Após os anúncios que foram caíndo a conta-gotas desde a sua chegada à Casa Branca, Donald Trump revela agora os pormenores do seu plano económico que farão, nas suas palavras, "a indústria americana renascer das cinzas".
“Os nossos amigos são os nossos piores inimigos”
O presidente dos EUA começou por anunciar que vai assinar dentro de momentos uma ordem executiva que impõe “tarifas aduaneiras recíprocas” em todo o mundo, de pelo menos de 10 por cento que poderão chegar aos 49 por cento, e que entrarão em vigor a 5 e 9 de abril. E prosseguiu com o anúncio de uma tarifa de 25 por cento sobre todas as
importações de automóveis estrangeiros a partir da meia-noite.
O chefe da maior potência mundial económica acusou os seus parceiros comerciais de "serem os seus piores inimigos" e especificou que os países pagarão em troca "apenas metade dos direitos aduaneiros" que aplicam aos EUA. "Vamos ser simpáticos porque só vamos cobrar metade dos direitos aduaneiros que eles nos cobram”, afirmou.
Num discurso a partir da Casa Branca, Donald Trump afirmou que os EUA
iriam impor "tarifas de 20 por cento" aos produtos importados dos países da UE. "A União Europeia obriga-nos a pagar 39%, nós vamos obrigá-los a pagar 20%”, declarou, considerando que "não há razão para ficarem zangados".
Além da União Europeia, Trump anunciou com a ajuda de um cartaz a aplicação de direitos
aduaneiros de 31 por cento sobre os produtos suíços, 34 por cento sobre
os produtos chineses e 46 por cento sobre os produtos vietnamitas.
Comunidade internacional apela a negociações
Os anúncios de Donald Trump suscitaram de imediato a reação de alguns líderes políticos mundiais que criticaram as novas tarifas e apelaram ao diálogo.
É o caso da primeira-ministra italiana, Giogia Meloni, que em comunicado considerou a medida uma "má decisão" e defendeu um acordo para evitar uma guerra comercial que enfraqueceria o Ocidente.
Já o Reino Unido, que foi relativamente poupado por Donald Trump com tarifas de 10 por cento, defendeu um acordo com os EUA para "mitigar" o impacto das tarifas e excluiu uma retaliação comercial imediata.
“Como os Estados Unidos são o nosso aliado mais próximo, a nossa
abordagem é mantermo-nos calmos e empenhados em chegar a este acordo que
esperamos que mitigue o impacto do que foi anunciado hoje”, disse o ministro britânico do Comércio, Jonathan Reynolds.
Por último, o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, classificou as tarifas de 10 por cento como "totalmente injustificadas" e alertou para os impactos das mesmas na relação da Austrália com os EUA.
Apesar de o presidente dos EUA ter considerado este dia como "um dos dias mais importantes da história americana", vários
analistas alertaram na véspera do anúncio não só para o impacto das
tarifas nos países visados pelas tarifas como para os próprios EUA.
Os consumidores americanos enfrentam o risco de uma subida dos preços e
da inflação, de uma penalização das empresas americanas e a supressão de
milhares de postos de trabalho.