Donald Trump volta a falar em fraude e desafia Joe Biden a só contar com os votos "legais"

por Graça Andrade Ramos - RTP
Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos, antes de se dirigir ao país dia 6 de novembro de 2020 Reuters

O Presidente dos Estados Unidos falou ao país esta noite e repetiu as alegações de fraude generalizada em vários Estados onde, afirmou, a sua vantagem confortável "desapareceu" ao fim das últimas horas de contagem de votos.

"Queria deixar aos americanos uma atualização dos nossos esforços para proteger a integridade da nossa importante eleição 2020", explicou Trump, a partir da Casa Branca.

"Se contarem os votos legais, eu venço facilmente. Se contarem os votos ilegais, eles podem tentar roubar-nos a eleição", acusou, referindo-se aos democratas.

"Eles querem ver quantos votos necessitam e parecem conseguir encontra-los, esperam e esperam e então encontram-nos", afirmou, para justificar casos como a Carolina do Norte, a Pensilvânia e a Georgia, exemplos de Estados onde a sua anterior vantagem na votação tem estado a ser sistematicamente erradicada.

"Estamos muito atentos aos votos tardios", sublinhou o Presidente e candidato à reeleição pelo Partido Republicano.

Donald Trump deixou depois um desafio a Joe Biden e aos seus apoiantes, para que exijam somente a contagem de todos os votos "legais".

"Eu desafio Joe e todos os democratas a esclarecer que só querem os voto legais, porque falam de votos e penso que deveriam usar a palavra legais, votos legais".

"Eu quero todos os votos legais contados, queremos abertura e transparência nos locais de contagem, sem boletins misteriosos, sem votos ilegais a serem admitidos após o dia da eleição", afirmou Trump, que tem exigido a paragem do escrutíneo nos casos onde considera estar a ocorrer fraude.
Quatro Estados estão ainda a contar votos que irão decidir a eleição. São eles o Arizona, a Georgia, o Nevada e a Pensilvânia. 

Muitos dos boletins que só agora têm estado a ser escrutinados foram recebidos por correio e no caso da Pensilvânia mesmo após o dia da eleição.

Donald Trump considera a prática ilegal e exige que estes votos não sejam admitidos, tendo acusado o "aparelho democrata" que classificou de "corrupto", de estar a inundar as assembleias de voto com boletins fraudulentos, "todos eles estranhamente para um único candidato".

"Estamos a ouvir verdadeiras histórias de horror que vos chocariam até a vocês", afirmou o candidato republicano sobre denúncias recebidas pela sua campanha e dirigindo-se aos jornalistas presentes na sala.

Vários testemunhos circulam nas redes sociais sobre a alegada fraude que, afirmam o Presidente e os seus apoiantes, estará a decorrer em muitas assembleias de voto.

Trump denunciou igualmente casos de recusa da participação de observadores da contagem dos boletins, uma das quais, na Pensilvânia, só foi ultrapassada por ordem judicial.

"Não querem lá ninguém" a testemunhar a contagem, acusou Trump, referindo o caso na Pensilvânia, que "se tornou violento".

Tanto ele como Biden podem reivindicar vitória nos Estados, "mas no final penso que serão os juízes a ter de decidir", referiu Trump, dando a entender que não irá conceder a eleição antes de todos os recursos legais terem sido esgotados.
"Nunca houve onda azul"
Além do aparelho democrata, o Presidente denunciou o sistema de voto por correspondência, que, referiu, abriu a porta a uma "tremenda corrupção e fraude".

É "impressionante como os votos por correspondência são tão enviesados", afirmou Trump.

Os apoiantes do Partido Democrata norte-americano usam tradicionalmente mais o voto por correio do que os do Partido Republicano e até agora, refere a BBC, cerca de 75 por cento dos boletins recebidos por este meio têm sido para o candidato do Partido Democrata, Joe Biden.

"Eles sabiam que não iriam ganhar esta eleição de forma honesta, foi por isso que recorreram à votação por correio com esta tremenda corrupção e fraude que está a acontecer", afirmou Trump, mencionando o envio pré-eleitoral, nalguns Estados governados por democratas, de "dezenas de milhões de boletins não solicitados e sem qualquer verificação" de assinaturas.

"Já vi isto a acontecer muitas vezes" noutras eleições, lamentou o Presidente. "Os votos por correio estão a destruir o sistema eleitoral", acrescentou enquanto lembrava os vários avisos que fez nos meses anteriores à eleição quanto à fraude que, tem afirmado, este tipo de votação permite. O atual Presidente dos EUA voltou a repetir que ganhou as eleições, por uma "margem histórica", e que "não há nem nunca houve nenhuma onda azul", ao contrário do que previam as sondagens, as quais "falharam completamente".

Donald Trump antecipou ainda "muita contestação judicial porque há muitas provas de fraude" e porque "não podemos ter um roubo de eleição como o que está a ocorrer".

"Queremos uma contagem honesta" afirmou.

"Não podemos deixar que isto (a fraude) aconteça ao nosso país", exortou o Presidente, referindo que mais do que ser ele ou Joe Biden a ganhar, é a integridade do sistema eleitoral norte americano que está em perigo.

O candidato republicano acusou os media, as grandes companhias tecnológicas e os grandes interesses financeiros de estarem a ajudar a roubar-lhe o lugar na Casa Branca.

"Nós somos o partido dos trabalhadores, eles [do Partido Democrata] são o partido dos media", sublinhou.
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