Diana de Gales, cinco momentos, uma vida

por Graça Andrade Ramos - RTP
Diana Spencer, Princesa de Gales, morreu em Paris há 20 anos Christian Hartmann - Reuters

Passaram vinte anos, mas o mundo não esqueceu. Os portões e as grades que protegem o Palácio de Kensington, onde viveu Diana Spencer, Princesa de Gales, estão cheios de flores, de mensagens e de fotografias daquela que ficou conhecida como a "Princesa do Povo".




Estão previstas homenagens e todos os olhos estão postos nos filhos Guilherme e Henrique (Harry) e na nora, Katherine.

Os três visitaram esta manhã os Jardins Brancos, uma parte dos jardins históricos do Palácio de Kensington transformada durante a primavera e verão deste ano num mar de flores brancas, em sua memória.

Foto: Reuters

Foto: Reuters

Gulherme e Harry visitaram depois o memorial de flores e mensagens depositadas por centenas de pessoas junto aos portões do palácio.

O mito permanece em torno de uma mulher que, acima de tudo, fascinou e manipulou multidões, com o seu sorriso aberto e olhar inocente e meigo, acima de um corpo de supermodelo sempre vestido de forma impecável. Junto dela, a figura alta, formal e distante do marido, o Principe Carlos, desaparecia.

Desde o seu casamento, Diana Spencer, Princesa de Gales, privou com grande figuras mundiais e tornou-se ela própria um ícone para várias gerações. Com Mário Soares ou João Paulo II, descontraída junto dos filhos ou em busca de papparazzi, esta é uma coleção de instantes que retratam a sua vida nos 20 anos da sua morte.


A família real britânica deve a Diana um novo sopro de vida e de popularidade. Para onde fosse, a princesa centrava todos os olhares, roubando protagonismo até à Rainha Isabel. Com ela na linha da frente e adorada por milhões de súbditos, reais e republicanos, nenhum inimigo da monarquia ousava protestar formal e energicamente contra os gastos ou extravagâncias da família Windsor. Se alguém o fazia, ninguém ouvia.
Cinco momentos
Dos milhões de fotografias tiradas a Diana e publicadas em revistas e jornais do mundo inteiro, ficam para a história cinco momentos icónicos.

O primeiro, o do beijo ao Príncipe Carlos após o casamento, em 29 de julho de 1981, no balcão do palácio de Buckhingham frente a uma incontável multidão delirante e captado para 2,5 milhões de telespectadores testemunharem ao vivo. Ficaria simplestemente conhecido como 'The Kiss'.



O gesto tornou-se a partir daí obrigatório para os novos casais reais. Diana, de apenas 20 anos, surgiu como uma jovem ingénua e deslumbrada, encantadora na sua atrapalhação misturada com felicidade por vir a ser mãe dos herdeiros da coroa.

Dez anos depois, a 23 de outubro de 1991, o abraço que rompeu todos os protocolos, o de uma mãe cheia de saudades dos filhos, a bordo do iate real Britannia, depois de uma viagem oficial.



Diana, que sempre adorou crianças e que se envolvia diretamente na educação dos filhos, já então vivia momentos conturbados no seu casamento, longe ainda das vistas públicas. Não via os seus 'dois rapazes', Guilherme e Henrique (Harry) há algumas semanas e as saudades romperam num gesto impulsivo, espontâneo e autêntico, que ecoou nos corações do mundo inteiro. Soube-se depois que o príncipe Carlos, um modelo da sobriedade real britânica, tinha cumprimentado os filhos com entusiasmo, longe dos olhares públicos. Mas era Diana quem voltava a marcar o momento.

Poucos meses depois, a 11 de fevereiro de 1992, durante uma visita à Índia, a confirmação de que o casamento dos Príncipes de Gales era pouco mais do que uma fachada.



Na cidade de Agra, a princesa sentou-se sozinha num banco, com o Taj Mahal, o monumento indiano ao amor, como pano de fundo. Ficaria para sempre como a imagem da mulher perfeita, com tudo para ser feliz, mas contudo triste e sozinha por ser rejeitada pelo marido.

O divórcio seria em 1996 depois de lavada muita roupa suja, e revelações que incluiam os casos extraconjugais de Diana e a revelação da relação paralela que Carlos mantinha desde antes do seu casamento, com Camila Parker Bowles. Diana aproveitava a sua influência juntos dos media para virar a seu favor a opinião pública. Era o seu maior trunfo contra a Casa Real Britânica.

Um ano depois do divórcio, em Angola, Diana, ainda princesa mas já não Alteza Real, é fotografada com crianças, durante uma campanha contra as minas terrestes. Dada a causas filantrópicas, a princesa envolveu-se a fundo com duas campanhas caras ao seu coração, a luta contra o SIDA, então um flagelo mundial, e contra as minas terrestres, que todos os anos matavam ou mutilavam milhões de pessoas e que ela muito contribuiu para banir. 



A fotografia mostra uma Diana desenvolta e totalmente focada na conversa com um jovem rapaz, enquanto segura ao colo uma rapariga sem uma perna. Em 16 anos, a jovem tímida e deslumbrada assumiu vida própria e está longe de ser uma marioneta da monarquia britânica. Ninguém imagina que daí a meses a princesa passaria a ser uma memória.

Curiosamente, uma das últimas imagens em vida da princesa mais fotografada do mundo foi retirada do vídeo de uma câmara de segurança.



Diana está em Paris, a entrar no Hotel Ritz, onde vai jantar com o namorado, o milionário Dodi al Fayed, dia 30 de agosto de 1997. Iria falar ainda com Guilherme e Harry, uma conversa cuja brevidade os 'rapazes' mais tarde lamentarão. Horas depois, Diana será vítima de um aparatoso acidente de carro, ao lado de Dodi, aquele que muitos consideram o grande amor da sua vida depois dos filhos.



A notícia da morte correu o mundo em segundos. Os boatos do envolvimento da família real e dos serviços secretos britânicos num acidente que não teria afinal nada de acidental, não tardaram. Os papparazzi, que sempre rodeavam a princesa, acabaram por ser apontados como os principais culpados, até pela forma como preferiram fotografar Diana moribunda em vez de tentar socorre-la.

Junto aos portões do Palácio de Kesington um mar de flores testemunhou o adeus do povo à sua Princesa. Então, como hoje.
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