Digit. Amazon garante que novo robot humanoide não substituirá trabalhadores

por Joana Raposo Santos - RTP
Para além dos Digit, a Amazon anunciou a implementação de outros robots, os Sequoia, cujo objetivo é acelerar o processo de entregas. Pascal Rossignol - Reuters

A gigante do comércio online Amazon está a realizar testes com robots humanoides numa tentativa de automatizar as operações nos seus armazéns. A empresa garante, porém, que os funcionários continuarão a ser "insubstituíveis". Só este ano, a Amazon levou a cabo duas ondas de despedimentos em massa.

Digit. É este o nome do robot de duas pernas capaz de agarrar e levantar objetos que começou a ser testado em armazéns da Amazon esta semana. Para já, a tarefa deste dispositivo é relativamente simples: mudar de lugar caixas de plástico vazias.

O Digit, de 1,75 metros e 65 quilos, consegue andar para a frente, para trás e para os lados, conseguindo também agachar-se. A nível de força, tem a capacidade de levantar e transportar objetos até 16 quilos.

Os esforços da Amazon para integrar robots nas suas operações poderão causar preocupações entre os mais de 1,5 milhões de funcionários da empresa e cujas funções deverão ser alteradas.Os robots Digit não são totalmente novos à indústria. A fabricante de automóveis Ford foi foi a primeira empresa a adquirir estes equipamentos.

O chefe de tecnologia da Amazon Robotics, empresa que fabrica estes robots, já garantiu que a provável extinção de postos de trabalho não será um problema, já que serão criados novos cargos.

“Queremos eliminar todas as tarefas menores, mundanas e repetitivas”, explicou Tye Brady aos jornalistas num evento da Amazon em Seattle, nos Estados Unidos.

O responsável vincou que os trabalhadores humanos da gigante tecnológica são “insubstituíveis” e disse não acreditar que algum dia a empresa venha a ter um armazém totalmente automatizado.

“Não há nenhuma parte de mim que acredite que alguma vez essa venha a ser a realidade”, assegurou. “As pessoas são essenciais para o processo de concretização, já que têm a capacidade de pensar a níveis desenvolvidos e de diagnosticar problemas”.

Vamos sempre precisar de pessoas. Nunca estive num ambiente com um sistema automatizado que funcionasse 100 por cento do tempo”, acrescentou.
“Estamos a criar carreiras distintas”
Para já, os planos da Amazon são colocar o Digit “em espaços e cantos dos armazéns”.

“O nosso uso inicial desta tecnologia será ajudar os funcionários com a reutilização de caixas de plástico, um processo altamente repetitivo que implica mover caixas vazias quando os artigos são retirados de dentro das mesmas”, explica a empresa no seu site.

A Amazon lembra ainda que, na última década, desenvolveu “centenas de milhares de sistemas robóticos, ao mesmo tempo que criou centenas de milhares de novos empregos”.

“Isto inclui 700 novas categorias de empregos em funções qualificadas”, frisou. “Ao equipar os nossos funcionários com novas tecnologias e ao treiná-los a desenvolver novas capacidades, estamos a criar carreiras distintas, assim como novas e entusiasmantes formas de as pessoas contribuírem”.
Amazon já despediu 27.000 pessoas este ano
Para além dos Digit, a Amazon anunciou a implementação de outros robots, os Sequoia, cujo objetivo é acelerar o processo de entregas.

Estes dispositivos deverão permitir identificar e guardar artigos 75 por cento mais rápido, ao mesmo tempo que conseguirão reduzir o tempo de processamento de encomendas em até 25 por cento.

Em março, a Amazon anunciou o corte de 9.000 postos de trabalho adicionais, além dos 18.000 que tinha anunciado em janeiro, justificando as decisões com a redução de custos.

Esse total de 27.000 despedimentos representava cerca de 1,7 por cento dos trabalhadores da Amazon, que contava 1,54 milhões de empregados em todo o mundo no final de 2022.
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