Duas dezenas inscreveram-se na primeira licenciatura em Estudos Chineses em Cabo Verde

por Lusa

Duas dezenas de alunos inscreveram-se na primeira licenciatura em Língua, Literatura e Cultura Chinesa em Cabo Verde em menos de um mês, o mais recente curso da universidade pública, que hoje assinala o 15.º aniversário.

Desses alunos, segundo informação da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) disponibilizada hoje, 15 já foram admitidos para este curso, que será assegurado, dentro do novo campus da universidade, pelo Instituto Confúcio.

"É um grande dia para a nossa universidade. Conseguimos agora concretizar um sonho acalentado desde 2015", explicou a reitora da Uni-CV, Judite do Nascimento, garantindo que para este projeto foram igualmente capacitados quadros cabo-verdianos.

A Uni-CV assinalou esta manhã o 15.º aniversário da sua criação, projeto lançado pelo então primeiro-ministro José Maria Neves, que hoje participou nas comemorações da data, agora como Presidente da República, tendo apelado a um debate nacional para encontrar novas formas de financiamento da universidade pública, na qual é também professor.

A Agência Reguladora do Ensino Superior (ARES) cabo-verdiano autorizou a Uni-CV, em 21 de outubro, a ministrar a primeira licenciatura em Língua, Literatura e Cultura Chinesa, a qual conta com quatro professores chineses de uma universidade de Cantão e o apoio de mais três voluntários.

No despacho então noticiado pela Lusa, a ARES reconheceu que estavam "reunidas as condições para o registo e funcionamento" do ciclo de estudos, de cinco anos (6.620 horas), da licenciatura em Línguas, Literaturas e Culturas -- Estudos Chineses.

O curso funcionará "a partir do ano académico 2021/2022", já iniciado, e será ministrado na Faculdade de Ciências Sociais, Humanas e Artes (FCSHA), na cidade da Praia, já no novo campus da Uni-CV, precisamente construído e financiado em 5.600 milhões de escudos (50,7 milhões de euros) pela China, que o entregou ao Governo cabo-verdiano em julho passado.

Naquela cerimónia, realizada em 23 de julho, o embaixador da China na Praia, Du Xiaocong, referiu que este novo campus, construído ao longo de quatro anos, é o "maior projeto" financiado por Pequim em Cabo Verde, com capacidade para mais de 5.000 alunos e professores.

O diplomata anunciou que o campus da universidade estatal cabo-verdiana vai receber também o Instituto Confúcio -- que já está instalado em Cabo Verde desde 2015 e que promove a extensão universitária, através da língua e da cultura da China -- e "albergar" desta forma um curso de língua chinesa.

Du Xiaocong afirmou na altura tratar-se de "um grande progresso no ensino da língua chinesa em Cabo Verde".

Recordou que Cabo Verde e a China assinalam em 2021 os 45 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países (25 de abril de 1976) e elogiou a "política de amizade com a China" do atual Governo, liderado por Ulisses Correia e Silva, garantindo que Pequim "não poupou esforços" em projetos para melhorar a vida do arquipélago.

Segundo informação do Governo cabo-verdiano, o novo campus ocupa uma área de 28.000 metros quadrados na zona do Palmarejo Grande, arredores da capital, com um total de 18 edifícios e 61 salas de aula, 16 laboratórios informáticos, 34 laboratórios e biblioteca com oito salas de estudo, para receber 4.890 estudantes e 476 docentes.

Uma obra que está "à altura da ambição" cabo-verdiana para o ensino superior no arquipélago, destacou o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, durante a cerimónia de entrega da obra, sublinhando que representa ainda o "ponto alto" nas relações entre Cabo Verde e a China, pelo volume do investimento e "qualidade da obra", mas também pelo impacto que representará para o futuro da educação no país, em todo os níveis de escolaridade e gerações.

O novo campus da universidade pública cabo-verdiana, cuja primeira pedra da obra foi lançada oficialmente em 20 de junho de 2017, conta ainda com uma residência de estudantes com 142 quartos e cinco auditórios com capacidade para 150 lugares.

Integra igualmente um salão multiusos com 654 lugares, edifícios de administração, edifícios pedagógicos, centro de serviços, incluindo refeitórios, e campos desportivos.

A obra vai ainda transformar a área envolvente numa zona de expansão onde se situa ainda a Universidade Jean Piaget, a Escola de Hotelaria e Turismo, o Centro de Energias Renováveis e Manutenção Energética, estando previstas outras infraestruturas.

A Universidade de Cabo Verde tem três polos de ensino, nomeadamente na Praia e em Assomada, todos na ilha de Santiago, e um na ilha de São Vicente, com mais de 4.000 estudantes, em cursos profissionalizantes, licenciaturas, especializações, mestrados e doutoramentos.

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