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Guerra no Médio Oriente. A escalada do conflito ao minuto

Discurso de campanha. Joe Biden passa ao ataque a Trump após cimeira da NATO

por Graça Andrade Ramos - RTP

O presidente Joe Biden atacou diretamente o seu rival republicano na corrida à Casa Branca, aproveitando uma conferência de imprensa no final da cimeira da NATO para criticar o historial de Donald Trump para com a Aliança quando foi presidente.

"O meu antecessor deixou claro que não sente qualquer compromisso com a NATO e deixou claro que não sente qualquer obrigação de respeitar o artigo quinto", afirmou.

Trump, acrescentou, "já disse a Putin, e passo a citar, faz o que quiseres". O artigo 5º do Tratado de Washington que instituiu a Aliança de Defesa do Atlântico Norte especifica que um ataque a um membro é um ataque a todos.

Recordando no início do seu discurso, que "a NATO surgiu dos escombros da Segunda Guerra Mundial, a mais destrutiva da História", Joe Biden acrescentou que ela "está mais forte que nunca".

O líder norte-americano sublinhou mesmo que a NATO "não só está mais forte mas maior, porque trouxemos para o nosso grupo a Finlândia e a Suécia, o que faz uma grande diferença".

Joe Biden referiu ainda que vários líderes da Aliança lhe expressaram nesta cimeira reconhecimento pelo papel desempenhado pelos Estados Unidos no conflito na Ucrânia, durante a sua presidência.
Ataque a Donald Trump
Prosseguindo o ataque a Donald Trump, o presidente democrata denunciou uma proximidade do rival republicano ao presidente russo, Vladimir Putin.

"No dia seguinte após Putin invadir a Ucrânia, disse foi um golpe de génio, foi maravilhoso. Alguns de vós já se esqueceram disto mas foi o que ele disse", referiu Biden.

"Já eu, deixei claro que uma NATO forte é essencial para a segurança norte-americana e penso que as obrigações do Artigo 5º são sagradas", acrescentou.

"Recordo a todos os americanos, que o Artigo 5º só foi evocado uma única vez na longa história da NATO e foi para defender os Estados Unidos depois do ataque de 11 de setembro", lembrou igualmente o presidente norte-americano.

Joe Biden afirmou ainda que "vou deixar claro que não me vou curvar perante Putin e não abandonarei a Ucrânia, vamos manter a NATO forte, e foi exatamente isso que fizemos e aquilo que vamos continuar a fazer".
"O mundo em que vamos viver"
"Agora, o futuro da política americana está nas mãos do povo americano" e "isto é muito mais do que uma questão política, muito mais", defendeu o presidente dos EUA, acentuando a vertente nacionalista do discurso no âmbito da campanha para as eleições presidenciais de cinco de novembro próximo.

"É uma questão de segurança nacional", afirmou Biden, deixando um apelo. "Não reduzam isto às questões de campanha política, de que se fala tanto, é demasiado importante para isso. Tem a ver com o mundo em que vamos viver nas próximas décadas".

"Todos os americanos devem perguntar-se a si próprios, o mundo está mais seguro com a NATO? Sentem-se mais seguros? As vossas famílias estão mais seguras" questionou, afirmando em seguida a sua convicção de que a resposta dos norte-americanos é "sim".

"Acredito que o povo americano sabe que a América do Norte está mais forte por causa das nossas alianças", acrescentou, afirmando que, para si, tal como os seus antecessores Ronald Regan e Harry S.Truman, "o nosso país não pode afastar-se do mundo, tem de liderar o mundo."

"Somos uma nação indispensável, tal como disse Madeleine Albright", referiu, citando a ex-secretária de Estado dos Estados Unidos.
Discurso de campanha
Numa altura em que o seu desempenho está sob o foco nacional e mundial, Biden apresentou uma declaração inicial forte, antes de enfrentar as perguntas dos jornalistas, no que foi considerado um teste à sua aptidão para prosseguir com a sua candidatura presencial.

Consciente da audiência e da importância da imagem a projetar, transformando a ocasião num autêntico discurso de campanha, o presidente norte americano referiu-se também em tom elogioso ao seu legado na Economia do país, na imigração e na questão de Gaza.

Joe Biden citou um relatório com poucas horas, referindo que "mostra a descida da inflação e a queda dos preços abaixo dos últimos três anos".

"Desceram os preços de automóveis, de bens de supermercado e vamos continuar a reduzir a ganância das empresas e a reduzir ainda mais os preços", prometeu, voltando a atacar as propostas económicas de Trump.

Joe Biden defendeu ainda os esforços da sua Administração para garantir a segurança da fronteira sul dos Estados Unidos com o México e o controlo dos fluxos migratórios ilegais, garantindo que "estão a funcionar", apesar das tentativas republicanas, sob impulso de Trump, para boicotar o programa democrata.

"Houve um corte de 50 por cento nas travessias fronteiriças", reclamou Biden, sublinhando a parceria estabelecida com o governo mexicano quanto à migração. "Hoje em dia há menos travessias do que quando Trump deixou de ser presidente", sublinhou.

Em terceiro lugar, o presidente norte-americano referiu-se aos "esforços norte-americanos para conseguir um cessar-fogo em Gaza" e "garantir o regresso dos reféns" capturados pelo Hamas no ataque de 7 de outubro de 2023, a par de "garantir a segurança no Médio Oriente".

"Há seis semanas, apresentei um plano detalhado, aprovado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas e pelo G7, um quadro que foi agora aceite pelo Hamas", revelou, acrescentado ter enviado uma equipa à região "para ultimar os pormenores".

"Estamos a evoluir com uma tendência positiva", acrescentou.

Joe Biden terminou o seu discurso "como começou", com elogios à liderança mundial por parte dos Estados Unidos, e à importância das suas "parcerias".

"Este momento é importante e temos de estar à sua altura", defendeu.

Apesar do seu tom firme, o presidente não deverá ter conseguido recuperar a confiança das hostes democratas na sua candidatura, depois de, uma hora antes do discurso ter chamado "presidente Putin" ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Já depois, durante as questões dos jornalistas, nova gaffe. Joe Biden referiu-se ao 'vice-presidente Trump' quando analisava a capacidade presidenciável da sua vice, Kamala Harris.
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