Dois detidos por suspeita de envolvimento em raptos em Moçambique

por Lusa

A polícia moçambicana deteve, na terça-feira, em Maputo, duas pessoas suspeitas de envolvimento em raptos, uma das quais apontada como mandante, anunciou hoje o Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic).

 Falando durante uma conferência de imprensa, o porta-voz do Sernic em Maputo, Hilário Lole, disse que a suposta mandante terá protagonizado os crimes em associação com o seu filho, que se encontra em território europeu.

Hilário Lole afirmou ainda que a polícia está em contacto com as suas congéneres europeias visando a identificação e detenção do filho da suposta mandante, que já terá dirigido "várias operações de crimes de raptos" a partir do exterior.

"Esta senhora, com o seu filho e outros potenciais mandantes, tem o papel de identificar as vítimas, ordenar diversos pagamentos através de contas bancárias domiciliadas no território nacional para compra de viaturas, arrendamento de residências usadas como cativeiros, assim como pagamento a vários executores e outros autores dos raptos", declarou Lole.

O outro suspeito detido na mesma operação é apontado pelas autoridades como o responsável, em Maputo, pela operacionalização de transações bancárias, levantamento de cheques e pagamentos a outros envolvidos neste tipo de crime.

Durante a operação que culminou com as detenções, duas vítimas foram restituídas à liberdade e foram apreendidos diversos bens, incluindo uma viatura, acrescentou o porta-voz do Sernic.

Cerca de 150 empresários foram raptados em Moçambique nos últimos 12 anos e uma centena deixaram o país por receio, segundo números divulgados em julho pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), que defende que é tempo de o Governo dizer "basta".

A polícia moçambicana registou, até março deste ano, um total de 185 casos de raptos e pelo menos 288 pessoas foram detidas por suspeitas de envolvimento neste tipo de crime desde 2011, com a cidade de Maputo a apresentar maior incidência, indicam dados do ministro do Interior.

A onda de raptos em Moçambique tem afetado empresários e seus familiares, sobretudo pessoas de ascendência asiática, um grupo que domina o comércio nos centros urbanos das capitais provinciais no país.

A maioria dos raptos cometidos em Moçambique é preparada fora do país, sobretudo na África do Sul, disse, em abril, no parlamento, a procuradora-geral da República, Beatriz Buchili.

O Sernic confirmou à Lusa, em 06 de agosto, que há três mandados internacionais de captura para cidadãos que estão identificados e se encontram na África do Sul, tidos como "potenciais" mandantes de raptos, estando a trabalhar em coordenação com a Interpol para a sua detenção.

Tópicos
PUB