Dissidência de principal partido da oposição anuncia apoio a Mondlane  

por Lusa

O partido extraparlamentar Revolução Democrática (RD), fundado por dissentes da Renamo, principal partido da oposição em Moçambique, anunciou  hoje o apoio à candidatura de Venâncio Mondlane à Presidência.

"Suportar a candidatura de Venâncio Mondlane é dar resposta à visão política de Afonso Dhlakama e de André Matsangaissa [ambos falecidos líderes fundadores da Renamo]", declarou o presidente da RD, Vitano Singano, em conferência de imprensa em Maputo.

O RD torna-se, assim, o segundo partido extraparlamentar a manifestar apoio a Mondlane, após o Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), composto por dissidentes da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder, já o ter feito na quinta-feira.

"A mudança de governação na República de Moçambique é uma necessidade imperiosa para independência política e económica. É preciso resgatar um Estado que está em falência e endividado até ao pescoço", frisou Vitano Singano, manifestando a intenção de o seu partido se juntar à Coligação Aliança Democrática (CAD), que tentou apoiar Mondlane paras eleições de 09 de outubro, mas foi excluída por alegadas irregularidades.

A RD foi fundada em 2022 por dissidentes da Renamo liderados por Vitano Singano, antigo segurança de Dhlakama, histórico líder do principal partido de oposição que perdeu a vida em 2018, vítima de doença.

"Nas campanhas, Venâncio Mondlane não estará sozinho. Os mais de cinco mil antigos guerrilheiros da Renamo abrangidos pelo Desarmamento, Desmobilização e Reintegração [no âmbito dos acordos de paz com o Governo] estão inconformados com a fixação de uma pensão injustas e estarão com Mondlane", declarou Vitano Singano, acrescentando que o seu grupo não está conformado com a "qualidade da atual liderança na Renamo".

Para as eleições de 09 de outubro, o Conselho Constitucional (CC) excluiu, no início de agosto, em definitivo, a CAD, que apoiava a candidatura presidencial de Mondlane e que o incluía também como candidato a deputado nas legislativas.

Num acórdão, em resposta ao recurso apresentado pela própria CAD após a exclusão da candidatura decidida anteriormente pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), o CC, último órgão de justiça eleitoral, declarou nula a deliberação da CNE, de 09 de maio, que aceitava a inscrição da coligação, por irregularidades no processo de inscrição, considerando-a "como não inscrita".

Venâncio Mondlane, 50 anos, foi candidato pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) nas eleições municipais de 2023 à autarquia de Maputo, abandonou o partido em que militava desde 2018 - e o cargo de deputado para o qual tinha sido eleito -, depois de ter sido impedido de concorrer à liderança do maior partido da oposição no congresso realizado em maio.

Moçambique realiza em 09 de outubro as eleições gerais, incluindo presidenciais, legislativas, das assembleias provinciais e de governadores de província.

Além de Mondlane, nestas eleições concorrem à Ponta Vermelha (residência oficial do chefe de Estado em Moçambique) Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), Ossufo Momade, apoiado pela Renamo, e Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força parlamentar.

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