Em direto
Reprivatização da TAP em debate de urgência no Parlamento

Donald Trump recorre ao calão para insultar Haiti, El Salvador e países africanos

por RTP
Carlos Barria - Reuters

O Presidente dos Estados Unidos terá qualificado El Salvador, Haiti e várias nações africanas de "países de merda". A notícia saiu em meios de comunicação americanos, como o Washington Post, que citam fontes próximas dos participantes na reunião onde Trump fez estas declarações. O Presidente já negou ter feito tal afirmação.

"Por que razão temos todas estas pessoas de países de merda a virem para aqui?", afirmou Donald Trump, durante uma reunião com deputados na Casa Branca, segundo meios de comunicação social norte-americanos, como o jornal The Washington Post, que cita fontes familiarizadas com o encontro em que se procurava um acordo bipartidário sobre a imigração.TPS - benefício a imigrantes indocumentados que não podem voltar aos seus países devido a conflitos civis ou desastres naturais, por exemplo.

O Presidente dos Estados Unidos recorreu ao calão, com a expressão "shithole countries", depois de dois senadores lhe terem apresentado um projeto de lei ao abrigo do qual seriam concedidos vistos a alguns cidadãos de países que foram recentemente retirados do Estatuto de Proteção Temporária (TPS, na sigla em inglês), como El Salvador, Haiti, Nicarágua e Sudão.

Donald Trump sugeriu, na réplica, que os Estados Unidos deviam atrair mais imigrantes de países como a Noruega, com cuja primeira-ministra se reuniu na véspera.

Christine Emba, colunista e editor do Post, lembra ao Presidente Trump que poderão ser os noruegueses a não estar dispostos a aceitar o convite para se mudar para a América. Simplesmente porque os Estados Unidos poderão não estar à altura dos seus padrões.

“É provável que os noruegueses possam preferir ficar onde estão, com os seus sistemas funcionais de cuidados de saúde e redes de segurança social, em harmonia com líderes que não se esforçam por tornar o dia que vem cada vez mais incerto e, geralmente, mais terrível do que o anterior”, escreve Christine Emba.

A editora põe ainda o dedo na ferida desta Administração: “Temos sido cautelosos – e com razão – quando se trata de acusações de racismo e supremacia branca. Mas podemos agora finalmente admitir que o nosso Presidente é uma supremacista branco e seguir em frente?”.

Trump nega

Entretanto, Donald Trump já veio negar qualquer afirmação nesse sentido. O Presidente regressou ao Twitter para explicar que a linguagem usada durante a reunião foi dura, mas não aquela.

 


Trump garantiu igualmente que nada disse contra o Haiti e os haitianos. A única coisa referida, foi que "o Haiti é, obviamente, um país muito pobre e cheio de problemas. Nunca disse 'para os porem daqui para fora'. Isso foi inventado pelos democratas. Eu tenho uma relação maravilhosa com os haitianos".


O Presidente conclui este tweet com uma nota de desconfiança, afirmando que, "de futuro, se calhar devia passar a gravar os encontros - infelizmente, não há confiança!".Choque

Os deputados presentes na reunião ficaram chocados com os comentários, de acordo com o jornal, que não esclareceu se o Presidente norte-americano se referia também à Nicarágua e não identificou os países africanos em causa.

O jornal Los Angeles Times também corroborou a informação, acrescentando que, antes de proferir o insulto, Trump exclamou: "Para que é que queremos haitianos aqui? Para que é que queremos todas estas pessoas de África aqui?".O democrata Cedric L. Richmond acusa o Presidente Trump de querer - não Fazer da América Grande de Novo, mas - Fazer da América Branca de Novo.

Raj Shah, um porta-voz da Casa Branca, não negou que Donald Trump tenha feito as referidas declarações quando questionado sobre o assunto.

"Certos políticos de Washington escolhem lutar por países estrangeiros, mas o Presidente Trump sempre lutará pelo povo norte-americano", afirmou Raj Shah, num comunicado reproduzido por diversos meios de comunicação social.

"O Presidente Trump luta para conseguir soluções permanentes que tornam o nosso país mais forte, ao dar as boas-vindas àqueles que possam contribuir para a nossa sociedade, fazer crescer a nossa economia e integrar-se na nossa grande nação", afirmou o porta-voz da Casa Branca.

 



 

Trump "sempre rejeitará as medidas temporárias, débeis e perigosas que ameacem as vidas dos norte-americanos que trabalham duro, e que prejudiquem aqueles imigrantes que procuram uma vida melhor nos Estados Unidos através de uma via legal", acrescentou.

"Mérito"
O projeto de lei negociado por seis senadores de ambos os partidos, republicano e democrata, prevê a eliminação da chamada "lotaria dos vistos", programa eletrónico que seleciona aleatoriamente imigrantes de países com baixas taxas de migração para os Estados Unidos.

Anualmente, cerca de 50 mil pessoas entram no país através desse programa que abre caminho à cidadania norte-americana e que beneficia maioritariamente países de África.

 



Fonte do Senado, que pediu o anonimato, indicou à agência de notícias espanhola EFE, que metade desses vistos seria consignada aos que até agora estavam protegidos ao abrigo do TPS e que a outra metade estaria reservada a imigrantes com qualificações profissionais que merecem entrar nos Estados Unidos, o famoso "mérito" defendido por Trump.Mudança de humores

De acordo com fontes próximas da reunião, citadas pelo Post, inicialmente Donald trump ter-se-á mostrado aberto a negociar o acordo levado à reunião pelos senadores de ambos os partidos, democrático e republicano. Nese momento a situação muda com a ala dura dos republicanos anti-imigração a entrar em acção.

Os senadores Lindsey O. Graham (republicano) e Richard J. Durbin (democrata) chegaram à Casa Branca convencidos que iriam discutir o projeto de lei apenas com o Presidente, quando encontraram Trump acompanhado pelos representantes da linha dura do Partido Republicano nas questões de imigração.

Refere o Post que Stephen Miller, o principal assessor de Trump para o dossier da imigração, estava preocupado que o Presidente viesse a ceder no que o partido considerava um acordo demasiado liberal, pelo que manobrou para introduzir a linha dura na reunião.

 

c/ Lusa
Tópicos
PUB