Discurso em Estrasburgo. Marcelo avisa que "Europa não pode perder tempo"

por Cristina Sambado, Carlos Santos Neves - RTP
“Portugal estava e estará sempre na primeira linha da defesa da Europa e da União Europeia” Julien Warnand - EPA

O presidente da República considera que a "Europa não pode perder tempo". No discurso desta quarta-feira perante o Parlamento Europeu, em Estrasburgo, Marcelo Rebelo de Sousa recordou a última vez que falou aos eurodeputados, há sete anos. E enumerou as alterações ocorridas desde então, como a pandemia, a saída do Reino Unido e a invasão russa da Ucrânia.

Marcelo reiterou, “em nome de Portugal, a total gratidão, abertura e solidariedade a uma união de Estados e de povos que nos faz mais livres, mais justos, mais democratas, mais realizados um a um e todos em conjunto do que se vivêssemos separados, distantes e solitários”.
Segundo o presidente da República, “Portugal estava e estará sempre na primeira linha da defesa da Europa e da União Europeia”.Antes do discurso, durante uma conferência de imprensa conjunta com a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou "não ter dúvidas" de que Portugal "é muito estável" politicamente, o que "não depende" do presidente ou do primeiro-ministro.

O terceiro destaque de Marcelo foi para recordar que “passaram sete anos desde que estive aqui, a 13 de abril de 2016, um mês e quatro dias depois da minha tomada de posse para o primeiro mandato”.

“Noutro tempo, noutro mundo, noutra Europa, acreditava-se ainda na ordem internacional, mesmo sem crise, na balança de poderes existente, mesmo sem mudança, na reforma das instituições universais, mesmo se adiada. Na segurança europeia herdada do século XX, mesmo se fragilizada. Na vitória da diplomacia sobre a guerra, mesmo se mais complexa. No avanço dos direitos humanos, mesmo se mais difícil, na primazia da globalização do multilateralismo, das causas comuns”, acrescentou.

O chefe de Estado enumerou, em seguida, as causas comuns, os “Direitos Humanos, clima, oceanos, migrações, refugiados, terrorismos, pobreza, desigualdade, poder da mulher, combate à pobreza infantil, rejuvenescimento dos sistemas políticos, económicos e sociais”.

“A União ainda era a 28, antes do referendo britânico, com outros líderes nacionais e europeus. E muitos pensavam poder ir adiando reformas, reaproximação dos europeus e alargamentos. Por algum tempo, sem saber bem quanto tempo”.A Presidência da República fez entretanto saber que Roberta Metsola vai estar na próxima reunião do Conselho de Estado, agendada para 16 de junho no Palácio de Belém. "A reunião abordará as perspetivas sobre a atualidade da Europa, a menos de um ano das eleições para o Parlamento Europeu", lê-se numa nota de Belém.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, “este tempo de adiamento terminou. E terminou abruptamente, com dois anos de pandemia e mais um ano de guerra”.

“Uma guerra ilegal, injusta e imoral. Erro chocante a Federação Russa à qual a União respondeu com princípios, firmeza, unidade, solidariedade, cooperação transatlântica e visão de futuro”, defendeu.

“Assim passou a correr uma legislatura deste parlamento, passou praticamente um ciclo europeu. Um ciclo vivido em emergência, com pandemia e suas fases, paragem económica e seus efeitos sociais. Guerra, crise na energia, inflação e culminativos outros efeitos económicos e sociais”, relembrou.
"Falta apenas um ano para as eleições europeias"

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “na emergência gere-se o dia a dia. Tem-se menos disponibilidade para ponderar as grandes questões que se colocam à União, aos europeus a todos nós. E falta apenas um ano para as eleições europeias”.

O presidente da República questionou ainda “as questões essenciais que temos e teremos de enfrentar nestes anos decisivos”.

Para de seguida enumerar que “a mais urgente garantir que da guerra que tem martirizado o povo ucraniano e atingido muitos mais povos, por todo o mundo em particular na Europa, possa sair uma paz legal, justa e moral. Respeitando o Direito Internacional e os Direitos Humanos e prevenindo novas guerras”.

Quanto ao papel a desempenhar pela União Europeia no pós-guerra, Marcelo defende que deve ser “o maior, o mais forte possível em unidade. Senão acabará por ser o menor, o mais fraco possível”.
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