Em direto
Guerra no Médio Oriente. A escalada do conflito ao minuto

Dia Internacional dos Migrantes. Migração africana menos numerosa do que migração europeia

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Borja Suarez - Reuters

Numa altura em que alguns países europeus se fecham cada vez mais à imigração, através do recurso a "pushbacks", transferências forçadas e edificação de muros, os números mostram que, apesar do aumento de 30 por cento da migração africana na última década e das narrativas anti-imigração utilizadas por alguns líderes políticos europeus, há atualmente menos migrantes africanos do que europeus no mundo. Assinala-se esta segunda-feira o Dia Internacional dos Migrantes.

O Dia Internacional dos Migrantes foi instituído pelas Nações Unidas em 2020 para “reconhecer e celebrar as contribuições de milhões de migrantes em todo o mundo”. Atualmente são mais de 280 milhões as pessoas que vivem num país diferente do seu país de origem, o que representa menos de quatro por cento da população mundial, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM). A percentagem tem-se mantido estável desde a década de 1960. 

Apesar do aumento de 30 por cento da migração africana desde 2010, apenas 40 milhões de migrantes são africanos, uma percentagem inferior ao número de migrantes europeus espalhados pelo mundo em termos absolutos e considerando o seu  demográfico, explica Flore Gubert, diretora de investigação do Institut de Recherche pour le Développement à Rádio França Internacional (RFI). "África representa 16 por cento da população mundial, mas 14 por cento dos migrantes. Se considerarmos a Europa, esta representa dez por cento da população mundial, mas é quase 24 por cento da migração internacional", sublinhou Flore Gubert.

Apesar da ideia regularmente veículada de que os migrantes africanos pretendem todos chegar à Europa, a maior parte dos africanos migram sobretudo para outros países africanos vizinhos.

“Se pegarmos em 100 africanos que deixam o seu país a partir da África Ocidental, 70 deles ficarão em África"
, salientou Flore Gubert, sobretudo em outros países da África Ocidental. “E destes 70 a grande maioria escolherá um país da sub-região. Destes, 15 irão para a Europa e seis para a América do Norte”, acrescentou.

Quando se celebra, pelo terceiro ano consecutivo, o Dia Internacional dos Migrantes, a OIM destaca o efeito positivo da migração para o país de acolhimento, que colmata as carências de mão-de-obra, como para o país de origem, que beneficia com as remessas enviadas pelos emigrantes. “As pessoas que se deslocam são poderosos motores de desenvolvimento, tanto nos seus países de origem como nos países de destino”, destaca a OIM em comunicado divulgado esta segunda-feira.


Apesar da posição defendida pela Organização das Nações Unidas para as Migrações, com sede em Genebra, de que “a mobilidade (se for bem gerida) pode ser uma pedra angular do desenvolvimento sustentável, da prosperidade e do progresso”, vários têm sido os países europeus a adotarem políticas anti-migratórias mais conservadoras e a reforçarem as suas fronteiras, nomeadamente o Reino Unido de Rishi Sunak e Itália de Giorgia Meloni.

Depois de os líderes europeus terem assinado uma carta conjunta, no passado mês de outubro, apelando aos líderes da União Europeia para que fossem tomadas medidas mais firmes contra a imigração ilegal, Sunak e Meloni reuniram-se este fim-de-semana na capital italiana onde prometeram enfrentar em conjunto o problema."Se não resolvermos o problema, o número de pessoas só irá aumentar e os nossos países e a nossa capacidade de ajudar os mais necessitados ficarão sobrecarregados", declarou o primeiro-ministro britânico, conta o The Guardian.

Num comício político organizado pelo partido de extrema-direita, Fratelli d'Italia, da primeira-ministra Giorgia Melloni, o líder conservador do executivo britânico apelou a maior esforço para dissuadir os potenciais imigrantes que querem chegar à Europa.

"Para que esta dissuasão seja credível, teremos de atuar de forma diferente, romper com o consenso. A Giorgia e eu estamos prontos para o fazer", declarou no sábado à noite.

PUB