pela Rue La Vieuville e vira-se à direita, sendo a visita feita por marcação, no caso de os artistas não estarem "em casa".

À entrada, o corredor exibe um díptico em tela do qual sobressai uma Torre Eiffel e a figura de "A Liberdade Guiando o Povo", de Delacroix, seguindo-se um desenho em grande escala de Serge Gainsbourg e Jane Birkin, escada acima, até chegar ao apartamento de 35 metros quadrados transformado em residência artística e galeria de arte batizada Shiki Miki Paris, em referência ao nome da primeira galeria aberta em Lisboa, Shiki Miki Gallery.

Os cartazes da exposição, alguns empilhados em cima do tapete-pintura, apresentam rostos, a preto e branco, de figuras das artes e têm a frase, no topo, "Ça je peux le faire aussi" ("Isso também eu faço").

"O título, quer em francês quer em português, tem um ponto de partida de algum sentido de humor em relação a muitas coisas que nós artistas, às vezes, ouvimos as pessoas não artistas dizerem, que é irem a uma exposição, olharem para um trabalho e dizem assim: Ah, isto eu também faço. E em francês "ça je peux le faire aussi". Umas manchas, eu também faço », contou, com um largo sorriso.

Pedro Amaral e Ivo Bassanti criaram as obras em conjunto no Corny Boots Studios em Lagery, perto da cidade francesa de Reims, e decidiram apresentar o resultado primeiro em Paris e, no próximo ano, em Lisboa.

"De repente começou a aparecer Paris e a cultura francesa nos desenhos e nas pinturas e tornou-se evidente que tinha de ser mostrado aqui. E apeteceu-nos. O último trabalho feito para esta exposição foi aquele díptico que está lá em baixo e ele é obviamente uma declaração de amor a Paris e à França e à cultura francesa, claro", explicou o artista de 57 anos que cresceu "com a cultura francesa" em Portugal.

Em Lagery, a 130 quilómetros de Paris, no estúdio de Ivo Bassanti, "durante cinco semanas, foi só pintar, pintar, pintar, desenhar, pintar", num ambiente de "factory", onde "o café mais próximo é a seis quilómetros e só há natureza à volta da casa, campos de champanhe e bosques com veados, coelhos e raposas".

"Aquilo era muito por turnos. Houve uma altura em que o Bassanti andava muito noturno e eu muito diurno. Eu pintava, sei lá, das sete da manhã às cinco da tarde. Depois, ele vinha e pegava. É muito jazz. Nós temos uma tela, eu chego lá e pinto uma frase musical, ele vai e pinta outra ao lado ou pinta a apanhar um bocadinho por cima. Eu vou e pinto outra e assim sucessivamente", descreveu.

Pedro Amaral e Ivo Bassanti vão voltar a trabalhar juntos no projeto "La Rue" ("A Rua"), de 22 de setembro a 01 de outubro, no qual vão retratar personalidades portuguesas que viveram na capital francesa, num convite do Centro Cultural Camões de Paris, integrado numa iniciativa do Fórum dos Institutos Culturais Estrangeiros em Paris.

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